Superliga masculina: de novo, todos contra o Sada Cruzeiro
Ao começar a escrever a análise da próxima edição da Superliga masculina, tive um déjà-vu. O gancho do texto estava bem parecido com o dos anos anteriores: o Sada Cruzeiro é o grande time a ser batido, com os rivais paulistas se esforçando financeira, técnica e taticamente para mudar o desfecho da temporada. Gaúchos, paranaenses e os demais mineiros se encontram correndo por fora. Estaria sofrendo uma crise de criatividade? É bem possível, mas também não dá para negar que, há quase meia década, o panorama do vôlei masculino brasileiro segue o mesmo.
Há apenas uma grande novidade no equilíbrio de forças do campeonato que começa neste sábado (14) e vai até o início de maio: o Sesc-RJ. Apesar do discurso de que o objetivo é fazer desta uma temporada de aprendizado, a equipe carioca fez um bom investimento e, após vencer a Superliga B, contratou selecionáveis como o ponteiro Maurício Borges, o oposto Renan, o líbero Tiago Brendle e o central Maurício Souza. É um elenco que certamente tem condições de subir ao pódio.
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No topo, o Sada sofreu um duro golpe com a saída do levantador William Arjona para o Sesi. Porém, sob o comando do argentino Marcelo Mendez, o time celeste já mostrou em outros campeonatos que é perfeitamente capaz de se recuperar de perdas pontuais e, aparentemente, não será diferente com o armador. Vai em busca do quinto título consecutivo. Alguém será capaz de ao menos incomodá-los? É o que analisamos abaixo:
O FAVORITO – Sada Cruzeiro
Responsável pela maior hegemonia da história do vôlei brasileiro, o Sada Cruzeiro manteve toda a espinha dorsal de um time que perdeu apenas um jogo em toda a Superliga passada. A única alteração foi a chegada do argentino Nico Uriarte para o lugar de Arjona. Ou seja: uma equipe que já era boa inicia uma nova disputa com ainda mais rodagem e entrosamento, para desespero dos adversários. Não por acaso, o Sada faz sua estreia com dois títulos recém-conquistados na bagagem, o do Campeonato Mineiro e o da Supercopa. Acabar com todo esse domínio será uma tarefa duríssima, especialmente agora que o regulamento da final mudou: ao invés de um jogo, o campeão sairá de uma melhor de duas partidas (em caso de empate, a definição ocorrerá em um Golden Set).
DESAFIANTES – EMS Funvic Taubaté, Sesi SP e Sesc RJ
Depois de investir alto na temporada passada e bater na trave, o EMS Funvic Taubaté não desanimou. Pelo contrário: colocou ainda mais dinheiro no projeto e montou uma equipe com status de seleção. O trio formado por Rapha, Wallace e Lucarelli agora está reforçado pelo argentino Sebastian Solé, pelo sérvio Marko Ivovic, pelo veterano Dante Amaral e pelo líbero Thales, um dos bons valores da nova geração do vôlei brasileiro. No banco, o técnico argentino Daniel Castellani substitui Cezar Douglas.
Quem também está de treinador novo é o Sesi, que deu uma oportunidade para Rubinho, antigo braço direito de Bernardinho na seleção brasileira. O time paulistano, aliás, fez uma enorme reformulação após o fracasso da temporada passada e trouxe William e Lipe para fazer companhia a Lucão e Douglas Souza. Após anos lutando contra lesões, Murilo decidiu ser líbero, mas só poderá estrear na nova função quando resolver problemas relacionados a um exame antidoping positivo. Já o Sesc-RJ pincelou peças boas, mas menos badaladas no mercado e pode fazer estrago em sua primeira participação na elite do vôlei nacional. O time é dirigido por Giovane Gávio, campeão olímpico como jogador em 1992 e vencedor da Superliga 2011/2012 como técnico do Sesi.
CORREM POR FORA – Vôlei Renata e Minas Tênis Clube
Pela segunda temporada seguida, a equipe de Campinas se viu envolta em dúvidas sobre sua continuidade, mas sobreviveu. Saiu a Brasil Kirin e entrou a gigante do ramo alimentício Renata, que conseguiu repatriar Leandro Vissotto, campeão mundial com a seleção brasileira em 2010. O líbero argentino Facundo Santucci também é uma novidade para fazer companhia ao levantador Rodriguinho, ao central Vini e ao ponteiro Diogo, principais nomes mantidos. O tradicional Minas, por sua vez, conseguiu evitar o assédio sobre nomes interessantes como Felipe Roque, Flávio e Petrus, que agora serão abastecidos pelo experiente levantador Marlon. É time para dar trabalho.
OLHO NELES!- Corinthians-Guarulhos, Copel/Telecom/Maringá e Montes Claros
Criado graças à perseverança do líbero Serginho, o Corinthians-Guarulhos entrou tarde no mercado, mas já deu sinal de sua força ao ficar com o vice-campeonato paulista. Perspicaz, o defensor convenceu nada menos que cinco ex-companheiros de Sesi a acompanhá-lo na nova empreitada, dentre os quais se destacam os centrais Riad e Sidão. Na saída, outro veterano, o oposto Rivaldo, que ainda tem muita lenha para queimar. Não se surpreenda se o Timão, apesar de recém-chegado, derrubar algum favorito pelo caminho…
O mesmo raciocínio se aplica ao Copel/Telecom/Maringá e ao Montes Claros. Dentro de suas possibilidades financeiras, ambas as equipes fizeram boas aquisições na janela de contratações e mudaram profundamente seus elencos titulares. Com Ricardinho como presidente e jogador, Maringá tirou dois dos destaques de Canoas na última temporada, o oposto Alisson e o central Ialisson, além de ter repatriado Thiago Alves, ex-seleção brasileira. Já Montes Claros terá seu jogo baseado em dois veteranos, o levantador Sandro e o oposto Lorena para levar o time mais uma vez aos playoffs.
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PARA SE MANTER NA ELITE – Caramuru/Castro, JF Vôlei e Lebes/Canoas
Em tempos de crise econômica e depressão olímpica no Brasil, o simples fato de conseguir colocar um time em quadra já é um feito. É pensando nisso e dando a oportunidade para jogadores que ainda buscam aparecer que Caramuru/Castro, JF Vôlei e Lebes/Canoas estarão nesta Superliga – no caso dos mineiros, há o adendo de eles serem uma espécie de equipe B do Sada Cruzeiro. Não ficar entre os lanternas e, assim, assegurar a vaga na próxima temporada (onde espera-se um maior investimento) é o grande objetivo destas três equipes. A classificação para o mata-mata seria o grande troféu para o trio, que não tem condições de fazer nada além disto.
E você, o que acha do equilíbrio de forças da Superliga masculina que se inicia neste sábado? Quem são os favoritos e candidatos a zebra na sua opinião?
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