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Qual é o impacto da saída de Bruna Honório para a temporada da seleção?

Janaína Faustino

15/05/2019 13h19

Após ter vivido um ano difícil, seleção feminina enfrenta um início de temporada também delicado (Foto: Divulgação/FIVB)

A preparação da seleção feminina de vôlei para a temporada que se iniciará na próxima terça-feira (21), na Liga das Nações (VNL), não tem sido fácil. Depois de um ano complicado em que o Brasil, pela primeira vez, desde 2003, quando o técnico José Roberto Guimarães assumiu o comando, não subiu ao pódio em nenhuma das competições de que participou, o momento parece ser de reflexão acerca dos caminhos a serem seguidos.

Além da expressiva quantidade de pedidos de dispensa por parte de algumas jogadoras, a seleção brasileira ainda perdeu a oposta Bruna Honório, que se submeteu nesta quarta-feira (15), em São Paulo, a uma cirurgia para retirada de um tumor benigno no átrio esquerdo do coração.

Ainda não foi divulgado quanto tempo a atacante, que foi dispensada dos treinamentos em Saquerema (RJ) logo após a confirmação do diagnóstico, ficará longe das quadras – se a operação implicasse na abertura do tórax, o afastamento seria de seis meses, mas é possível que a utilização de um procedimento mais moderno reduza o tempo de recuperação.

Bruna Honório viveu a melhor temporada da carreira no Minas (Foto: Orlando Bento/MTC)

Bruna vivia o melhor momento da carreira no Itambé Minas, onde conquistou a Superliga, o Sul-Americano, a Copa Brasil, o Campeonato Mineiro e o vice-campeonato mundial. Assim, para Zé Roberto, seria uma ótima oportunidade de testá-la em nível internacional, uma vez que a titular Tandara, um dos alicerces ofensivos da equipe, está em tratamento para recuperação da lesão sofrida no tornozelo esquerdo, quando ainda jogava no Guangdong Evergrande, da China.

A previsão é que Tandara seja liberada pelo departamento médico na fase final da Liga das Nações, mas o principal objetivo é que ela esteja em plenas condições físicas para a disputa do Pré-Olímpico, a mais importante competição do ano a ser disputada no Brasil entre os dias 2 e 4 de agosto.

Na chave D, a seleção receberá Azerbaijão, República Dominicana e Camarões no torneio em que o mais bem colocado se classificará antecipadamente para a Olimpíada de Tóquio. Quem não conseguir a vaga no Pré-Olímpico terá uma nova oportunidade nos classificatórios continentais que serão disputados em 2020.

Com isso, Zé Roberto poderá improvisar outra jogadora na posição. Vale lembrar que Natália já atuou como oposta no início da carreira e chegou até a participar de algumas partidas no Fenerbahçe, da Turquia, atuando na saída. Contudo, além de já ter mencionado em entrevista que se sente mais à vontade na ponta, seria temerário arriscar uma troca em função dos problemas físicos que ela já teve este ano.

Tendência é que Tandara esteja em plena forma física somente no Pré-Olímpico de agosto (Foto: Divulgação/FIVB)

Outra aposta é justamente a oposta Paula Borgo, também convocada, que obteve um bom desempenho na temporada 2015/2016, chegando a ter o nome pedido por alguns torcedores para jogar a Olimpíada do Rio. Entretanto, desde então, ela caiu de rendimento e na última temporada foi reserva da norte-americana Nicole Fawcett no Dentil Praia Clube.

Assim, não há como negar que o Brasil está prestes a começar a longa temporada de seleções passando por um dos momentos mais tumultuados dos últimos anos. Por outro lado, toda esta turbulência poderá servir para que o técnico Zé Roberto promova a tão esperada renovação do grupo, testando outras caras novas, como Lorenne e, especialmente, Tainara e Julia Bergmann, atletas também chamadas que já mostraram potencial e merecem uma chance na seleção principal.

É verdade que, diferentemente de outras seleções como, por exemplo, a italiana, que conquistou o vice-campeonato mundial em 2018 com um time bastante jovem, o vôlei nacional atravessa um período de entressafra e não consegue formar jogadoras com a mesma profusão e qualidade de outros tempos. Os próprios resultados recentes obtidos em campeonatos internacionais de base demonstram isso. Ainda assim, é preciso testar as peças à disposição para que elas possam ganhar experiência e rodagem internacional.

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Além da Liga das Nações, disputada entre maio e julho, e do Pré-Olímpico, o pesado calendário deste ano ainda terá o Pan-Americano, o Sul-Americano e a Copa do Mundo. Estas competições de peso secundário podem servir de laboratório para as novatas.

O Brasil fará sua estreia na Liga das Nações nesta terça-feira, na capital federal, contra a atual campeã olímpica China. Na sequência, a seleção feminina enfrentará a República Dominicana (quarta-feira, 22) e a Rússia (quinta-feira, 23). Todos os jogos serão às 20h.

*Colaborou Carolina Canossa

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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