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Saída de Rede

Melhor do mundo, Grebennikov elogia Serginho e comenta desafios da França

Janaína Faustino

13/09/2019 06h00

Considerado o melhor líbero do mundo na atualidade, o francês Jenia Grebennikov falou com exclusividade ao Saída de Rede (Fotos: Divulgação/FIVB)

(Entrevista concedida a Euclides Bomfim Neto, com colaboração de Carolina Canossa)

O talento para o vôlei foi lapidado e estimulado desde cedo pela família, especialmente pelo pai, o ex-jogador e técnico russo Boris Grebennikov. Só que o que mais despertava o interesse do então adolescente de 16 anos que dava os primeiros passos no esporte no time do Rennes, da França, era o ataque. Convencido pelo pai, abandonou a ponta e resolveu encarar o desafio de jogar em uma nova posição, a de líbero. Aos 20 anos, ele estreou na seleção francesa e aos 23 foi eleito o melhor de sua posição no Mundial de 2014.

De lá para cá, ele vem sendo apontado com frequência como o melhor líbero do mundo em atividade. Obviamente, estamos falando de Jenia Grebennikov, titular absoluto da seleção francesa e do Trentino, tradicional clube italiano. Aos 29 anos, empilha prêmios individuais que, segundo ele, são mais úteis para fechar contratos com maior facilidade. A brincadeira, feita durante esta entrevista exclusiva concedida ao Saída de Rede, serve para ilutrar que, para ele, estes troféus são menos importantes do que os coletivos.

Um dos grandes nomes da mais festejada geração do vôlei francês, que inclui o ponteiro Earvin Ngapeth, o levantador Benjamin Toniutti e o central Kevin Le Roux, Jenia ainda segue em busca deste grande título coletivo com sua equipe. Ganhadora das edições de 2015 e 2017 da extinta Liga Mundial, a seleção luta agora para vencer novamente o Campeonato Europeu, desta vez disputado em seus domínios entre os dias 12 e 29 de setembro. Para os franceses, uma chance e tanta de apagar os fracassos sofridos recentemente na Rio 2016, no Europeu passado, no Mundial de 2018 e no Pré-Olímpico de agosto, quando não conseguiram a vaga para Tóquio, no segundo semestre de 2020.

Ao Saída de Rede, ele falou a respeito de todos estes assuntos e, ainda, sobre o brasileiro Serginho, uma referência para ele na posição, o crescimento de outras seleções no cenário mundial, a vontade de atuar na Superliga e a dedicação para se manter jogando em alto nível.

Grebennikov se sagrou campeão mundial pelo Trentino na última temporada

Confira a entrevista completa:

Saída de Rede – Você tem ligações familiares com o vôlei e optou pelo esporte ao invés do hóquei justamente porque o seu pai já estava inserido neste meio. No Brasil, temos um caso parecido, o do levantador Bruno com o técnico Bernardo Rezende, mas ambos sempre tiveram extremo cuidado em suas relações profissionais para não serem acusados de nepotismo – ainda assim, eventualmente precisam lidar com isso. Hoje ninguém duvida de sua capacidade, mas como foi pra você, no início da carreira, ser o "filho do técnico"?

Jenia Grebennikov – Eu sabia que seria complicado no começo da minha carreira. Meu pai preferia que eu jogasse em outro clube e minha mãe disse que não, que era melhor eu ficar com a família. Era mais difícil para mim nos treinamentos, pois meu pai sempre quis que eu fizesse o melhor. Rapidamente me provei e as pessoas passaram a falar menos. Não havia muita preocupação com isso, pois era uma vantagem ter meu pai como treinador. Ele sempre me aconselhou e queria o melhor para mim. É alguém em quem confio plenamente. Acho que foi difícil, mas benéfico para nós dois.

SdR – Já vi você jogar como atacante e me espantei com a sua habilidade. Por que você não quis seguir como, por exemplo, ponteiro?

Grebennikov – Eu não continuei como ponteiro porque meu pai me perguntou, no início da minha carreira, se eu queria jogar em um time da França, realizar meus sonhos de participar de uma Olimpíada e atuar nos melhores clubes. Ele me disse que seria possível se eu jogasse como um líbero, mas como ponta poderia ser mais complicado. Falou que meu nível não seria alto o suficiente e que talvez eu não pudesse entrar em um time da França em função do nível de competitividade e das minhas habilidades físicas. Sou bastante técnico, mas para jogar em alto nível e ganhar títulos, seria difícil como atacante. Por isso fui para a posição de líbero porque já gostava de defender. Não deixou de ser uma escolha difícil, pois quando era jovem eu adorava passar e atacar. Mas aqui aprendi a atuar como líbero e agora amo esta posição.

