Topo

Saída de Rede

Superioridade dos times mineiros marca primeiro turno da Superliga feminina

Janaína Faustino

17/01/2019 06h00

Ao lado de seu arquirrival estadual, o Dentil Praia Clube aparece como o grande candidato ao título da Superliga (Foto: Gisa Alves)

Dentil/Praia Clube, 30 pontos. Minas Tênis Clube, 29. Na sequência, um vazio que só encontra o terceiro colocado Hinode Barueri distante, com 22 pontos. Justificando em quadra o investimento pesado feito na última janela do mercado, os dois representantes mineiros da Superliga feminina de vôlei mostraram no primeiro turno da principal competição de clubes do país que são os grandes favoritos ao título da edição 2018/2019.

O que, claro, não quer dizer que os integrantes da final estejam praticamente assegurados, como acontecia no auge da rivalidade Osasco x Rio de Janeiro. O jogo de encerramento da primeira metade da fase classificatória, onde o Barueri, de José Roberto Guimarães, acabou com a invencibilidade das comandadas de Stefano Lavarini com um 3 a 2 disputado na noite desta terça (15) é a prova disso. As dificuldades impostas pelo Sesc-RJ na derrota por 3 a 1 para a equipe de Uberlândia na sexta (11) é outra amostra de que os mineiros não podem bobear caso queiram protagonizar uma decisão "caseira".

Tandara brinca ao falar sobre destino após temporada na China: "Férias"

Imprensa europeia especula Tandara entre os reforços do Conegliano

Atual campeão brasileiro e com apenas uma derrota em 11 jogos (perdeu justamente para o Minas), o Praia se aproveitou da manutenção de sua espinha dorsal formada pela oposta norte-americana Nicole Fawcett e pela ponta Fernanda Garay, que aparecem nas estatísticas como a quarta e a quinta maiores pontuadoras, com 162 e 157 pontos respectivamente. E ainda há espaço para melhora, já que a central Fabiana ainda se recupera de uma lesão no joelho e a levantadora norte-americana Carli Lloyd tem apresentado dificuldades no entrosamento, especialmente nas bolas rápidas com as centrais. Caso o técnico Paulo Coco consiga trabalhar bem este aspecto, aumentando a força do ataque, a tendência do time é chegar longe mais uma vez.

Também com 10 vitórias no torneio, o Minas se destacou no aspecto tático, fruto do trabalho do técnico italiano Stefano Lavarini, que faz sua segunda temporada em Belo Horizonte. Tendo as ponteiras Gabi e Natália como peças-chave no elenco, a equipe já colheu um surpreendente resultado alcançando a prata no Mundial de clubes, com direito à vitória sobre o poderoso e (e rico) Eczacibasi na semifinal. O Minas ainda conta com o poderio ofensivo da oposta Bruna Honório e, principalmente, da meio-de-rede Carol Gattaz, dona do segundo melhor aproveitamento de ataque na competição (com 65% de eficiência), além da habilidosa levantadora Macris.

Equipe do Minas poderá crescer ainda mais na competição se puder contar com a ponteira Natália em plenas condições físicas (Foto: Orlando Bento/Minas Tênis Clube)

O sinal amarelo, porém, acende com os problemas físicos de Natália, que vem sendo poupada nas últimas rodadas, expondo a fragilidade do banco de reservas azul. É perceptível que a maioria das suplentes não está no mesmo nível técnico das titulares, o que poderá fazer alguma diferença lá na frente, no momento em que Lavarini precisar efetuar substituições que mudem o rumo de confrontos decisivos do returno e dos playoffs.

Correndo por fora e em outro patamar da competição, aparece o já mencionado Barueri. Em ascensão, a equipe da Grande São Paulo não está no mesmo nível dos mineiros, mas pode complicar a vida dos favoritos – assim como fez com o próprio Minas – e tem na oposta Katarzyna Skowronska a sua principal arma ofensiva. A polonesa é a maior pontuadora desta edição da Superliga, com 241 acertos (somente no duelo contra o time de Belo Horizonte, a atacante colocou 23 bolas no chão, fez 2 pontos de bloqueio e 1 de saque).

Skowronska (camisa 17) poderá ficar sobrecarregada no ataque de Barueri (Foto: Divulgação/ Hinode Barueri)

No entanto, apesar das atuações também consistentes das centrais Milka e Thaísa – que vem subindo de produção após seu retorno efetivo às quadras – nesta primeira fase, falta à experiente Dani Lins e à ótima reserva Juma opções seguras de ataque pela entrada de rede. A experimentada Amanda, por exemplo, não é uma derrubadora de bolas e ainda peca na recepção. Este quadro pode acabar sobrecarregando Skowronska em duelos decisivos do torneio.

