Vôlei e pós: Rapha conta como terminou os estudos durante a Superliga
Com uma carreira consagrada e recheada de títulos pelos clubes pelos quais passou, o levantador Rapha, do EMS Taubaté Funvic, comemora agora a concretização de um sonho antigo. O jogador, graduado em Administração com ênfase em Gestão Pública, acaba de concluir o MBA (do inglês Master of Business Administration) em Administração e Finanças. Trata-se de um curso de pós-graduação lato sensu voltado para aqueles que buscam se aprimorar no campo de gestão e negócios.
Rapha começou a carreira no extinto Banespa e saiu do Brasil em 2004 para atuar no russo Zenit Kazan. Em 2006, o armador seguiu para a Itália, onde jogou no Vibo Valentia e fez história no Trentino, clube em que foi campeão de tudo e que fez dele uma das maiores estrelas do vôlei local. Ele ainda teve passagem pela Turquia e, após 10 anos, retornou na temporada 2014/2015 para defender Taubaté.
Assim, segundo ele, o fato de ter vivido muitos anos fora do país acabou dificultando a sua dedicação aos estudos, já que muitas universidades que ofereciam cursos de ensino à distância requeriam avaliação presencial. Entretanto, reconhecendo a importância do conhecimento para a sua formação profissional e pessoal, o jogador não abandonou os planos.
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"Voltar a estudar era um desejo antigo. Fiquei bastante tempo fora do Brasil e era muito difícil porque as universidades que ofereciam ensino à distância exigiam prova presencial. Então, a primeira coisa que fiz quando voltei foi procurar uma instituição que tivesse o curso que eu gostaria de fazer para que eu começasse o quanto antes, sem o risco de pensar em desistir. Foi a melhor coisa que fiz. Me sinto muito feliz por ter conseguido concluir esse curso", conta, orgulhoso, o armador de 39 anos.
Com o diploma, o experiente jogador sublinha que pretende permanecer no meio esportivo quando se aposentar, aplicando seus conhecimentos na área de gestão. Contudo, ele ainda não sabe quando iniciará a nova carreira, já que espera seguir jogando por mais tempo.
"Ainda não sei quando isso vai acontecer porque, sinceramente, nem penso em parar de jogar. O vôlei ainda está muito intenso e ativo dentro de mim. Então, nem penso no dia de parar. Mas, certamente, deixo no meu radar essa possibilidade porque é uma atividade que me fascina. Poder colocar em prática no vôlei toda a experiência que eu tive nos países onde joguei e os conhecimentos que adquiri na universidade e no MBA é algo que me motiva bastante", explica.
Ao reforçar a relevância do conhecimento e da informação para o crescimento dos atletas, Rapha faz uma crítica à cultura esportiva no Brasil, citando alguns países como exemplo.
"Acho que, infelizmente, tanto as categorias de base quanto o profissional deveriam apoiar mais a formação dos atletas. (…) Acredito que programas que pudessem incentivá-los a cursar uma universidade e concluir os estudos, deveriam ser mais atuantes. Lá fora, eles são mais atentos a isso. A gente tem vários exemplos de EUA, Canadá e a própria Itália, países que se preocupam muito com a formação do atleta", pontua.
Rapha explica o quanto a educação pode ser fundamental para o desempenho do atleta tanto no momento de tomadas de decisão quanto para a descoberta de novos horizontes. "A gente vê o quanto isso é importante dentro de quadra. Esse fator educacional em que a gente aprende e direciona o cérebro e as atividades para outros ramos, abrindo um leque muito grande de informação que com certeza influencia durante o jogo".
Além disso, apesar de não ter a intenção de se aposentar das quadras tão cedo, o jogador destaca o quanto é salutar construir, através da educação, um caminho a seguir assim que deixar o esporte, algo que preocupa muitos atletas.
"É importante pensar que a carreira do atleta tem um período, um prazo determinado, e a gente precisa se preparar, mesmo sendo difícil, para o final e um novo ciclo de vida pós-esporte. Então, acho que poderíamos dar mais atenção a isso, transformando em uma cultura aqui no Brasil", opina.
Feliz com a conquista pessoal, Rapha se volta agora para os playoffs da Superliga masculina, que começam no próximo sábado (23). Segundo ele, a equipe está completamente focada na série de quartas de final que será decidida em melhor de três jogos contra o emergente Vôlei Renata.
"Essa é uma fase do campeonato bastante esperada por todos nós, atletas e clubes. É onde realmente vale. A nossa expectativa é muito grande contra o Campinas, um excelente time que vem jogando muito bem, mostrando uma evolução durante toda a competição. É uma equipe que joga um voleibol de alto nível. Acho que certamente será um grande espetáculo para aqueles que amam o vôlei", declara.
O armador argumenta que a contratação de Renan Dal Zotto, técnico da seleção brasileira, após um período turbulento na temporada, incentivou ainda mais o grupo.
"A maior diferença é a motivação. O time se animou muito com a chegada do Renan. Ele veio para somar com a sua experiência internacional, o que faz com que a gente esteja o tempo inteiro concentrado, podendo treinar e jogar no mais alto nível possível sempre. Então, com certeza a equipe está evoluindo com muito foco, concentração e com objetivos altos para que a gente possa extrair o máximo de cada um nessa reta final", comenta.
Ele coloca que espera que o fator casa tenha influência positiva no confronto diante da perigosa equipe campineira. "Contamos com essa primeira partida em casa para que possamos começar bem, podendo usar o mando de campo conquistado por nós da melhor maneira possível. A torcida aqui é um jogador a mais para nós. A expectativa é de jogos muito difíceis, mas o time está focado em busca da vaga na semifinal", completa.
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