SdR – Você acha que existe um certo preconceito que impede jogadores mais baixos de atuarem em posições que não sejam líbero ou levantador, desperdiçando muitos talentos? O brasileiro Giba, por exemplo, é apenas quatro centímetros mais alto que você e foi um dos grandes atacantes da história…

Grebennikov – É óbvio que a condição física conta, mas não sei. Depende também do desejo do jogador, do prazer, dos músculos, da capacidade de saltar, trabalhar e das habilidades de jogo. Não sei se a estatura importa tanto porque há muitos ponteiros pequenos e também diversos levantadores altos. Depende do treinamento que o jogador teve e dos seus desejos também. Se eu realmente quisesse, poderia ter me tornado um ponteiro, mas isso não estava entre os meus objetivos. Provavelmente a estatura importe, pois o central que joga no melhor nível tem cerca de dois metros para bloquear. Os opostos são muito fortes também. Então, depende. No entanto, sempre há exceções.

Uma das referências técnicas da seleção, o líbero acredita que os adversários estão conseguindo fazer uma leitura mais adequada do jogo francês

SdR – O Brasil tem dois dos grandes líberos da história, a Fabi Alvim e o Serginho. Qual a sua opinião sobre eles?

Grebennikov – É verdade que Fabi e Sergio são dois líberos do Brasil que fizeram história. Tive mais oportunidade de ver o Sergio. Ele é bastante vibrante em quadra, muito animado e se move muito rapidamente. Tem um grande carisma. É alguém que jogou nos melhores clubes do mundo e venceu no Brasil. É tão bom vê-lo jogar. Ele continua sendo uma ótima referência e deixou uma grande marca no vôlei brasileiro e mundial, como o [líbero francês] Hubert Henno e a Fabi. Sempre há vídeos na internet onde você pode vê-los. Eles são exemplos para os líberos de hoje.

SdR – Muita gente te classifica como o melhor líbero do mundo na atualidade. Você concorda? Quem são os seus maiores concorrentes hoje?

Grebennikov – É verdade que eu ganhei muitos títulos como o melhor líbero, mas não sei se é isso que conta. Eles servem mais para agradar meu pai e minha família, pois demonstram que estávamos no caminho certo. Sobre o posto de melhor, para mim, o mais importante é o resultado coletivo. Não há nada mais bonito do que ganhar com sua equipe. Trabalhar o ano inteiro para conquistar um troféu é uma realização incrível, indescritível. O que me interessa são realmente os títulos coletivos porque o vôlei é um esporte coletivo. (…) Os prêmios individuais são mais para a família e os amigos ficarem felizes. Servem também para encontrar contratos com maior facilidade (risos).

Sobre concorrentes, não sei se podemos falar nesses termos, pois não estou em concorrência direta com eles. Há grandes líberos. O [polonês] Zatorski, o [norte-americano] Shoji, o [italiano] Colaci. Há muitos que têm algo a contribuir para essa posição e se desenvolver em seus clubes. Depende também da estratégia do treinador, mas há jogadores muito fortes.

Ouça o Voleicast, o podcast de vôlei do Saída de Rede

SdR- O que acha que tem a melhorar no seu jogo?

Grebennikov – Tenho muito a melhorar no meu jogo. Acho que tenho que ser um pouco mais perfeccionista, fazer o maior número de defesas e o mais rápido possível quando a bola cair na minha zona. Preciso também colocar a bola o mais próximo possível da rede para deixar meu levantador nas melhores condições de distribuir o jogo. A recepção é a base do vôlei. Não há jogo sem recepção. E, para evoluir nesse fundamento, preciso ser o mais perfeito, manter o foco durante toda a partida para me sair bem na hora certa.

SdR- Sua função na quadra é um tanto ingrata, já que você é obrigado a tentar defender bolas muito velozes. Qual é o atacante mais difícil de parar? O medo faz parte da vida do líbero?

Grebennikov – Existem muitos ataques e saques poderosos. Entre os atacantes, acho que o mais forte hoje é o Leon. Tive a oportunidade de jogar contra muitas vezes. Claro que o medo está sempre presente. Faz parte da pressão do jogo, do estresse, mas passa. Acredito que seja mais pressão do que propriamente medo.

