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Sensação com o Sesc, Giovane encara Copa Brasil com cautela: "Passo grande"

Carolina Canossa

25/01/2018 06h00

Campeão da Superliga em 2010/2011 com o Sesi, Giovane agora lidera projeto do Sesc-RJ (Foto: Divulgação/Sesc)

Giovane Gávio sempre fez questão de ressaltar que  o Sesc-RJ não era, em sua temporada de estreia na elite do voleibol brasileiro, favorito ao título da Superliga. Em que pese o bom elenco montado, com jogadores repatriados e/ou com presença constante na seleção brasileira, o técnico insiste em jogar a pressão para rivais como o Sada Cruzeiro, a EMS Taubaté Funvic e o Sesi.

Nem mesmo o aparecimento de bons resultados, como as vitórias recentes sobre o Taubaté e Sada, foram capazes de mudar o discurso do treinador. Cabe ao leitor julgar se a humildade do discurso é verdadeira ou não, mas o fato é que Giovane diz considerar até mesmo a Copa Brasil "muito" para este primeiro ano de projeto entre a nata do vôlei nacional – o torneio, que envolve os melhores times do turno inicial da Superliga, terá suas semifinais disputadas nesta quinta (25), com o Sesc-RJ encarando o Cruzeiro às 19 horas (horário de Brasília) e com Sesi e Taubaté decidindo, a partir das 21 horas, a segunda vaga na decisão de sábado (27). Ambos os jogos serão no ginásio da Vila Leopoldina, casa do Sesi, em São Paulo (SP).

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"(A Copa Brasil) É um passo grande para as nossas pernas, mas a gente entra sempre para ganhar, para fazer o nosso melhor", afirmou o ex-jogador, em entrevista exclusiva ao Saída de Rede. "Para o projeto, começar ganhando seria sensacional. Mas, se fizermos uma reflexão bastante fria, o Sada não jogou tudo o que pode jogar nesta última partida contra a gente. Sem dúvida, eles ainda têm muito a crescer, assim como Taubaté. Não me desfazendo do jovem líbero anterior, o Pureza, mas a chegada do Murilo também fez o Sesi virar outro time. Ele tem uma experiência enorme e acalma a equipe, principalmente os jogadores mais jovens, como o Douglas e o Alan. Ele segura os caras no momento difícil", analisou.

Apesar de não gostar do uso da palavra "surpresa" para se referir à boa campanha apresentada pelo Sesc-RJ até o momento ("Seria desmerecer a qualidade desses jogadores"), o treinador atribui a excelente fase ao bom clima entre seus atletas e ao jogo veloz liderado pelo levantador Thiaguinho.

"Eles gostam de fazer o que fazem, não é só porque ganham dinheiro. O astral do time está tranquilo, sem dúvida estão contentes. Somos um projeto que procurou construir um time com uma característica de jogar mais rápido e isso está dando certo. Os resultados são um reflexo do entrosamento do Thiaguinho com os demais jogadores", afirmou Giovane, que ainda vê margem de melhora. "A arma onde também podemos crescer é conseguir desenvolver esse jogo um pouco mais rápido para trás também", afirmou.

Uma vitória para cada lado por 3 a 2: equilíbrio tem marcado jogos entre Sesc e Sada nesta temporada (Foto: Caio Rocha/Sesc)

A negação ao favoritismo também apareceu na boca de Thiaguinho quando ele foi questionado sobre o assunto. "Não somos os favoritos, mas estamos fazendo um trabalho que faz jus à nossa colocação (segundo lugar na Superliga, apenas um ponto atrás do Sada). Méritos de toda a comissão técnica que, mesmo no primeiro ano, conseguiu juntar uma equipe de qualidade", apontou.

O ponteiro João Rafael, que com dores no ombro direito é dúvida para a semifinal da Copa Brasil, é um dos poucos a discordar. "Sempre acreditei na força do time. Quando eu fechei contrato aqui, vi os outros jogadores e já sabia que seria uma equipe muito forte, para brigar pelo título. Em um momento algum duvidei do nosso potencial, de onde a gente iria chegar", garantiu.

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Discurso não convence o Sada

Como era de se esperar, os jogadores do Sada não acataram as declarações "anti favoritismo" de Giovane. Questionado se concorda que o time mineiro não jogou tudo o que podia na derrota contra o Sesc, o líbero Serginho respondeu que "em termos".

"A gente pensa que é um pouco de papo humilde do Giovane porque ele ganhou a partida, mas, olhando os números, vimos que podemos render mais. Estamos oscilando em alguns momentos decisivos de jogos equilibrados contra times tão bons quanto o nosso e não podemos fazer isso se estamos pensando em passar nesta semifinal", justificou.

O defensor ainda destacou as qualidades do adversário carioca. "O conjunto tem feito a diferença. Esta é uma característica que o nosso time sempre teve também. Por mais que as peças sejam boas, se você não se ajudar, não se doar para o companheiro e não corrigir o erro do outro, fica muito difícil para jogar. Eles têm feito isso muito bem, além de possuir um banco que ajuda muito. Não são apenas sete jogadores e isso os torna o Sesc-RJ mais difícil de marcar, pois nem sempre é tão fácil lembrar de todo mundo na hora do jogo, o que cria uma certa surpresa", analisou.

As oscilações do Sada, apontadas pelo próprio Serginho, foram justificadas por ele como fruto de um maior estudo dos adversários sobre um grupo que já está junto há muito tempo.

"Não é tão simples ficar oito anos com a mesma estrutura e não ser marcado. Todo mundo nos conhece e temos sempre que nos reinventar, continuar provando que o time é bom. Não estamos ganhando mais de 25-15 ou 25-18 como antigamente, mas, com esse mesmo time, podemos continuar vencendo. Estamos pecando em horas decisivas por circunstâncias do momento. Temos que pensar o que a gente pode fazer melhor, principalmente escutando o que foi marcado na reunião, para executar dentro da quadra", comentou.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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