O que não deu certo em Taubaté com Daniel Castellani?
Demitido pela diretoria do EMS Taubaté Funvic, o técnico argentino Daniel Castellani, que ocupava o cargo desde a temporada 2017/2018, não resistiu a mais um resultado negativo alcançado pela equipe do Vale do Paraíba: a quarta posição na Copa Libertadores de vôlei masculino. Os donos da casa foram derrotados na semifinal por 3 a 2 pelo Bolívar Volley – vencedor da competição – e ainda ficaram fora do pódio porque perderam a disputa pelo terceiro lugar para o rival Sesi-SP em um confronto em que chegaram a abrir 2 a 0 no placar.
A campanha irregular e bem abaixo do esperado na Libertadores, contudo, foi apenas uma demonstração dos altos e baixos por que passa o time desde o início da atual temporada. Alguns fatores podem nos ajudar a compreender o porquê de a equipe não ter conseguido apresentar seu melhor voleibol até o momento.
Talvez o principal deles seja o planejamento do plantel, que já contava com nomes prestigiados, como o armador Rapha e o ponteiro Lucarelli. O anúncio de algumas contratações de peso, como dos argentinos Nico Uriarte (levantador) e Facundo Conte (ponta), além do passador Douglas Souza para a 25ª edição da Superliga, foi um indício de que a reunião de muitos atletas com notório potencial para assumirem a titularidade poderia produzir algum tipo de animosidade com o treinador.
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Isto porque, se por um lado é interessante ter um elenco recheado de ótimos jogadores capazes de definir partidas, por outro, é preciso habilidade e jogo de cintura para gerir internamente o grupo e, claro, definir uma equipe titular que possa dar ao conjunto uma "cara", um padrão de jogo. Mas, ao que tudo indica, Castellani falhou nas duas tarefas e terminou desgastado.
Assim, o constante revezamento entre os atletas e a consequente indefinição na titularidade acabaram prejudicando o entrosamento da equipe. Com isso, Taubaté vinha, desde o primeiro turno, padecendo com oscilações e resultados aquém do imaginado para um time com tanto investimento.
Na Superliga, por exemplo, onde hoje ocupa a terceira colocação (com 39 pontos), Taubaté foi superado por 3 a 0 pelo Vôlei Renata, de Campinas, além de ter sofrido outro duro revés por 3 a 1 para o ascendente Vôlei Um Itapetininga. Sem falar no desempenho tecnicamente pífio na derrota por 3 a 0 para o Sada Cruzeiro em pleno Abaeté. Some-se a isto a inesperada queda por 3 a 2, também de virada, diante do valente (mas tecnicamente inferior) Fiat Minas na semifinal da Copa Brasil e, mais recentemente, o fiasco na Libertadores.
Deste modo, mesmo com prestigiados jogadores em seu elenco, Castellani não conseguiu fazer a equipe deslanchar na temporada. Além disso, não obteve sucesso na tentativa de extrair o melhor de atletas como o meio de rede Lucão, que vem tendo um desempenho ruim se comparado àquilo que pode render, e o ponta Lucarelli que, embora esteja recuperado da delicada cirurgia no tendão de Aquiles, ainda luta para voltar ao seu melhor nível físico e técnico.
Para substituir o treinador interinamente, Ortiz Júnior, prefeito da cidade de Taubaté, indicou Ricardo Navajas, até então supervisor da equipe. Com larga experiência como técnico da modalidade, Navajas brilhou no extinto Suzano, projeto histórico que marcou o vôlei brasileiro principalmente na década de 1990 com três títulos nacionais e outros tantos estaduais. Seu último grande trabalho foi com a seleção masculina da Venezuela, que ele conseguiu levar a uma inédita participação na Olimpíada de Pequim, em 2008.
Com potencial para disputar de igual para igual o título da Superliga com os outros favoritos, a equipe do Vale do Paraíba poderá contar, portanto, com a experiência (e a personalidade forte) de Navajas. Apesar de não desempenhar a função de treinador desde 2009, ele é uma aposta de Taubaté na tentativa de colocar a equipe nos trilhos para finalmente conquistar o troféu da mais importante competição nacional. Só o tempo dirá se tal empreitada será bem-sucedida.
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