SdR – Uma mudança tática recente no vôlei é o uso de um saque flutuante mais agressivo, o que dificulta demais a vida da recepção, já que a trajetória da bola não é tão fácil de prever como em um saque viagem. Como tem lidado com esta mudança?

Grebennikov – O flutuante e o viagem são duas coisas diferentes. Me adapto com muito treinamento para tentar ser o mais perfeito possível. Trabalho a semana inteira para estar em boas condições de executar o fundamento nas partidas.

SdR – Você já recebeu convite para jogar a Superliga brasileira? Tem vontade de jogar no país?

Grebennikov – Sim, claro, me animaria bastante jogar no Brasil. Me disseram que é o país do vôlei, que o esporte é como uma religião lá. Seria ótimo se acontecesse um dia. Existe uma grande paixão pelo vôlei, é outra cultura também. Eu gostaria muito. Ainda não recebi uma oferta, até porque é difícil contratarem um líbero em função do número de estrangeiros. Mas, quem sabe um dia?

O jogador já recebeu inúmeros prêmios individuais ao longo da carreira

SdR- Por que a França não conseguiu oferecer muitas dificuldades para a Polônia no Pré-Olímpico de agosto? Por que o time não consegue jogar tudo o que pode, como já vimos em várias edições da Liga Mundial/Das Nações, em torneios como a Olimpíada e os Mundiais?

Grebennikov – É verdade que não nos classificamos diretamente para os Jogos Olímpicos. A Polônia jogou muito bem. Caímos em um grupo difícil e a Polônia é a atual campeã mundial. Além disso, Leon também foi integrado ao grupo. Foi muito complicado, eles nos dominaram em todos os setores do jogo. É assim que acontece, é o vôlei. Vamos tentar recuperar em janeiro, mas é verdade que são muitas competições importantes. Não tivemos uma boa performance e não conseguimos ir mais longe. Eu acho que é porque outras seleções melhoraram muito. Também existem muitos jovens jogadores que chegaram a outros países. E nossos adversários estão estudando o nosso jogo, há muitos vídeos à disposição e acabamos ficando um pouco mais previsíveis. Mas tentamos fazer o máximo em cada competição e vamos ver no que vai dar, por exemplo, no Europeu.

SdR – E sobre jogar o Europeu em casa, com toda a pressão de estar diante da torcida, mas ao mesmo tempo não podendo revelar o potencial máximo da equipe, já que vocês disputarão um Pré-Olímpico continental bastante acirrado em janeiro? [Os franceses estrearam no Campeonato Europeu nesta quinta-feira (12) com vitória sobre a Romênia por 3 sets a 0).

Grebennikov – Para nós, o Campeonato Europeu na França será algo belo. Vamos compartilhar com o nosso público, que esperamos que esteja presente. Vai ser lindo porque faz muito tempo desde que organizamos uma competição tão grande aqui. Estaremos bastante motivados e comprometidos. Não sei se conseguiremos satisfazer nosso público, mas, de qualquer forma, daremos tudo por isso. Estamos nos preparando desde a Polônia. Espero que tudo corra bem.

SdR – Como você avalia as chances de a França se classificar para a Olimpíada no começo do ano que vem?

Grebennikov – Acredito que será complicado em janeiro. Será uma equipe qualificada para a Olimpíada em um grupo com oito. Veremos, mas tudo é possível, você nunca sabe. Primeiro, há o Europeu e estamos focados somente nisso. Depois pensamos na qualificação em janeiro.

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(Versão em francês)

Le meilleur au monde, Grebennikov, fait l'éloge de Serginho et commente les défis de la France

(Interview accordée à Euclides Bomfim Neto, avec la collaboration de Carolina Canossa)

Le talent pour le volley-ball a été stimulé tôt par la famille, en particulier par le père, ancien joueur russe et entraîneur : Boris Grebennikov, mais ce qui a le plus suscité l'intérêt pour l'adolescent alors âgé de 16 ans qui a fait les premiers pas dans le sport dans l'équipe de Rennes, en France, a été l'attaque. Convaincu par son père, il abandonne le poste de réceptionneur attaquant et décide d'accepter le défi de jouer dans un nouveau poste, celui de Libero. À l'âge de 20 ans, il fait ses débuts dans l'équipe française et à 23 ans, il est élu meilleur joueur de son poste à la Coupe du monde 2014.

