Como explicar a dificuldade da seleção feminina contra rivais asiáticos em 2017?
A bela vitória sobre a vice-campeã olímpica Sérvia parecia um início promissor para a seleção brasileira feminina de vôlei na atual rodada do Grand Prix. Mas aí vieram dois duelos contra seleções asiáticas e tudo mudou: depois do inédito 3 a 0 sofrido diante da Tailândia, na madrugada deste domingo (16) o time comandado pelo técnico José Roberto Guimarães foi derrotado pelo Japão, desta vez por 3 a 2, parciais de 25-22, 26-24, 19-25, 20-25 e 17-15.
O resultado complica as chances de classificação das brasileiras para a fase final da competição: se o time não quiser ficar fora da disputa por medalhas pela primeira vez desde 2003, será preciso conquistar bons resultados contra Bélgica, Holanda e Estados Unidos esta semana em Cuiabá (MT). Afinal, foram somados apenas um dos seis pontos possíveis contra seleções asiáticas até o momento, totalizando nada menos que seis sets perdidos (cinco em sequência).
Mas quais serão as dificuldades apresentadas por esta renovada equipe contra a escola asiática, tradicionalmente caracterizada por muita defesa, velocidade e ataques técnicos? O Saída de Rede tenta explicar:
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1 – Bloqueio facilmente explorado
Quem não assistiu ao duelo contra as nipônicas pode estranhar este tópico. Afinal, está lá na estatística: foram 22 pontos de bloqueio a favor da seleção brasileira. Como então o fundamento pôde ser um problema? Simples: boa parte destes pontos foram basicamente feitos ao longo do terceiro e do quarto set. Assim como já havia ocorrido contra a Tailândia, o Japão conseguiu explorar muito bem os braços das bloqueadoras brasileiras. O resultado é que a defesa ou não chegava na bola ou acabava se atrapalhando. O problema foi minimizado com as entradas de Monique e Carol, que uniram-se a Adenízia, mas até isso acontecer o estrago já estava feito…
2 – Natália irregular
Testada no posto de ponteira de preparação nesta temporada de 2017, Natália não tem correspondido bem ao desafio. Além de a recepção brasileira estar falhando mais do que o desejável, a capitã perdeu rendimento no ataque e vem apresentando pouca variação de golpes. Isso ficou especialmente evidente neste fim de semana, quando as diagonais atacadas das posições 2 e 4 estavam muito bem marcadas pelos adversários. Tandara até conseguiu se adaptar, mas o mesmo não ocorreu com a jogadora do Fenerbahce, que foi mantida em quadra pela comissão técnica.
3 – Falta de jogadas com as centrais
É verdade que o passe não tem ajudado muito, mas a levantadora Roberta poderia ter utilizado mais Adenízia, Bia e Carol como opções ofensivas. É o tipo de bola que as asiáticas tendem a ter mais dificuldades para defender, seja pela trajetória mais curta, seja pela velocidade.
4 – Sistema defensivo perdido
Bem postado contra seleções de mais força física, caso das europeias, o sistema defensivo brasileiro claramente sentiu a mudança contra times que conseguem jogar rápido mesmo quando a recepção não é a ideal. Não bastasse ser bastante explorado, o bloqueio constantemente chegava quebrado, dando pouco tempo para as atletas no fundo de quadra armarem o gesto técnico que possibilitaria um bom contra-ataque. O que mais se viu foi a bola batendo em alguma defensora e indo para fora da quadra…
Coisas que eu acho que acho…
Tomando emprestado o nome da seção criada pelo colega Alexandre Cossenza, blogueiro de tênis aqui no UOL Esporte, vamos a rápidos palpites sobre o que poderia ter sido feito contra as tailandesas e as japonesas:
– Suelen testada em ao menos um dos jogos – Ok, é compreensível que a comissão técnica queira dar espaço para várias jogadoras neste início de ciclo, mas não fez muito sentido ter colocado Gabi de líbero em duas partidas de características parecidas se a intenção era compará-la com Suelen, que vinha de titular até então. Talvez o melhor fosse ter colocado a atleta que defendeu o Vôlei Nestlé em algum jogo da rodada anterior e a nova defensora do Dentil/Praia Clube em uma das partidas do fim de semana para ver como ela se sairia diante da escola oriental;
– Tandara como ponteira – Muita gente não entendeu porque a oposta foi sacada ao longo da partida para dar lugar a Monique, já que vinha com um bom índice de virada de bolas. A resposta é simples: ela não estava efetiva no bloqueio e nem na defesa. Não por acaso, o Brasil chegou ao empate com a atacante reserva em quadra. Só que, diante desta situação e do fato de Natália não estar bem, uma alternativa era ter colocado Tandara na entrada, posição que ela já exerce no clube;
– Nova levantadora – É um fato que levantadora precisa de rodagem. Provavelmente essa foi a intenção de Zé Roberto ao bancar tanto a opção por Roberta, ainda que a armadora do Sesc-RJ não estivesse bem. Mesmo assim, não custava ter dado uma chance de verdade para a reserva Naiane ao longo do jogo, especialmente devido à insistência de a titular acionar as extremidades, deixando de lado as bolas chinas e de meio fundo.
Depois destes dois baques, é hora de ver se esse time terá a força mental para reagir no próximo fim de semana e buscar a classificação no último Grand Prix da história. A longa viagem de volta ao Brasil será um obstáculo extra, mas o fato de não haver asiáticos no grupo já traz um certo alívio para a torcida verde-amarela.
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