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Seleção feminina luta, mas perde o ouro para os EUA na Liga das Nações

Janaína Faustino

07/07/2019 11h01

Seleção feminina de vôlei disputou o ouro da Liga das Nações contra a equipe norte-americana neste domingo (7) (Fotos: Divulgação/FIVB)

A tarefa não era das mais fáceis, mas a exibição de gala na semifinal contra a perigosa Turquia deu confiança às jogadoras e esperanças aos torcedores brasileiros. Só que, um dia após ter feito sua melhor apresentação na temporada, a seleção feminina de vôlei lutou muito, mas não conseguiu deter o poderio de ataque do time norte-americano, que se sagrou bicampeão da Liga das Nações neste domingo (7).

Em jogo difícil em que também voltou a oscilar na recepção, o time brasileiro foi derrotado de virada por 3 sets a 2 (25-20, 25-22, 15-25, 21-25 e 13-15) na cidade de Nanquim, na China.

O começo de partida foi bastante nervoso e a seleção brasileira buscou – com sucesso – colocar a linha de recepção americana em dificuldades com o saque flutuante em cima da ponta Bartsch-Hackley. Entretanto, falhou nas tomadas de decisão tanto na virada de bola quanto nos contra-ataques. Já as rivais compensaram os passes B e C para a armadora Carlini com a força do ataque de Drews e Robinson pelas extremidades.

Vale destacar também que, diferentemente do que aconteceu contra a Turquia, a linha de passe verde-amarela voltou a oscilar sobretudo com Natália. Contudo, com ótimo volume de jogo e defesas importantes, o time se recolocou no set, permitindo a efetividade do bloqueio especialmente com Mara, em grande atuação, e Bia. Foram 6 pontos marcados neste fundamento contra apenas 1 das rivais na parcial. A nota negativa foi a atuação apagada da ponta Gabi no ataque.

Equipe norte-americana saiu perdendo por 2 a 0, mas soube reverter o placar

O confronto seguiu equilibrado na segunda etapa com as as duas equipes oscilando no passe. Foi então que aconteceu uma infelicidade para o Brasil: a saída de Natália, lesionada na perna esquerda. Apesar do baque da perda de uma de suas principais jogadoras, as brasileiras mantiveram a qualidade tática no sistema defensivo, com ótimas coberturas, e boa marcação do bloqueio.

Substituta de Natália, Amanda se sobressaiu no fundo de quadra, além da líbero Leia, que fez excelente partida. As adversárias chegaram a abrir 21-19 na parcial, mas Gabi entrou definitivamente no jogo virando bolas fundamentais na reta final.

O problema foi daí por diante: sem a bola de segurança alta na ponta com Natália para compensar os problemas na recepção, o conjunto brasileiro perdeu bastante poder de fogo tanto no ataque quanto nos contra-ataques na terceira parcial. Em contrapartida, é importante mencionar a evolução americana na recepção com a entrada da experiente capitã e ponta Jordan Larson e a central Tetori Dixon para marcar as bolas rápidas de primeiro tempo da meio de rede Mara. Com isso, o time de Kiraly chegou a abrir dez pontos de diferença no marcador, dominando completamente o set.

Sem Natália para dividir a responsabilidade pela virada de bola, Gabi acabou bastante marcada pelo bloqueio americano

Com o cotejo novamente equilibrado na quarta parcial, o técnico José Roberto apostou na ponteira Tainara no lugar de Amanda. Do outro lado da quadra, as adversárias implementaram uma estratégia de marcação eficiente do bloqueio sobre Gabi, que passou a ser mais uma vez sobrecarregada como bola de segurança da armadora Macris pela entrada. Desta forma, as adversárias abriram 19-15 no placar, contando também com o excesso de erros na virada de bola do time brasileiro na parte final do set.

No tie-break, pautado novamente por grandes ralis e ótimas coberturas de ambos os lados, o septeto brasileiro falhou em momentos decisivos na recepção, possibilitando a abertura de uma pequena vantagem rival. Além disso, a ponteira Gabi, marcada pelo bloqueio, não se saiu bem no sideout, diferentemente da oposta Lorenne, que virou bolas importantes.

O jogo acabou decidido, no entanto, em um erro da central Carol, que, ao tentar o bloqueio, tocou na antena. Assim, o adversário confirmou a superioridade ofensiva e fechou a partida (ao total, as americanas venceram o jogo por 73 a 58 no ataque). Por outro lado, as brasileiras bloquearam melhor (15 a 11).

Entre os destaques individuais, a oposta Andrea Drews saiu da partida como a maior pontuadora com 33 acertos, seguida de sua colega de posição Lorenne, com 20 e da ponteira Gabi com a mesma pontuação. Robinson também apareceu com 15 bolas no chão.

A oposta Lorenne cresceu bastante de produção na fase final da competição

A prata é a primeira medalha da equipe dirigida por José Roberto Guimarães no campeonato, já que no ano passado terminou na quarta colocação. O segundo lugar coroa uma temporada de superação de um time que investiu em novos valores e foi avançando aos trancos e barrancos na exaustiva Liga das Nações.

Em que pese a campanha de 11 vitórias e 4 revezes na fase classificatória, o conjunto verde-amarelo teve um desempenho repleto de altos e baixos ao longo da competição. Além da espantosa inconstância demonstrada inclusive diante de seleções que, apesar do crescimento, ainda integram o segundo pelotão no cenário internacional – como a Polônia, a República Dominicana, a Alemanha e a própria Turquia -, a equipe sofreu em vários momentos com um passe claudicante – que voltou a ocorrer nesta final – e deficiências no ataque decorrentes da pouca eficiência na saída de rede, gerando uma dependência excessiva da virada de bola de Gabi na etapa preliminar do torneio.

Some-se a isto o processo conturbado de preparação para o início da temporada de seleções, em que Zé Roberto precisou enfrentar obstáculos, como pedidos de dispensa de inúmeras jogadoras, anúncios de aposentadoria e problemas de saúde como o da oposta Bruna Honório, atleta que foi um dos destaques da Superliga pelo campeão Itambé Minas e que seria uma aposta do treinador para substituir a titular Tandara.

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Neste cenário adverso, a surpreendente medalha de prata em uma competição também esvaziada por algumas das principais forças mundiais em ano de Pré-Olímpico, como a China – que sediou o Final Six jogando com uma equipe B – e a Sérvia, atual campeã mundial que nem se classificou porque poupou todas as titulares, foi um resultado bastante satisfatório.

Pelo lado norte-americano, o bicampeonato premia uma equipe fortíssima que sabe se renovar como poucas. Com um dos elencos mais fartos do mundo, Kiraly se deu ao luxo de abrir mão de atletas de prestígio internacional, como a levantadora Carli Lloyd, ex-Praia Clube, a ponteira Kimberly Hill e a oposta Karsta Lowe.

Em contrapartida, utilizou a competição para testar jovens valores extraídos da liga universitária, que não para de revelar talentos. Entre eles, a armadora Jordyn Poulter, já profissional, a meio-de-rede Dana Rettke e a oposta Jordan Thompson, ainda universitárias.

O bronze da Liga das Nações 2019 ficou com a anfitriã China, que superou a Turquia por 3 a 1 (23-25, 15-25, 25-20 e 21-25), obtendo a mesma colocação da temporada passada.

Ouça o segundo episódio do Voleicast, o podcast de vôlei do Saída de Rede

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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