Sob desconfiança, Brasil estreia na fase final da Liga das Nações masculina
Jogos muito bons alternados com derrotas contundentes. Se fosse preciso eleger apenas uma palavra para definir a campanha da seleção brasileira masculina de vôlei na Liga das Nações masculina, "oscilação" seria uma ótima escolha. Com uma campanha de dez vitórias em 15 jogos, a equipe comandada pelo técnico Renan Dal Zotto estreia na fase final da disputa nesta quarta (4), às 15h45 (horário de Brasília), em Lille (França), diante dos donos da casa.
A trajetória irregular no torneio ainda colocou outra pedreira no caminho do Brasil rumo às semifinais: a Sérvia, adversário de quinta-feira (5), também às 15h45. Na outra chave, Estados Unidos, Rússia e Polônia disputam as duas vagas restantes nas semis.
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A boa notícia para a comissão técnica é o retorno do central Maurício Souza, que desfalcou a equipe nas últimas semanas por conta de uma lesão muscular abdominal. "Estou me sentindo muito bem e com muita vontade de chegar lá, jogar, ajudar e, acima de tudo, sentir a honra de vestir novamente essa camisa do Brasil", comentou o jogador. Já o ponteiro Lipe, com uma lesão no cotovelo, segue fora da equipe, assim como Ricardo Lucarelli, que sequer defendeu a seleção este ano por ainda não estar recuperado da ruptura total do tendão de Aquiles da perna direita sofrida ainda na Superliga.
Diante deste cenário, fica claro que a entrada de rede é o grande problema da seleção no momento. Além de o passe não ter conseguido se ajustar ao longo de todo o torneio, o que dificulta as jogadas pelo meio, falta uma alternativa ofensiva ao oposto Wallace, segundo maior pontuador da competição, com 215 bolas no chão – para efeito de comparação, o segundo brasileiro a aparecer nesta estatística é Maurício Borges, o 20º colocado, com 140 pontos.
Diante da má fase de Douglas Souza, Renan se viu obrigado a chamar às pressas Lucas Loh, que realmente deu maior estabilidade para a equipe nas vitórias sobre a Austrália e Polônia na última etapa da fase classificatória, realizada em Melbourne. O revés por 3 a 0 diante de uma desfalcada Argentina no encerramento desta rodada, porém, foi um tropeço capaz de afetar a animação da torcida. Fica a dúvida: que seleção brasileira vai se apresentar em Lille? A que superou Sérvia e Estados Unidos com autoridade ou a que foi presa fácil de França e Canadá?
Campeã da edição 2017 da Liga Mundial, torneio que a Liga das Nações substitui a partir deste ano, a França ostenta o favoritismo não só pelo histórico, mas também pela qualidade de seu elenco, que mistura nomes já consagrados, como o excelente Earvin Ngapeth, com uma nova geração talentosa, caso do oposto Stephen Boyer. Líder da fase classificatória, com apenas três derrotas, o time ainda está mais descansado que os principais rivais, já que atuou somente dentro da Europa, ao passo que a seleção brasileira, por exemplo, percorreu o equivalente a duas voltas ao mundo apenas para jogar a Liga das Nações.
Não se pode também ignorar a força da Rússia, que está disposta a figurar novamente no pódio das principais competições intercontinentais – o último pódio na Liga Mundial, por exemplo, foi o título em 2013. De volta à equipe depois de uma briga com a federação local, Dmitriy Muserskiy chega à França com 68% de aproveitamento no ataque, um número para lá de respeitável. Os Estados Unidos, de Matt Anderson, é mais uma seleção que não pode ser ignorada, ao passo que Sérvia e Polônia vivem um momento como o do Brasil: instável, apesar da tradição.
Independente do que aconteça, a fase final da Liga das Nações masculina será um ótimo aperitivo para o Campeonato Mundial, programado para entre 9 e 30 de setembro na Itália e na Bulgária. Resta saber quem sairá de Lille com mais e quem sairá com menos moral.
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