Quarto colocado com 21 pontos, o Sesi Bauru começou a temporada de forma arrasadora, derrotando o tradicional Osasco Audax na final do Campeonato Paulista. Contratou a oposta italiana Valentina Diouf – terceira maior pontuadora da competição, com 146 acertos – para formar com Tiffany, improvisada na ponta, um ataque poderoso pelas extremidades. Assim, a equipe do técnico Anderson Rodrigues tem potencial para beliscar um lugar no pódio. Precisa, porém, de mais regularidade, como mostram as derrotas para o próprio Osasco e para o Sesc, equipes que estão fazendo campanhas bem abaixo do esperado. A instabilidade tanto no passe quanto na virada de bola é outro problema. Destaque individual da última Superliga, Tiffany já está mais estudada pelos rivais e precisa variar mais seus golpes, deixando de apostar apenas na força.

Promessa de equilíbrio marca a 25a edição da Superliga feminina

Maiores protagonistas da história do torneio, Sesc e Osasco estão, nesta temporada, abaixo do que a tradição manda. Economicamente bastante enfraquecidos em função da perda de seus patrocinadores e sem o mesmo brilho de outrora, as equipes de Bernardinho e Luizomar de Moura ocupam respectivamente a quinta e sexta colocações e precisarão crescer bem mais na competição se quiserem voltarem à final. O time carioca acumula 4 revezes e o conjunto osasquense perdeu 5 jogos em 11 partidas, incluindo derrotas em sets diretos para o próprio Sesc, o Minas e o Praia.

Bem abaixo nesta temporada, Osasco Audax luta para se manter competitivo (Foto: Divulgação/Osasco)

Sem dúvida, o que se viu no primeiro turno foram dois times de camisa pesada lutando contra problemas físicos e técnicos com o objetivo de se manterem competitivos. As duas equipes enfrentam graves problemas na recepção que vêm minando a confiança das atletas. Das contratações estrangeiras para a temporada, Tatiana Kosheleva tem se sobressaído mais na entrada de rede carioca do que Destinee Hooker pela saída em Osasco. O returno será fundamental para percepção do crescimento, mas a perspectiva de momento é que ambos parecem não ter fôlego para brigar pelo título. Nunca, porém, duvide da capacidade estratégica de Bernardinho nos mata-matas, assim como do peso da camisa das paulistas, capaz de se transformar em uma força coletiva apoiada por sua fanática torcida.

Fechando a lista de classificados para a disputa da Copa Brasil, Fluminense e Curitiba Vôlei estão na sétima e oitava posições. O Tricolor carioca, que soma 6 revezes na competição, já mostrou ser uma equipe capaz de dar trabalho aos times de maior investimento – no próprio jogo contra o Minas, as comandadas de Hylmer Dias tiveram a chance de levar a partida para o tie-break, mas faltou personalidade e poder de decisão nos momentos determinantes. O Fluminense carece de regularidade e estabilidade tanto na virada de bola quanto no passe, e os "apagões" têm atrapalhado a equipe de bom nível técnico que ainda contratou a ponteira Pri Daroit e a oposta Joycinha para esta temporada. Isto deverá ser corrigido para o decorrer do campeonato.

As quedas de rendimento durante as partidas têm prejudicado o Fluminense (Foto: Divulgação/Fluminense)

A despeito do mesmo número de derrotas do Fluminense, o Curitiba, estreante na elite do vôlei nacional, surpreendeu no início do campeonato pela boa campanha. O time do técnico Clésio Prado chegou a estar na terceira posição da tabela, vendendo caro, por exemplo, a derrota para o Praia Clube por 3 sets a 2. Por outro lado, a equipe acabou perdendo pontos diante de rivais diretos na tabela, como o Osasco Audax. Contudo, se conseguir manter a competitividade no returno, poderá alcançar seu objetivo de chegar aos playoffs, um resultado e tanto para um estreante.

COPA BRASIL

Conforme apontado, com o fim do primeiro turno da Superliga feminina, foram definidos os 8 primeiros colocados que disputarão, a partir de 22 de janeiro, a Copa Brasil. O atual campeão da competição é o Osasco Audax.

Os confrontos serão Dentil Praia Clube (MG) x Curitiba Vôlei (PR), Minas Tênis Clube (MG) x Fluminense (RJ), Hinode Barueri x Osasco Audax (SP) e Sesi Bauru (SP) x Sesc RJ.

A fase final que será disputada em Gramado, no Rio Grande do Sul, nos dias 1 e 2 de fevereiro.

Confira a tabela:

Dentil Praia Clube x Curitiba Vôlei, às 19h30, no ginásio do Praia Clube, em Uberlândia (MG)

Minas x Fluminense, às 20h, na Arena Minas, em Belo Horizonte (MG)

Barueri x Osasco, às 19h30, no José Correa, em Barueri (SP)

Sesi Bauru x Sesc RJ, às 19h30, no Ginásio Neusa Galetti, em Marília (SP)

*Colaborou Carolina Canossa

Curta o Saída de Rede no Facebook!

Siga-nos no Twitter: @saidaderede

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

Blog Saída de Rede