Murilo relata drama com doping: "Ninguém sabia o que poderia acontecer"
O uniforme passou a ser diferente dos companheiros de equipe. Em quadra, o hábito de 20 anos indo para as posições de rede está tão arraigado que é preciso fazer um esforço para lembrar que, quando o central saca, é preciso sair de quadra. O posicionamento de defesa ainda traz dificuldades, mas Murilo está feliz. Aos 36 anos, encontrou na posição de líbero uma alternativa para estender uma carreira que nos últimos anos foi marcada por diversas lesões. Ombro, panturrilha, cotovelo, coluna… as dores eram tão constantes que quase o levaram a uma aposentadoria indesejada.
"Me sinto mil por cento melhor. Ficar agachado ainda me incomoda um pouco, mas nem se compara ao desgaste que era atacar, bloquear e sacar", confessou o ex-ponteiro em entrevista ao Saída de Rede logo após a vitória em sets diretos sobre o lanterna Copel/Telecom/Maringá, na noite de quinta-feira (21). Ciente das limitações do próprio corpo, até nos treinos ele evita as cortadas que o consagraram no cenário internacional. "Seria só por diversão e, como eu não vou atacar em nenhum momento da temporada, esquece. É melhor ficar só defendendo e passando até para não ter nenhum problema físico", admitiu.
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O novo passo na carreira de Murilo é ainda mais especial porque marca o retorno dele às quadras após uma suspensão de oito meses por ter testado positivo para o diurético furosemida em um exame antidoping. A defesa do jogador conseguiu provar que o resultado se deu por conta de uma contaminação.
"Foi horrível. A experiência toda foi muito ruim e o julgamento demorado, o que me atrapalhou um pouco, pois me deixou na expectativa. Estava com a minha consciência tranquila de que eu não tinha tomado nada de propósito, mas também tinha a ansiedade de que ninguém sabia o que poderia acontecer porque o código antidoping é muito amplo. Achávamos justa uma punição de três meses, só que infelizmente poderia acontecer qualquer coisa", relatou o jogador, que diz ter aproveitado o tempo parado para ficar com a família e refletir sobre a mudança de posição. A possibilidade de deixar as quadras em definitivo não foi cogitada. "Eu já tinha me proposto a jogar nesta temporada, então eu iria de qualquer jeito, fosse em dezembro ou em fevereiro. Não deixaria o Sesi na mão", declarou.
A maneira que Murilo encontrou para manter uma conexão com o passado de ponteiro é orientando os demais atletas do Sesi: "Tenho condições de ajudar passando experiência no ataque e no bloqueio". Exigente consigo mesmo, ainda avalia que tem muito a melhorar, apesar de ter jogado bem nas duas partidas que fez até agora como líbero – além do duelo contra Maringá, o gaúcho participou da vitória por 3 a 1 sobre o Sesc-RJ no fim de semana passado. "No passe eu consigo me virar melhor, mas na defesa eu ainda tenho muito a evoluir. É uma questão de oportunidade: às vezes a bola não vem na sua direção, então você tem que se posicionar melhor", analisou.
O discurso pé no chão continua quando questionado se, na nova função, Murilo sonha em voltar a defender a seleção brasileira – às vésperas da Olimpíada do Rio, em 2016, o jogador acabou cortado porque a comissão técnica julgou que ele não se recuperaria plenamente de um problema na panturrilha a tempo de participar da competição. Emocionado, chegou a dar entrevistas dizendo que seu ciclo na seleção tinha acabado.
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"É injusto pensar nisso neste momento, até porque só fiz dois jogos nessa posição e tem gente que já começou no vôlei jogando como líbero, trabalhou bastante e está na seleção por méritos. Hoje, preciso me dedicar e corresponder às expectativas no Sesi", despistou o atleta. Ele, porém, não descartou completamente a possibilidade de vestir novamente a camisa amarela. "É difícil falar sim ou não agora. Lá para frente, daqui a uns dois ou três anos, teria que conversar com a família e pensar se valeria a pena não só para mim, mas também para a seleção, se é realmente isso o que eles precisam", comentou.
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