Depoimento: "O dia em que pude participar de um treino da seleção"
Você já imaginou ter a oportunidade de participar de um treino da seleção brasileira masculina de vôlei? Conhecer um pouco dos métodos de preparação, conviver com os jogadores e, ainda que indiretamente, se sentir parte da conquista de um título que viria dias depois? Pois Euclides Bomfim Neto, ou simplesmente Neto, um baiano radicado na França, conseguiu realizar este sonho no último mês de setembro.
Treinador de categorias de base em um clube da região de Paris, o CAJVB, Neto pôde desfrutar deste privilégio graças à amizade com Marcelo Fronckowiak, auxiliar técnico de Renan Dal Zotto, durante o período de adaptação da equipe na Holanda antes da Copa dos Campeões, disputada no Japão. Ambos se conheceram na década passada, durante a estadia de cinco anos do gaúcho na França. Neto, porém, já havia tido um contato anterior com a seleção ainda durante a Era Bernardinho, em 2015, quando foi tradutor do time durante uma passagem do time no país para um amistoso na Cidade Luz.
Desta vez, o baiano deu sua contribuição passando as bolas no trabalho com os levantadores. Apesar de ter bancado os custos da viagem entre França e Holanda do próprio bolso, ele não se arrepende: "Defino esta experiência como uma criança que chega a um parque de atrações que sempre sonhou". Confira abaixo o depoimento exclusivo de Neto ao Saída de Rede:
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O meu contato com a seleção brasileira começou em setembro de 2015 em uma partida amistosa contra a França em Paris. Por ser licenciado como jogador e técnico das categorias de base em um clube da região parisiense, fui convidado pela Federação Francesa de vôlei para ser tradutor e auxiliar os brasileiros durante toda a estadia na cidade.
Pela primeira vez pude estar tão próximo da seleção, algo nunca antes imaginado. A recepção foi muito legal por parte da comissão técnica e dos atletas. O momento mais difícil foi segurar a tietagem, mas, com a missão terminada, pude tirar fotos e dar os passos seguintes com a manutenção do contato.
Em 2016, como espectador, fui acompanhar a seleção na etapa de Nancy da Liga Mundial, a três horas de Paris. Fiquei muito feliz pela lembrança do Juba (Giuliano Ribas, auxiliar técnico), do Fiapo (Guilherme Tenius, fisioterapeuta) e de alguns jogadores mesmo um ano depois. Assistindo ao primeiro treino ainda distante da quadra, pude conhecer o Renan Dal Zotto e Anderson Rodrigues. Empolgado pelos resultados, embarquei para a Polônia para assistir à fase final do torneio. Poder ver todas as potências do vôlei mundial juntas foi um sonho, embora tenha ficado decepcionado com a derrota para a Sérvia na final.
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A mudança da comissão técnica brasileira não me afastou e a chegada do Marcelo Fronckowiak foi fundamental para a realização do meu desejo de participar de um treino da equipe. Em uma conversa informal, comentei que era uma pena não poder ver a seleção este ano. Ele então respondeu: "Nós vamos ficar na Holanda para alguns treinos antes de embarcar para o Japão". Como interessado profissional do esporte, busco sempre aprender e nada melhor para fazer isso do que com os melhores do mundo.
Ao todo, a experiência foi fantástica. Pude estar presente nas refeições, conversar e interagir com os jogadores. Fica a lembrança de um papo legal com o Isac e o Otávio, a atenção do Bruninho e do Mauricio Borges, a alegria de ser reconhecido pelo Lucão, os sempre bem humorados Lucarelli e Tiago, a simpatia e atenção do estatístico Henrique Modenesi… Pude até jogar um 21 (jogo de basquete) com o Renan e com Wallace. Enfim, fui muito bem recebido e todos, sem exceção, foram formidáveis comigo.
Como aprendiz, estive no trabalho com os levantadores, passando as bolas. Aprendi bastante também com muita observação do desenrolar dos treinos, o trabalho árduo dos líberos, as intervenções feitas pelos membros da comissão técnica e a integração de um grupo de 14 jogadores. O que mais me chamou a atenção foi a dinâmica de treinos de saque, uma pequena competição de precisão e intensidade de quem bate mais forte na bola, feita com muito bom humor e alta dose de seriedade. Saí com uma certeza ainda maior que estes rapazes se entregam ao máximo nas competições.
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Os custos totais desta viagem foram meus, mas trata-se de um investimento com alto retorno. Defino esta experiência como uma criança que chega a um parque de atrações que sempre sonhou. Foram três dias intensos que ficarão marcados na minha vida e o melhor foi ver o resultado da dedicação do grupo com o título no Japão. Só tenho a agradecer a todos os membros da comissão técnica e desejo que 2018 seja repleto de sucesso para o vôlei do Brasil.
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