Depuis 2014, il a souvent été nommé le meilleur joueur du monde dans son poste en activité. Évidemment, nous parlons de Jenia Grebennikov, titulaire absolu de l'équipe de France et du Trentino, club italien traditionnel. À l'âge de 29 ans, il empile des prix individuels qui, dit-il, sont plus utiles pour conclure des contrats facilement. La blague, faite lors de cette interview exclusive accordée au Saída de Rede, illustre que, pour lui, ces trophées sont moins importants que les collectifs.

L'un des grands noms de la génération la plus célèbre du volley-ball français, qui comprend le pointu Earvin Ngapeth, le passeur Benjamin Toniutti et le central Kevin Le Roux, Jenia suit, toujours à la recherche de ce grand titre collectif avec son équipe. Vainqueur des éditions 2015 et 2017 de la Ligue mondiale disparue à ce jour et remplacée depuis par la Ligue des Nations, la sélection se bat désormais pour remporter à nouveau le Championnat d'Europe, cette fois-ci en jouant à domicile entre le 12 et le 29 septembre. L'équipe de France a donc une chance d'effacer les échecs subis récemment à Rio 2016, dans le dernier championnat d'Europe, dans la Coupe du monde de 2018 et dans le tournoi pré-olympique d'août, quand ils n'ont pas obtenu leurs qualifications à Tokyo 2020 (jeux olympiques).

Au Saída de Rede, il a parlé de tous ces sujets et, aussi: du libéro brésilien Serginho, une référence à lui dans le poste; de la montée en puissance d'autres sélections sur la scène mondiale; de l'envie de jouer dans la Superliga et de l'intention de rester jouer à haut niveau.

Consultez l'interview complète:

Saída de Rede – Tu as des liens familiaux avec le volleyball et tu as opté pour ce sport plutôt que le hockey puisque ton père était déjà dans le milieu. Au Brésil, nous avons un cas similaire, celui du passeur Bruno et de l'entraîneur Bernardo Rezende, mais tous deux ont toujours été extrêmement prudents dans leurs relations professionnelles pour ne pas être accusés de favoritisme – même s'ils doivent finalement y faire face. Personne ne doute de tes capacités aujourd'hui, mais comment as-tu vécu, au début de ta carrière, d'être le « fils de l'entraîneur »?

Jenia Grebennikov – Au tout début de ma carrière je savais que c'était compliqué. Mon père préférait que je parte jouer dans un autre club et ma mère a dit non, que c'était mieux que je reste avec la famille. A l'entraînement, c'était plus difficile pour moi, vu que mon père voulait le meilleur de moi-même à chaque fois. J'ai très vite fait mes preuves et après les gens ont beaucoup moins parlé, mais ce sont surtout les dirigeants qui ont poussé mon père à me faire jouer. Il n'y a pas eu trop de soucis sur ça, c'était un plus pour moi d'avoir mon père comme entraîneur, parce qu'il me conseillait toujours, et il voulait le meilleur pour moi. C'est quelqu'un en qui j'ai entièrement confiance. C'était dur, mais bénéfique pour moi et pour lui aussi je pense.

SdR – Je t'ai vu jouer en tant que Réceptionneur-attaquant et j'ai été étonné de tes capacités. Pourquoi n'as-tu pas voulu continuer sur ce poste?

Grebennikov – Alors c'est tout simple, je n'ai pas continué en tant que réceptionneur-attaquant, parce que mon père m'a demandé au tout début de ma carrière, si je désirais jouer en équipe de France, de réaliser mes rêves d'aller aux Jeux olympiques et de jouer dans les meilleurs clubs. Si je jouais en tant que libéro il m'a dit que c'était possible, mais en tant que réceptionneur- attaquant cela serait plus compliqué, que mon niveau ne serait pas assez élevé et que je ne pourrais peut-être pas rentrer en équipe de France, vu la concurrence, et mes capacités physiques. Je suis assez technique, mais pour jouer à haut niveau et gagner des titres, c'était difficile en tant qu'attaquant. C'est pour cela que je me suis dirigé vers le poste de libéro parce que déjà j'aimais bien défendre. Ce choix a été un peu difficile pour moi, car quand j'étais jeune, j'attaquais, j'étais attaquant. J'aimais bien servir mais voilà j'ai appris et maintenant j'adore ce poste.

