Leal comanda virada e seleção masculina garante vaga em Tóquio 2020
Era de conhecimento geral que a naturalização de Yoandy Leal daria um toque a mais de qualidade para a seleção brasileira masculina de vôlei. Mas, na tarde deste domingo (11), o cubano deu sua primeira grande contribuição ao voleibol verde-amarelo ao liderar a virada do time nacional diante da Bulgária em partida válida pela chave A do primeiro Pré-Olímpico para Tóquio 2020. Em duelo emocionante, os comandados de Renan Dal Zotto bateram o time da casa e sua fanática torcida de virada, por 3 sets a 2, parciais de 23-25, 19-25, 32-30, 25-16 e 15-11.
Disputado diante dos olhos de seis mil pessoas no Palácio de Cultura e Esportes de Varna, a decisiva partida pode ser dividida em duas partes: até o fim do terceiro set, o Brasil teve uma de suas piores atuações da temporada, com saque ineficiente e baixo aproveitamento na virada de bola. Longe da Olimpíada desde Londres 2012, a Bulgária chegou até mesmo a ter o match point, mas psicologicamente sentiu demais o baque a partir do momento que não conseguiu fechar o jogo, errando demais nas duas parciais decisivas.
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A virada brasileira significa que a América do Sul terá três representantes na Olimpíada de Tóquio, já que a Argentina também assegurou seu lugar neste fim de semana ao passar por um grupo que tinha Canadá, Finlândia e China. Esta vaga será decidida em um Pré-Olímpico continental em janeiro. Será justamente contra seus vizinhos europeus que a Bulgária agora terá que lutar para voltar a participar dos Jogos, algo que não acontece desde Londres 2012.
Os demais times que carimbaram o passaporte rumo ao Japão neste fim de semana foram os Estados Unidos, a Rússia, a Polônia e a Itália. Por ser sede, os japoneses já tinham sua presença confirmada.
Grande destaque individual do jogo, Leal marcou 22 pontos, sendo 21 de ataque e um de bloqueio. Pela Bulgária, o oposto Tsvetan Sokolov foi o responsável por colocar 19 bolas no chão.
ATUAÇÃO TENEBROSA ANTES DA RETOMADA
O que se viu na seleção brasileira nos dois primeiros sets foi uma repetição dos erros cometidos na fase final da Liga das Nações, onde a equipe terminou apenas na quarta colocação depois de liderar a fase classificatória: saque que, quando não acabava em erro, pouco incomodava o adversário, sistema de bloqueio-defesa perdido e dificuldades na recepção do serviço flutuante.
Para piorar, as atuações individuais também estavam abaixo da média: o levantador Bruno, por exemplo, distribuiu mal o jogo e foi impreciso tecnicamente, enquanto o oposto Wallace nem de longe lembrava o jogador que foi o destaque da conquista do ouro na Olimpíada do Rio. Embalada pela torcida, a Bulgária não só contava com a força de Sokolov, seu principal jogador, como também via boas performances de Martin Atanasov e Rozalin Penchev, substituto de Todor Skrimov, que virou o pé logo no começo da segunda parcial. Ex-Sesc, Penchev superava sua dificuldade no passe ao optar, sempre que possível, pelo toque para iniciar os contra-ataques.
Foi então que Dal Zotto agiu, colocando Ricardo Lucarelli no lugar de Maurício Borges para aumentar o poderio do ataque brasileiro. O saque também melhorou e o Brasil passou a pressionar a Bulgária, que se via cada vez mais pressionada por um resultado histórico. Na base do sufoco, a seleção conseguiu evitar a derrota em um eletrizante terceiro set.
LEAL BRILHA NO ATAQUE
A sobrevivência mudou o equilíbrio psicológico da partida, deixando os brasileiros cada vez mais confiantes. Isso é especialmente válido para Leal, que passou a ser a bola de segurança de Bruno, mas também pôde ser visto com Lucarelli e, principalmente, Wallace, agora o desafogo quando a marcação sobre os ponteiros apertava e uma ótima opção no saque. À frente do placar desde o começo do quarto set, o Brasil obrigou o técnico rival, Silvano Prandi, a desistir da etapa, gradativamente poupando seus titulares para o inevitável tie-break.
A tática, porém, não foi bem sucedida: apesar de a Bulgária ter equilibrado um pouco mais as ações no quinto set, a confiança brasileira, especialmente de Leal, já estava lá em cima. O cansaço físico também passou a pesar e, conforme o Brasil impunha sua vantagem, o barulhento ginásio foi se silenciando de resignação. No último ponto, o time da casa ainda recorreu ao desafio em busca de um milagre que salvasse a partida, mas as imagens mostraram que nada irregular aconteceu e a vaga era mesmo do Brasil.
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