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Gabi compara Lavarini a Bernardo e Zé Roberto: "Vai conquistar muita coisa"

Carolina Canossa

05/02/2019 06h00

Gabi e Lavarini já conquistaram dois títulos, além da prata no Mundial de clubes, desde que começaram a trabalhar juntos (Foto: Montagem sobre imagem de Nadi Neeyes Fotografia e Rodrigo Ziebell/CBV)

Estudioso, inteligente e com "um português melhor que o nosso". Esses são alguns dos adjetivos usados pela ponteira Gabi ao se referir a Stefano Lavarini, italiano que desde que chegou ao Itambé/Minas, elevou o patamar da tradicional equipe de Belo Horizonte. Admiradora confessa do treinador, a jogadora da seleção brasileira o compara aos dois mais badalados técnicos de vôlei do Brasil, Bernardinho e José Roberto Guimarães.

"Na minha opinião, ele está com o Zé e o Bernardo. Vai conquistar muita coisa ainda e surpreender muita gente no cenário internacional", comentou a jogadora, em entrevista exclusiva ao Saída de Rede. Desde que começaram a trabalhar juntos, na atual temporada, os dois já conquistaram o Campeonato Mineiro e a Copa Brasil, além da prata no Mundial de clubes. "Ele dá essa abertura de conversa, lembra o Bernardo nessa questão de estudar e montar os planos táticos para os jogos e treinos muito bons. Montamos uma parceira grande, uma troca legal e isso é um diferencial", complementou.

Os elogios a Lavarini, que tentará classificar a Coreia do Sul à Olimpíada de Tóquio em agosto, vêm depois de um período de preocupação para Gabi, que está de volta ao Minas depois de seis anos defendo a equipe do Sesc-RJ.

"Não tem como mentir: no começo, eu fiquei apreensiva com essa questão da mudança, muito pelo Bernardo, que é um dos melhores técnicos do mundo e uma pessoa fantástica. Mas assim que eu cheguei no Minas me surpreendi positivamente com o Stefano, que é estudioso, inteligente e até fala um português melhor que o nosso (risos)", brincou.

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O treinador obviamente não é o único motivo para o sucesso da equipe de Belo Horizonte nesta temporada. De acordo com Gabi, o bom clima entre as jogadoras também contribui muito para o resultado positivo.

"Tem sido uma temporada muito desgastante. Eu e a Natália chegamos da seleção sem muito tempo de folga e já éramos pra estar em um estado mais de "saco cheio". Só que pelo contrário: todo mundo aqui está sempre brincando, se divertindo e compreendendo muito uma a outra. A comissão técnica também tem conseguido entender o que precisa ser feito no caso de cada uma, se tem que dar uma pausa ou não, etc", destacou.

O grande desafio agora é lidar com o favoritismo que as medalhas trazem para o Minas nesta metade final da temporada. A ponteira, porém, garante que ela e suas companheiras de equipe já estão atentas para não cair em nenhuma armadilha.

"Está todo mundo com os pés no chão. Apesar dos bons resultados, a gente sabe que vem vivendo altos e baixos em alguns jogos, sem conseguir manter o nosso ritmo. Quando os playoffs (da Superliga) começarem, é outro campeonato", analisou a ponteira. Para ela, o Dentil/Praia Clube, que também investiu alto nos últimos meses, ainda tem muito a evoluir. "Principalmente no entrosamento da Carli Lloyd (levantadora) com as demais meninas", apontou.

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Gabi fez ainda uma análise do 2018 da seleção brasileira, marcado por resultados abaixo do esperado, inclusive no Campeonato Mundial – desde que Zé Roberto Guimarães assumiu o comando do grupo, em 2003, este foi o primeiro ano em que o Brasil não subiu ao pódio em nenhum dos torneios que disputou.

Na visão dela, os problemas físicos foram um fator fundamental para que os resultados ficassem aquém do esperado – a própria atleta teve que lutar contra o tempo no primeiro semestre de 2018 por conta da recuperação de uma cirurgia no tendão patelar do joelho direito.

"Não gosto de ficar me apoiando muito nestas questões, mas ficou um pouco nítido: jogamos um Mundial onde a equipe titular mal havia atuado junta até então. Mas, a despeito disso, sabemos que vamos ter que trabalhar muito agora, pois essa nova geração de jogadoras de Sérvia, Itália e China, como a Boskovic, a Egonu e a Zhu vêm muito forte", reconheceu.

Para 2019, ano marcado pelo primeiro Pré-Olímpico, ela afirma que o grupo será guiado por duas palavras: trabalho e comprometimento.

"O mais importante é ter a noção de que vamos ter dificuldades na transição de uma geração para a outra durante este ciclo de Tóquio 2020. A preocupação maior é se cuidar durante a Superliga, onde sabemos que o nível é diferente do parâmetro internacional, para chegar nas melhores condições à seleção. E vai muito também do trabalho do Zé Roberto, pois teremos Liga das Nações em cima (do Pré-Olímpico). Todo mundo ali tem um sonho a se realizar, mas vejo as meninas com muita sede de buscar os objetivos. Tem tudo para ser um 2019 com resultados diferentes", assegurou.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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