SdR – Penses-tu qu'il existe une idée préconçue dans le volleyball qui empêche les joueurs « de petite taille » de jouer dans des positions autres que libero ou passeur, et que cela empêcherait certains talents de se dévoiler? Le brésilien Giba, par exemple, n'a que quatre centimètres de plus que toi et a été l'un des plus grands attaquants de l'histoire…

Grebennikov – Bien sûr que le physique compte, mais je ne sais pas, ça dépend aussi de l'envie du joueur, du plaisir, de ses muscles, de sa capacité à sauter, de sa capacité à travailler, de ses capacités de jeu. Donc je ne sais pas si la taille compte, parce qu'il y a plein de réceptionneur-attaquants qui sont petits et il y a aussi plein de passeurs qui sont grands. Ça dépend de la formation que le joueur a eue et de ses envies aussi. Si j'avais vraiment eu envie, j'aurais pu devenir aussi attaquant mais ce n'était pas dans mes objectifs. Je ne sais pas si la taille compte, mais surement un peu, car les centraux qui jouent aux meilleurs niveaux font tous à peu près deux mètres pour pouvoir bloquer, les pointus sont très puissants. Ça dépend je pense de chacun, mais c'est vrai que le physique joue, cependant il y a toujours des exceptions.

SdR – Le Brésil a deux des plus grands libéros de l'histoire, Fabi Alvim et Serginho. Quelle est ton opinion sur eux?

Grebennikov – C'est vrai que Fabi et Sergio sont deux libéros du Brésil qui ont marqué l'histoire. J'ai eu un peu plus l'occasion de regarder Sergio. C'est quelqu'un qui a beaucoup d'enthousiasme sur le terrain, qui est très vif et qui se déplace très rapidement. Un grand charisme. Il a joué dans les meilleurs clubs au monde, il a gagné avec le Brésil, c'est si plaisant de le voir jouer. Ça reste une grande référence. Il a laissé une grosse empreinte dans le volley brésilien et mondial comme Hubert Henno et Fabi. Il y a toujours des vidéos sur internet où on peut les voir. C'est vrai que ce sont des exemples pour nous les libéros d'aujourd'hui.

SdR – Beaucoup de gens te classent aujourd'hui comme le meilleur libero du monde. Es-tu d'accord? Qui sont tes plus grands concurrents aujourd'hui?

Grebennikov – C'est vrai que j'ai eu pas mal de titres en tant que meilleur libéro, mais je ne sais pas si c'est ça qui compte, ces distinctions c'est plus pour faire plaisir à mon père, à ma famille. Ces titres-là, nous montrent qu'on a eu raison de continuer sur cette voie. Sur le poste de libero, pour moi, le plus important ça reste le résultat collectif, il n'y a rien de plus beau que de gagner un titre avec son équipe. Travailler toute l'année pour pouvoir gagner un titre, c'est juste un épanouissement incroyable, c'est indescriptible. Les titres individuels, c'est plus pour la famille, ça rend heureux les amis. Le plus important pour moi, ce sont vraiment les titres collectifs parce que c'est avant tout, un sport collectif. Moi je le fais parce que ce sont des grands moments de partage avec mes coéquipiers. C'est ça le plus important, les distinctions individuelles, c'est juste pour trouver des contrats plus facilement (lol).

Mes concurrents, je ne sais pas si on peut parler de concurrence, parce que je ne suis pas en concurrence directe avec eux. C'est différent, je parle peu de concurrents, mais il y a beaucoup de grands libéros, je pense à Zatorski (Pologne), Shoji (USA), Colaci (Italie). Il y en a énormément, qui ont chacun, quelque chose à apporter à ce poste, et qu'ils développent dans leur club. Tout dépend aussi de la stratégie de l'entraîneur, mais il y en a beaucoup de très forts.

SdR – Que penses-tu devoir améliorer dans ton jeu?

Grebennikov – Dans mon jeu, j'ai pas mal de choses à améliorer. Je pense que je dois être un peu plus perfectionniste, c'est-à-dire faire le plus possible de défense, dès que je peux, quand la balle tombe dans ma zone, mais aussi emmener les réceptions le plus près du filet, pour mettre dans les meilleures conditions mon passeur, pour qu'il puisse distribuer le jeu. La réception c'est la base du volley-ball, sans réception, il n'y a pas de jeu. S'améliorer en réception, être le plus parfait, rester concentré durant tout le match, pour être bon, au bon moment.

SdR – Ton rôle sur le terrain est plutôt ingrat, car tu dois défendre des attaques très puissantes. Quel est l'attaquant le plus difficile à arrêter? La peur fait-elle partie de la vie du libéro?

