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Saída de Rede

Como os principais times masculinos se organizam para a próxima temporada?

Janaína Faustino

27/06/2019 06h00

Depois de se sagrar campeão por Taubaté na última temporada, o ponteiro argentino Facundo Conte se transferiu para o Cruzeiro (Foto: Reprodução/Instagram)

A temporada 2018/2019 de clubes ficou marcada pelo fim da supremacia do Sada Cruzeiro e pelo surgimento de um novo campeão na Superliga masculina. Depois de oito finais consecutivas – e seis títulos conquistados neste período -, a equipe do técnico argentino Marcelo Mendez caiu na semi diante do EMS Taubaté Funvic, que mais tarde conquistaria pela primeira vez em sua história o título do torneio, derrotando o Sesi-SP.

A partir desta nova configuração de forças no cenário de vôlei masculino, o Saída de Rede traça, assim como no feminino, um panorama sobre como estão sendo montados os principais elencos para a disputa da temporada 2019/2020 de clubes no Brasil.

Apostando na manutenção de parte da base para a conquista do bi na Superliga, Taubaté seguirá sob o comando de Renan Dal Zotto. Além da permanência do técnico da seleção brasileira por mais um ano, a equipe do Vale do Paraíba renovou os contratos dos ponteiros Lucarelli e Douglas Souza, do meio de rede Lucão, do líbero Thales, do levantador Rapha e do oposto Leandro Vissotto.

Campeão e MVP da Superliga na temporada passada, Lucarelli renovou o contrato com Taubaté (Foto: Guilherme Cirino)

Os taubateanos, entretanto, não seguraram algumas das peças mais importantes para o triunfo inédito na competição. O ponteiro Facundo Conte, decisivo nas finais contra o Sesi, foi contratado pelo Cruzeiro. O armador Nico Uriarte e o oposto Abouba, fundamentais nas inversões 5-1, também deixaram o time.

O argentino optou por retornar ao seu país, onde defenderá o Bolívar, atual campeão local e também da Libertadores de vôlei. Já o oposto Abouba será um dos reforços do Vibo Valentia, da Itália. Outra baixa do time de Renan será o meio de rede Otávio – que não teve uma temporada tão regular –, também já confirmado na Raposa.

Os dirigentes, no entanto, agiram rápido e anunciaram a contratação do oposto marroquino Mohamed Al Hachdad, que se destacou no Campeonato Italiano pelo mesmo Vibo Valentia, encerrando a fase classificatória como o terceiro maior pontuador com 515 acertos. Além disso, tentando suprir a ausência de Conte, o clube confirmou a volta do ponta Lipe, que atuou justamente pelo Sesi no ano passado. O jogador já havia defendido o atual campeão brasileiro em duas oportunidades.

Adversário de Taubaté com o Sesi-SP, Lipe retornará ao time do Vale do Paraíba na temporada 2019/2020 (Foto: Ana Patrícia e Gaspar Nóbrega/Inovafoto/CBV)

O central Maurício Souza, ex-Sesc-RJ, o armador Carísio e o líbero Rogerinho, ambos ex-Minas, e o meio de rede Petrus, que atuou no último ano no São Francisco/Ribeirão, também estarão à disposição de Renan.

Já o Sesi tenta dar fim à sequência de vice-campeonatos (bateu na trave contra o Cruzeiro em 2017/2018 e, novamente, diante de Taubaté), apostando em uma mescla entre os atletas mais experientes e outros mais jovens. Para tanto, renovou o contrato do técnico Rubinho e de jogadores, como o veterano levantador e capitão William, o ponteiro Lucas Lóh, o central Éder e o líbero Pureza.

A equipe ainda manteve o ponta/líbero Murilo, que estará em sua 11ª temporada na Vila Leopoldina. Não se sabe, contudo, se ele voltará a atuar na entrada de rede, como chegou a ser ventilado, ou se permanece como líbero. A chegada de outro veterano, o central Sidão, que vestiu a camisa do Corinthians-Guarulhos na última temporada, também foi confirmada. Ele substituirá Gustavão, que assinou com o Sesc.

Quem também assinou por mais um ano foi o oposto Alan, maior pontuador da última Superliga e atleta imprescindível na campanha do vice-campeonato. Reserva de Wallace na Liga das Nações, ele também vem se sobressaindo na seleção brasileira com performances bastante consistentes.

Entre as novidades, o time paulista "repatriou" os jovens Daniel Pinho (oposto) e Vitor Birigui (ponteiro), atletas formados nas categorias de base que estavam emprestados ao Vôlei Um Itapetininga, e não renovou com o armador Evandro, o oposto Franco e o ponta Renato Russomano.

Alan é uma peça-chave no esquema do técnico Rubinho (Foto: Helcio Nagamine/Fiesp)

É importante colocar que um dos aspectos salientados pelo treinador Rubinho para justificar a derrota para Taubaté na final da Superliga foi justamente o poderio do elenco adversário. Neste sentido, vamos aguardar para ver se com essas peças bem ajustadas ao coletivo, o Sesi poderá fazer frente aos principais rivais na próxima temporada.

