Mais constante, Civitanova bate Cruzeiro e ganha Mundial pela primeira vez
Em sua terceira participação e com duas medalhas de prata na história do Mundial de Clubes masculino de vôlei, o italiano Lube Civitanova finalmente quebrou o jejum. O atual campeão europeu ganhou o troféu da competição na tarde deste domingo (8), vencendo o tricampeão Sada Cruzeiro em Betim, Minas Gerais, por 3 sets a 1, parciais de 25-23, 19-25, 31-29 e 25-21. Assim como no feminino, a Itália, portanto, também domina o torneio no naipe masculino. O bronze ficou com o russo Zenit Kazan, que superou o catari Al-Rayyan em sets diretos (25-21, 25-18 e 25-17).
A torcida azul não decepcionou. No embalo da contundente vitória sobre o Zenit na semifinal, os cruzeirenses abarrotaram o ginásio Divino Braga, empurrando os comandados do argentino Marcelo Mendez do início ao fim. E viram a equipe da casa jogar de igual para igual – até metade do primeiro set – com o poderoso rival que tem em seu plantel o meio de rede Simon, que deixou o clube de maneira conturbada, e o ponteiro Leal, jogador que fez história com a camisa celeste.
Na reta final da parcial, o Cruzeiro deixou o Civitanova abrir 22 a 18, mas, com muito volume de jogo e bom rendimento nos contra-ataques, conseguiu o empate. Contudo, a categoria de Juantorena e Leal na virada de bola, além do saque potente de Simon, sacramentaram a vitória italiana. Os erros do time mineiro (9 ao total), sobretudo no serviço e nas ações ofensivas, também contribuíram para o crescimento do adversário.
A temperatura do jogo subiu a partir do set subsequente. Com provocações de parte a parte e discussões com a arbitragem, as equipes seguiram trocando pontos. Com baixo aproveitamento no sideout, o ponta canadense Gordon Perrin deixou a quadra, dando lugar ao experiente Filipe, que, a partir de uma passagem espetacular pelo saque, incendiou o ginásio e ajudou o time a abrir 17 a 13 no marcador.
O forte saque cruzeirense seguiu minando a confiança da linha de passe italiana, que não mais conseguiu entregar as bolas nas mãos do levantador brasileiro Bruno. Vale apontar, ainda, a evolução da Raposa no bloqueio, algo que também desestabilizou emocionalmente o adversário. Com isso, o conjunto liderado por Fefe De Giorgi ainda cometeu erros de saque e ataque que favoreceram o empate na partida.
O duelo permaneceu bastante equilibrado na parcial complementar – até mesmo nos erros de saque. O representante brasileiro, entretanto, se mostrou mais produtivo no sistema defensivo, perturbando os atacantes italianos (destaque para o líbero Lukinha). Tetracampeão mundial com o Trentino, o ponta Juantorena, no entanto, em grande atuação, foi o desafogo do levantador Bruno para a construção de uma pequena vantagem de 3 pontos. Inseguro no sideout, o oposto luxemburguês Rychlicki foi pouco utilizado.
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Só que as bolas pela entrada de rede com Juantorena e Leal acabaram deixando o jogo do Civitanova bastante marcado, facilitando a leitura do bloqueio azul, a construção dos contra-ataques e o empate até o fechamento. E em um final emocionante e disputado ponto a ponto, ambos os times salvaram vários set points. A equipe mineira, entretanto, não soube confirmar os pontos nos contra-ataques, e a parcial acabou decidida em um ataque de Juantorena.
O Cruzeiro "baixou a guarda" no quarto set. A despeito do equilíbrio tático maior e da distribuição mais homogênea por parte do armador Cachopa, a equipe cometeu erros cruciais no ataque e principalmente no saque, deixando os italianos despreocupados com a virada de bola. O técnico Marcelo Mendez ainda tentou alterar o panorama do confronto, lançando o oposto reserva Luan e promovendo o retorno de Perrin à quadra.
Entretanto, mesmo sem Juantorena, que sentiu uma lesão e saiu momentaneamente do jogo na reta final do set, e Bruno, substituído pelo levantador belga D'hulst, o Civitanova manteve a regularidade, sobretudo no saque. A equipe celeste, por outro lado, se perdeu nas falhas e não teve fôlego para buscar a virada. Assim, o Lube, prata na edição 2018 do campeonato, levantou o caneco pela primeira vez em sua rica história.
O maior pontuador do jogo foi o argentino Conte, que fez, mais uma vez, uma partida extraordinária. Ele pontuou 21 vezes, seguido do oposto Evandro, com 12, e de Isac que colocou 10 bolas no chão. Pelo lado italiano, Juantorena e Leal marcaram 20 pontos.
Apesar de não ter conseguido o tetracampeonato mundial, é importante salientar que o saldo é positivo para o Cruzeiro. A equipe demonstrou um padrão de jogo e um nível de atuação que não vinha apresentando neste início de temporada. Além da segurança evidente do levantador Cachopa, que já tinha mostrado amadurecimento na temporada de seleções, o que vimos neste Mundial de Clubes foi um time com padrão tático bem definido, como é característica das equipes treinadas por Marcelo Mendez, a despeito de todas as mudanças realizadas para esta Superliga pré-olímpica.
E com atletas decisivos, casos do oposto Evandro, que melhorou o rendimento, e do ponta argentino Conte, recém-chegado que fez um excelente campeonato tanto no passe quanto no ataque. Entre outros destaques positivos, o líbero Lukinha, ótimo na recepção e nas coberturas de defesa, e o canadense Perrin, que, apesar de ter tido um aproveitamento inconstante na virada de bola especialmente na decisão, se sobressaiu no passe e no fundo de quadra. Assim, com a performance no Mundial, a tendência é que a equipe cresça mais na Superliga, onde vinha tendo desempenho irregular, dando mais trabalho aos adversários.
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