Grebennikov – Il y a beaucoup d'attaques puissantes, beaucoup de services puissants. Je pense que le plus puissant aujourd'hui, c'est Leon. J'ai eu l'occasion de le jouer pas mal de fois. La peur, oui bien sûr, elle est toujours présente, c'est la partie de la pression, du stress, mais voilà, ça passe au fil du match. Je pense que c'est possible d'avoir peur, ce n'est pas vraiment de la peur, c'est plus de la pression je pense.

SdR – Un changement tactique récent dans le volleyball est l'utilisation d'un service flottant plus agressif, ce qui rend la réception difficile, car la trajectoire du ballon n'est pas aussi facile à prévoir que sur un service smashé. Comment t'adaptes-tu à ce changement?

Grebennikov – Moi je pense que les services flottants et les services smashés sont deux choses différentes. Comment je m'adapte? Avec beaucoup d'entraînements, j'essaye de m'entraîner pour être le plus parfait possible. On a le temps de travailler la semaine à l'entraînement, pour être en bonne condition pour les matchs, et faire au mieux des réceptions.

SdR – As-tu reçu déjà reçu une invitation pour jouer la Superligue brésilienne? Ça te tenterait de jouer au Brésil?

Grebennikov – Oui bien sûr, ça me tenterait de jouer au Brésil, parce qu'on me dit que c'est le pays du volley, c'est comme une religion là-bas. Ça serait top, un jour, d'aller y jouer. En plus il fait beau, il y a un bel engouement autour du volley, c'est une autre culture aussi. Oui j'aimerais beaucoup. Je n'ai pas eu encore d'offre, après c'est difficile avec le nombre d'étrangers, qu'ils prennent un libéro, mais pourquoi pas un jour.

SdR – Pourquoi la France n'a-t-elle pas été en mesure d'offrir un meilleur visage face à la Pologne lors des préolympiques d'août? Pourquoi l'équipe n'arrive-t-elle pas à utiliser tout son potentiel plus régulièrement? Elle a bien réussi plusieurs éditions de la World League / Nations mais est passée au travers lors des Jeux Olympiques et des Coupes du monde.

Grebennikov – C'est vrai qu'on ne s'est pas qualifié directement pour les Jeux olympiques, la Pologne a vraiment très bien joué. On a eu un groupe difficile, c'est une équipe qui est championne du monde actuel, en plus ils ont rajouté Leon à leur groupe. C'était très dur, ils nous ont dominé dans tous les compartiments du jeu, c'est comme ça, ça arrive, c'est le volley. On va essayer de se rattraper en janvier, mais c'est vrai que ça fait pas mal de compétitions importantes, on ne va pas dire que l'on rate, mais qu'on ne performe pas, on n'arrive pas à aller plus loin. Je pense que c'est notamment du fait, que les autres nations se sont beaucoup améliorées. Il y a pas mal de nouveaux jeunes joueurs aussi, qui sont arrivés dans les autres nations. Nos adversaires travaillent sur notre jeu, il y a plus de vidéos, on est un peu plus en difficulté, mais voilà on essaie de faire le maximum sur chaque compétition et on verra ce que ça donnera par exemple pour les championnats d'Europe.

SdR – Comment appréhendes-tu de jouer le Championnat d'Europe devant tes supporters, mais en même temps, ne pas dévoiler le réel potentiel de l'équipe, car vous participerez à une préolympique continentale plutôt dure en janvier?

Grebennikov – Pour nous, le championnat d'Europe en France, ça va être quelque chose de beau, quelque chose qu'on va partager avec notre public, on espère qu'il sera présent. Ça va être magnifique, car ça fait longtemps qu'on n'a pas organisé de compétition aussi importante en France. On va être au taquet, on va avoir beaucoup d'engagement. Je ne sais pas si on va réussir à satisfaire notre public, mais en tout cas, on va tout donner sur le terrain pour ça. On se prépare en tout cas pour, depuis la Pologne. Donc on verra bien, mais j'espère que tout se passera bien.

SdR – Comment évalues-tu les chances de la France de se qualifier pour les Jeux olympiques?

Grebennikov – Pour se qualifier pour les Jeux olympiques, c'est vrai que ça va être compliqué en janvier, une équipe sur huit, on verra bien, mais tout est possible, on ne sait jamais. D'abord il y a le championnat d'Europe, on pense vraiment qu'à ça, ensuite on pensera à la qualification en janvier.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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