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Ranking aponta que Brasil deve enfrentar pedreiras de cara na Olimpíada

Janaína Faustino

19/10/2019 06h00

Equipe do técnico José Roberto Guimarães deverá enfrentar rivais como a campeã mundial Sérvia logo na primeira fase (Fotos: FIVB/Divulgação)

Com o fim da Copa do Mundo e a atualização do ranking mundial de seleções pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB), é possível imaginar alguns duelos nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, além de traçar panoramas factíveis sobre o chaveamento dos grupos tanto no feminino quanto no masculino. Neste contexto, podemos inferir que as seleções brasileiras de vôlei não terão vida fácil nos primeiros jogos da competição esportiva do planeta.

O critério de chaveamento no qual nos baseamos é o mesmo utilizado na Rio 2016. Questionada pelo blog se este sistema de serpentina será mantido, a FIVB respondeu apenas que os grupos serão divididos de acordo com o ranking de 1 de janeiro de 2020, que não sofrerá modificação porque não haverá mais competições de seleções. As chaves incluirão posteriormente os cinco países classificados nos Pré-Olímpicos continentais.

De acordo com estas regras, para a disputa da primeira fase, são formados 2 grupos com 6 equipes, totalizando 12 participantes. Os quatro primeiros colocados de cada grupo avançam para as quartas de final. A seleção anfitriã é o cabeça de chave do grupo A e, a partir daí, os mais bem classificados no ranking são distribuídos de dois em dois.

No caso, o Japão integra o grupo A em ambos os naipes. Os dois primeiros colocados no ranking mundial ficam na chave B, enquanto que o terceiro e o quarto fazem companhia ao país-sede no A. O quinto e o sexto classificados vão para a segunda chave e assim por diante. Vejamos, portanto, como ficam as chaves.

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Já se sabe que a equipe de José Roberto Guimarães, atual quarta colocada no ranking, ficará na primeira chave ao lado de Japão e da seleção sérvia, campeã mundial, bicampeã europeia e uma das grandes favoritas ao ouro nos Jogos. O segundo grupo, também fortíssimo, será formado pela China, atual campeã olímpica e da Copa do Mundo, Estados Unidos e Rússia.

A partir daí, não é possível assegurar nada, apenas fazer conjecturas. O primeiro ponto a se ressaltar é que a situação pode se complicar bastante para o time verde e amarelo no seguinte cenário: se a seleção holandesa, anfitriã da repescagem europeia de janeiro, conseguir a classificação, ela automaticamente irá para a chave B. Neste caso, a Itália, vice-campeã mundial, entrará na chave das brasileiras. Assim, para começar, o grupo poderá ter Brasil, Japão, Sérvia e Itália.

Além disso, se a Coreia do Sul, do técnico italiano Stefano Lavarini, vencer o classificatório asiático, o que não é algo difícil de ocorrer, ela também irá para o grupo do Brasil. Sem falar na República Dominicana, campeã pan-americana que cresceu muito nesta temporada.

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Favorita absoluta no Continental da Norceca, a equipe do brasileiro Marcos Kwiek também poderá ser um dos adversários das bicampeãs olímpicas. Deste modo, teríamos uma chave A com sérvias, japonesas, italianas, sul-coreanas e dominicanas.

Ainda que com as possíveis pedreiras à vista, não há como negar que é melhor entrar em um torneio de tiro curto como a Olimpíada encarando logo os times mais fortes. Não custa lembrar que o técnico José Roberto reclamou abertamente à época da Rio 2016 pela seleção ter caído em uma chave "fácil" na primeira fase.

Isto porque as brasileiras pouco foram exigidas, batendo rivais de menos peso no cenário internacional. Com isso, passaram para as quartas de final em primeiro lugar e acabaram eliminadas pelas chinesas, que começaram mal no "grupo da morte" que ainda tinha Sérvia e Estados Unidos, mas se recuperaram no decorrer da competição e conquistaram o ouro olímpico.

Outra possibilidade um pouco mais favorável seria se tanto Coreia do Sul quanto Holanda não se classificassem. Se as europeias, por exemplo, não garantirem a vaga na repescagem, que promete ser duríssima, perdendo para Alemanha ou Polônia, que estão em uma posição abaixo no ranking, a Itália irá para a chave B, uma vez que holandesas e italianas estão na sexta e oitava posições, respectivamente.

