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Por seleção brasileira, líbero Suelen faz cirurgia bariátrica e perde 32 kg

Carolina Canossa

22/06/2017 06h00

Líbero perdeu 32 kg desde que reduziu a capacidade do estômago (Fotos: Divulgação)

Não importa o quão boas fossem as atuações ou as conquistas que Suelen Pinto acumulava ao longo da carreira: sempre rondando os 100 kg, a líbero de 1,69m volta e meia precisava lidar com comentários maldosos ou questionamentos sobre o fato de estar acima do peso considerado ideal para uma atleta de alto nível. Não faltaram esforço e nem força de vontade, mas fatores genéticos minavam o sucesso das tentativas de emagrecimento da jogadora.

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Foi então que Suelen tomou uma atitude radical: submeter-se a uma cirurgia bariátrica, popularmente conhecida como redução de estômago, cujo objetivo é reduzir o peso de pessoas consideradas obesas. Ainda que os exames médicos não apontassem nenhum problema de saúde, Suelen decidiu fazer o procedimento porque julgou que, assim, teria mais chances de integrar a seleção brasileira – apesar de ter sido convocada algumas vezes ao longo dos últimos anos, ela nunca conseguiu se manter no grupo comandado pelo técnico José Roberto Guimarães nas principais competições do mundo.

Suelen (de casaco amarelo) voltou à seleção depois de boa temporada na Itália

Deu certo: 32 kg mais magra, a líbero fez uma excelente temporada na Itália pela equipe do Foppapedretti Bergamo e se tornou uma das principais apostas de Zé Roberto no início deste ciclo olímpico visando Tóquio 2020. Há 12 dias, foi titular na equipe que conquistou o Montreux Volley Masters, torneio amistoso disputado na Suíça, e agora se prepara para o Grand Prix, o Sul-americano e a Copa dos Campeões.

"Com o passar dos anos, você ganha um pouco mais de consciência e uma coisa que eu sempre quis foi seleção. Depois do ciclo do Rio, eu pensei que poderia ser a minha vez. Foi quando eu tentei focar pra ver se as coisas melhoravam", comentou a atleta, em entrevista exclusiva ao Saída de Rede. O processo acabou sendo tão natural que ela nem se lembra se passou pela bariátrica em 2015 ou 2016. "Fui perdendo peso aos pouquinhos, porque a minha cirurgia não foi aquela versão invasiva que você perde tudo de uma vez. Fiz com um dos melhores médicos de São Paulo que me explicou que não seria fácil, mas minha recuperação acabou sendo bem tranquila", destacou.

Os efeitos colaterais da cirurgia foram poucos e não atrapalharam a carreira de Suelen. "Acho que a gente que é atleta aguenta muito mais que uma pessoa normal", opinou a jogadora.

Mesmo acima do peso, jogadora era ágil e não tinha problemas de saúde

Volta inesperada

Além da questão física, Suelen precisou lidar com outros problemas no caminho de volta à seleção brasileira. No fim da temporada passada, por exemplo, ela vinha desgastada por uma temporada ruim no Sesi, que, apesar do alto investimento na ocasião, com jogadoras como Fabiana e Jaqueline, correu risco de sequer ir aos playoffs da Superliga e acabou eliminado nas quartas de final. Com consequência, a verba da equipe foi drasticamente diminuída e a participação no torneio na edição de 2016/2017 limitou-se a uma equipe formada por jovens atletas.

"Não imaginava que agora já estaria na seleção de novo, pois eu não saí do Sesi em uma fase muito boa. Houve várias coisas lá que não vem ao caso e não sabia como seria jogar no exterior, se seria difícil ou bom. Foi um contrato difícil. Teoricamente, cheguei ao Bergamo para ser a segunda líbero (ao lado da experiente Paola Cardullo), mas nos treinamentos comecei a ganhar meu espacinho e valeu muito a pena. Abriu as portas pra mim na seleção de novo", comemorou.

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Para ela, a principal evolução obtida na Europa foi em termos de comunicação com as companheiras. "Como eu conheço a maioria das jogadoras aqui, você sabe o que elas estão pensando em quadra só de olhar. Mas lá eu tive que me comunicar melhor, então estou muito mais falante agora", avaliou.

Para a próxima temporada de clubes, a ex-levantadora já fechou contrato com o Dentil/Praia Clube, de Uberlândia. O acordo representa uma volta à Minas Gerais natal onde também iniciou carreira e aprendeu a dar um dos toques mais bonitos do voleibol na atualidade. "Acho que é muito treino. A escola de vôlei em Minas prioriza muito os fundamentos. Eu ficava duas horas tocando e dando manchete na parede. Tudo isso ajuda", sorri Suelen.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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