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Zé Roberto fala sobre Garay: “Preocupante, mas as portas estão abertas”

Carolina Canossa

02/04/2018 12h26

Em "forma excepcional" na visão de Zé Roberto, Garay pretende se dedicar à família (Foto: Divulgação/CBV)

Mal acabou sua participação na Superliga feminina de vôlei, onde levou o Hinode Barueri até as quartas de final, José Roberto Guimarães já tem motivos de sobra para quebrar a cabeça. Em ano de Campeonato Mundial, o técnico da seleção brasileira feminina precisa lidar com dúvidas sobre a condição física de jogadoras importantes, tais como Dani Lins, Thaísa e Natália. Para complicar, quem está bem pode não se colocar à disposição de uma convocação para o torneio, caso da ponteira Fernanda Garay.

Após receber o prêmio de melhor técnico do ano na festa do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Zé confirmou que a informação inicialmente divulgada pelo blog "To Fly Volleyball" de que Fernanda pediu dispensa da primeira parte da temporada de seleções para se dedicar à família. Preocupado com a possibilidade de perder uma peça importante na luta por um título que o Brasil ainda não possui, ele agora tenta convencer a jogadora a não se afastar definitivamente do time nacional.

"Não contar com uma jogadora como a Garay é sempre preocupante, mas deixamos as portas abertas para ela nessa conversa que tivemos. Disse a ela: 'Você nunca sabe, sempre pode existir a possibilidade de ela voltar à seleção'. Ficou dessa forma e lógico que a gente sente porque a Fernanda está numa forma excepcional", comentou Zé Roberto, lembrando que esta escolha é normal em jogadoras na faixa dos 30 anos (Garay completa 32 em maio). "Nesta fase, elas estão maduras e bem fisicamente, um período excepcional para jogar na seleção, mas são opções e não temos muito o que fazer", afirmou.

Ponteira prefere comentar sua situação na seleção só depois da Superliga (Foto: Divulgação/FIVB)

 

Procurada pelo Saída de Rede através da assessoria de imprensa de seu clube, o Dentil/Praia Clube, Garay se reservou ao direito de só comentar sua situação na seleção após o término da Superliga. O time mineiro pode obter sua classificação para a grande decisão contra o Sesc-RJ na noite desta segunda (2), quando encara o Vôlei Nestlé fora de casa pela quarta partida da série melhor-de-cinco das semifinais.

Independente dos nomes, quem jogar a final e for convocada já sabe: não terá folga imediatamente. Zé explicou: "Por conta da Copa do Mundo de futebol, a Liga das Nações (antigo Grand Prix) vai começar em maio, sendo que normalmente era no final de junho. Então, vamos treinar direto porque já jogamos no dia 15 aqui no Brasil (…) Quando terminamos a nossa participação na Copa dos Campeões no ano passado, já tínhamos o calendário, então avisei as jogadoras: 'Cuidem-se porque não vamos poder dar folga'. Ela será dada após a Liga das Nações".

Apesar de não ter revelado nenhum nome que será convocado (a lista deve ser divulgada em 15 ou 16 de abril), Zé mais uma vez deixou claro que a oposta Tifanny Abreu está no radar da temporada – além da Liga das Nações, o Brasil disputará a Copa Pan-americana a partir de 6 de junho e o Mundial a partir de 29 de setembro. "Repito: se a Tifanny é elegível no feminino pelo COI e pela FIVB, é elegível para a seleção. Ela mostrou um bom nível, é uma boa atacante. Acho que tem que melhorar em outros aspectos, mas vamos esperar a convocação. Não posso adiantar nada", desconversou.

Como motivação, Zé usa o ano que lhe rendeu mais um prêmio de técnico do ano pelo COB. "Esse 2017 foi especial principalmente depois de tudo o que a gente passou na Olimpíada. Não somos o melhor time, mas a energia que as jogadoras tiveram e o que esse grupo conseguiu realizar marcou uma característica de luta. Isso é o que mais está motivando a gente nesse ciclo olímpico", destacou. Na temporada passada, o renovado Brasil foi campeão do Grand Prix e do Mountreux Volley Masters e ficou com a prata na Copa dos Campeões.

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HINODE BARUERI

O técnico ainda comentou seu primeiro ano na Superliga à frente do Hinode Barueri, um projeto que iniciou do zero logo após a Rio 2016.

"Para gente, chegar à semifinal seria como se tivéssemos ganhado o campeonato. A meta inicial era estar entre a quinta e a oitava colocação, no meio do caminho é que foram aparecendo oportunidades como a Jaqueline e a Thaisa. Achei que faltou um tempo para algumas jogadoras. A Lloyd (levantadora), por exemplo, fez só dois jogos da fase classificação, nenhum deles contra o Vôlei Nestlé", analisou Zé Roberto. "O mais importante não foi o resultado do quinto lugar, mas sim foi ter 5000 pessoas no nosso ginásio e nos últimos minutos a torcida ensandecida pra tentar ajudar o time. Esse é o legado que vamos deixar, bem como as categorias de base que estão a todo vapor. É uma semente que se plantou", comemorou.

A continuidade do patrocínio da Hinode, inclusive, está garantida para o próximo ano: "Agora vamos ver como as coisas vão se encaminhar no mercado para conseguirmos melhorar o time".

*Colaboraram Demétrio Vecchioli e Sidronio Henrique

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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