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Há várias outras configurações possíveis – a própria Colômbia, do brasileiro Antonio Rizola, que conquistou uma vitória histórica contra o Brasil nos Jogos Pan-Americanos, perdendo depois para a seleção no Sul-Americano, também pode integrar o grupo A se passar no Pré-Olímpico local.

Se der Turquia no classificatório europeu, por exemplo, há grande chance do time do italiano Giovanni Guidetti, atual vice-campeão europeu, também fazer parte do grupo A. A Turquia andou dando bastante trabalho para a seleção neste ciclo olímpico, mas acabou superada pelas brasileiras no último encontro na Liga das Nações. Aguardemos, portanto, como os grupos serão completamente definidos em janeiro.

MASCULINO

Seleção masculina poderá integrar "grupo da morte" em Tóquio

Se for preservado, o regulamento será o mesmo para a determinação do chaveamento no masculino. O Japão, que fez bonito na última Copa do Mundo e que certamente tentará aprontar para cima de algum "grande" nos Jogos em casa, será cabeça de chave no grupo A. Assim, a equipe de Renan Dal Zotto, campeã da Copa e líder absoluta do ranking mundial desde 2003, já está definida no grupo B ao lado dos norte-americanos.

Seguindo o que já está estabelecido, a bicampeã mundial Polônia e a vice-campeã olímpica Itália vão compor o grupo A com os japoneses. Os russos, bicampeões da Liga das Nações e uma das equipes mais fortes da atualidade, e os emergentes argentinos, liderados pelo técnico Marcelo Mendez, também estarão no grupo B. Logo, já temos aí uma chave "cabeluda" para os comandados de Renan com americanos, russos e argentinos.

A partir daí, assim como no feminino, podemos fazer algumas inferências que só serão avalizadas nas repescagens continentais. Por exemplo, se canadenses e iranianos – sétimo e oitavo no ranking – vencerem seus respectivos torneios, eles irão automaticamente para o grupo que já tem Japão, Polônia e Itália.

O Canadá, no entanto, não encontrará facilidade no Continental da Norceca, pois terá pela frente um adversário que almeja reviver seus grandes momentos na história da modalidade. Cuba, atual vice-campeã pan-americana, tem um grupo jovem e talentoso que ainda contará com o reforço de nomes importantes, como o meio de rede Simon, o levantador Hierrezuelo e o oposto Sanchez, que jogou pelo Vôlei Um Itapetininga na última Superliga.

Com isso, se Cuba passar, a configuração dos grupos será diferente. Ocupando a décima oitava posição no ranking, a equipe poderá integrar a chave do Brasil. Outros diversos cenários poderão ser desenhados com base nisso.

Entretanto, imaginando a possibilidade de que o Canadá e o Irã se classifiquem, as chances de o campeão do Pré-Olímpico europeu ir parar no grupo B aumentarão significativamente, já que a França é a nona colocada no ranking e a Sérvia, campeã europeia, a décima primeira (o Japão ocupa a décima posição, mas já é cabeça de chave no A).

Se esta projeção se confirmar, teremos um "grupo da morte" que proporcionará fortes emoções aos torcedores com brasileiros, americanos, russos, argentinos e sérvios ou franceses. Uma seleção africana, como a egípcia, poderá fechar a chave.

Bicampeã da Liga das Nações e tetra olímpica, a Rússia deverá fazer parte do grupo do Brasil

É verdade que a seleção masculina passou por situação semelhante na Rio 2016. Depois de uma primeira fase bastante sofrida em que perdeu para favoritos, como Itália e Estados Unidos, o Brasil conseguiu avançar em quarto lugar para as quartas de final após bater a França em uma partida dramática. Vivo na competição, o time do então técnico Bernardinho acabou ganhando o tricampeonato olímpico.

Assim como não é impossível que a seleção feminina se recupere e consiga ir longe em Tóquio, o mesmo vale ainda mais para o time de Renan. Com uma equipe que vem crescendo e mostrando cada vez mais consistência em seu padrão de jogo, especialmente após a categórica conquista invicta do terceiro título na Copa do Mundo, a seleção masculina aparece como uma das candidatas ao ouro e tem tudo para chegar a mais uma final. Contudo, terá que enfrentar rivais tão qualificados quanto.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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