Bruno, sobre a seleção brasileira: “O time tem muito a crescer ainda”
Janaína Faustino
19/06/2019 06h00
Depois de uma temporada cansativa e vitoriosa com o Civitanova, Bruno se volta para a seleção brasileira (Foto: Divulgação/FIVB)
*Em entrevista concedida a Euclides Bomfim Neto
De volta à seleção brasileira masculina de vôlei após um curto período de folga da pesada temporada de clubes, o levantador e capitão Bruno só pensa no crescimento do grupo. Ao longo da entrevista exclusiva concedida em Portugal, onde a equipe encerrou a terceira etapa da Liga das Nações com 8 vitórias em 9 jogos, as palavras "crescimento" e "evolução" foram repetidas em diversos momentos, mostrando a obsessão do jogador pelo trabalho e pelos melhores resultados.
E foi seguindo esta filosofia que ele alcançou – além de todos os títulos possíveis com a seleção brasileira – o topo da Europa na última temporada. Atuando no Civitanova ao lado de Leal, agora também seu companheiro na seleção, Bruno venceu não apenas o competitivo campeonato local, mas também a Champions League, o mais relevante torneio interclubes do mundo, quebrando uma hegemonia de quatro anos do gigante russo Zenit Kazan.
"Esse ano realmente acabou de uma maneira espetacular com os dois títulos mais importantes. Terminou com tudo aquilo que eu sonhei – o Italiano e a Champions League – e que o nosso time tinha como objetivo. Então foi sensacional", destaca, mencionando que também foi um ano de aprendizado, uma vez que o Civitanova não começou a temporada com bons resultados.
No final do ano passado, a equipe foi derrotada pelo Trentino na decisão do Mundial de Clubes em uma partida que o jogador reconheceu que o grupo teve um desempenho ruim, pois ainda não desfrutava do melhor entrosamento.
Comemorando o título da Champions League com os companheiros do Civitanova (Foto: Reprodução/Instagram)
"Depois teve a troca de treinadores, o que nos ajudou. A chegada do [técnico italiano Ferdinando De Giorgi] Fefe foi fundamental para fazer o time crescer principalmente no volume de jogo, que era algo que estava faltando no início da temporada. Para o meu crescimento também, em especial, foi muito importante pelo fato de ele ter sido um levantador de grande nome. E a equipe foi evoluindo com as dificuldades", ressalta o armador, que logo em seguida perdeu a final da Copa Itália para o Perugia do recém-contratado astro polonês Wilfredo León.
"A gente jogou bem, mas perdeu no finalzinho do tie-break, em uma derrota de virada. Então, de certa forma, isso mexeu com o nosso brio também. E conseguimos crescer depois daquela final de Copa Itália. Nos unimos cada vez mais e conquistamos os títulos mais importantes. Por isso, sem dúvida, foi um ano especial", diz.
Em relação à seleção brasileira, que busca ir mais longe na Liga das Nações (antiga Liga Mundial) – a equipe terminou na quarta posição na temporada passada -, Bruno segue motivado e afirma que, com uma sintonia fina, o time ainda pode render muito mais.
"Mudou bastante da temporada passada para cá. O Lucarelli, que ano passado não estava, voltou. Teve a chegada do Leal, do Alan e de outros jogadores mais jovens, como o Cachopa e o Thiaguinho, que estão fazendo um grande trabalho também. A equipe já demonstrou que está muito bem. Essa primeira parte da Liga das Nações foi muito boa e eu espero conseguir entrar em ritmo de jogo logo, melhorando o entrosamento", aponta, fazendo referência ao seu desempenho nas últimas partidas.
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Sobre a possibilidade de disputar duas etapas da competição em casa – a seleção joga esta semana em Cuiabá, entre os dias 21 e 23 de junho, e depois segue para a capital federal, onde encerra a fase classificatória no dia 1 de julho –, ele foca no nível dos rivais.
"Jogar no Brasil é sempre especial, né? Esperamos que os ginásios estejam lotados. O nível vai crescendo e a gente vai pegar equipes mais difíceis agora. De cara, tem a Bulgária, que é o time que a gente vai enfrentar no Pré-Olímpico. Depois vamos ter a [atual campeã da Liga das Nações] Rússia, a França e a Itália como adversários. Então vão ser jogos de alto nível em que precisamos continuar evoluindo. Acho que isso é o mais importante", sublinha.
"A gente espera poder chegar às finais. É o nosso primeiro objetivo. Acho que o time tem muito a crescer ainda. Temos grande poderio de ataque, podemos melhorar a nossa relação bloqueio-defesa e o sistema de recepção, que são coisas que dependem de entrosamento e de tempo também. Mas a equipe está no caminho certo. Todo mundo está trabalhando bem de acordo com a nossa filosofia e isso é o mais bacana. Fico muito feliz por ter voltado para poder compartilhar desses momentos com esse time", finaliza.
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Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
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