Procurando retomar a hegemonia perdida na principal competição nacional, o Cruzeiro focou no investimento da dupla de ponteiros. Além de ter tirado o argentino Conte do rival Taubaté, se apressou para anunciar Gord Perrin, capitão da seleção canadense, para repor a saída do norte-americano Taylor Sander, que se transferiu para o Dínamo de Moscou.

Perrin estava no Belogorie Belgorod, da Rússia, e será o segundo canadense a vestir a camisa celeste (seu compatriota Frederic Winters também jogou pela Raposa entre 2014 e 2016). Aliás, o pesado investimento na entrada de rede foi o motivo alegado pelo clube para não renovar o contrato com o central francês Le Roux, que teve uma passagem difícil pela equipe mineira em função da falta de entrosamento com o levantador Fernando Cachopa.

O canadense Gord Perrin foi contratado para resolver, ao lado de Conte, o problema na entrada de rede cruzeirense (Foto: Reprodução/Instagram)

Os pontas Rodriguinho e Filipe, contudo, seguem no time. O primeiro necessita de mais rodagem e experiência enquanto que o segundo, há dez anos no Cruzeiro, exerce uma liderança essencial no grupo, mas não demonstra o mesmo vigor físico.

Para a próxima temporada, a Raposa também não contará com o líbero Serginho, atleta mais longevo da equipe ao lado de Filipe. Depois de nove temporadas e 34 títulos conquistados, o jogador, de 40 anos, não teve o contrato renovado. Para o seu lugar, Marcelo Mendez apostará em Lukinha, que chega após boa temporada em Campinas.

Nesta dança das cadeiras, a equipe azul também assinou com os centrais Otávio, Pingo (ex-Minas), o experiente armador Rodriguinho Leme – que deverá se revezar com Cachopa –, e manteve em seus quadros os opostos Evandro e Luan, além do central Isac.

Outro time que decepcionou na temporada passada e seguirá em busca de uma recuperação é o Sesc, de Giovane Gávio. A equipe, que permaneceu na liderança da última Superliga em boa parte da fase preliminar para depois sofrer uma queda drástica no segundo turno, vem se movimentando no mercado seguindo as adequações necessárias diante da possível diminuição de investimentos decorrente da promessa governamental de reformulação no Sistema S. Contudo, as mudanças no elenco deverão ser profundas.

O oposto Wallace, principal estrela do time, o ponteiro Maurício Borges, o central Thiago Barth e o líbero Tiago Brendle estão garantidos para o próximo ano. Em contrapartida, os ponteiros Rozalin Penchev e Japa não renovaram, assim como o armador Everaldo, o meio de rede Aracaju e o levantador Thiaguinho – os dois últimos defenderão o Rennes, da França.

Uma das equipes de maior investimento da Superliga, o Sesc-RJ decepcionou nesta temporada e sofrerá mudanças no próximo ano (Foto: Erbs Jr.)

Para a armação, foram anunciados o experiente Marlon, ex-Fiat Minas, e o habilidoso Matías Sanchez, que chamou a atenção pela atuação no Sul-Americano, em Belo Horizonte, comandando o argentino Obras San Juan. O Sesc também confirmou a chegada de outro argentino, o ponta Jan Martinez, que atuava no Bolívar.

Com a partida do campeão olímpico Maurício Souza para Taubaté, os cariocas acertaram a contratação de Gustavão e do talentoso central Flavio Gualberto, que deixa o Minas, seu clube formador, após uma longa passagem.

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Com chance de voltar a incomodar os times de maior investimento, o Vôlei Renata e o Minas também se reestruturam. Mantido à frente do clube de Belo Horizonte há seis temporadas, o treinador Nery Tambeiro poderá contar, apesar da perda de algumas peças valiosas nesta janela de mercado, com o líbero Maique, que hoje também se destaca na seleção brasileira, e os opostos Davy e Felipe Roque, além do ponta Henrique Honorato.

O time ainda fechou com os ponteiros argentinos Lucas Ocampo (ex-Bolívar) e Nícolas Lazo (ex-UPCN), o armador Rodrigo Ribeiro e o central Deivid, ambos vindos do Maringá. Outros reforços confirmados são o meio de rede Matheus Alejandro, ex-Almeria e o levantador Bernardo Westermann, que estava no Itapetininga.

Sexto colocado na última Superliga, o Vôlei Renata segue em negociação com alguns jogadores, mas já renovou com o levantador argentino Demian Gonzalez, os ponteiros Gabriel Vaccari e Bruno Canuto, e os centrais Michel e Luizinho.

O que você achou dos principais times da próxima temporada do vôlei masculino no Brasil? Quem se reforçou melhor? Deixe a sua opinião abaixo!

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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