Risco com S/A e patrocínio zero: por que Botafogo fechou time de vôlei
Por Demetrio Vecchioli, do blog Olhar Olímpico
O Botafogo esperou até os 45 minutos do segundo tempo para tomar uma decisão que já era especulada há mais de uma semana: retirar seu time masculino de vôlei do Campeonato Carioca e, mais importante, da Superliga, para a qual havia conquistado o acesso em abril, na quarta tentativa. O anúncio veio nesta quarta (30), horas antes da semifinal do Estadual.
"Buscou-se por esses meses o recurso para bancar o time, mas chegou no momento da estreia não temos recurso. Não dá para ficar aguardando um valor que você não tem certeza. Já era certo que se não tivesse o dinheiro em caixa o processo não iniciaria, então ficou decidido que não tem como ir adiante", explica Gláucio Cruz, diretor geral de Esportes do Botafogo.
Até abril, quando enfim conseguiu o acesso depois de três temporadas parando na semifinal da Superliga B, o Botafogo bancava sua equipe de vôlei em parte com recursos próprios e, em parte, de patrocinadores. Assim como o basquete para o Flamengo, o vôlei é parte importante da história do clube alvinegro, maior campeão estadual, onde jogaram Bebeto de Freitas, Ary Graça (presidente da FIVB, a Federação Internacional de Vôlei) e Carlos Arthur Nuzman (ex-presidente do COB).
Segundo o diretor de Esportes, para a temporada de estreia na Superliga ficou decidido que o clube não assumiria nenhum compromisso financeiro. Todo o orçamento precisaria vir de outras fontes de recursos, até porque o Botafogo espera em breve se transformar em uma S/A (sociedade anônima), criando uma empresa para gerir o futebol. O restante do clube, o que inclui o vôlei, vai precisar sobreviver com recursos próprios.
Para não assumir uma dívida que posteriormente não teria como arcar, o Botafogo diz que não assinou contrato com nenhum dos jogadores que treinam no clube desde julho. De acordo com Cruz, o grupo, liderado pelo experiente Lorena, estava ciente do risco de a equipe não vingar. A folha salarial seria de cerca de R$ 150 mil ao mês – a temporada tem 10 meses.
Via lei estadual de incentivo, a operadora de telefonia Tim oferece apoio para os esportes amadores dos grandes clubes cariocas. O Fluminense utiliza o dinheiro com sua equipe de vôlei feminino e o Flamengo com o basquete masculino. O Vasco também beneficiava o basquete, mas este ano decidiu encerrar a equipe que disputava o NBB e utilizar o dinheiro no futebol de base. Pelos "cardeais", que muitas vezes financiam o clube, o Botafogo faria o mesmo. Mas a verba está sendo utilizada no basquete.
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Sem poder contar a Tim, o vôlei chegou a acertar um contrato de patrocínio com a prefeitura de Maricá. Mas, por se tratar de um órgão público, o contrato depende de uma série de formalidades, que não foram cumpridas. Mais recentemente a Ambev se ofereceu para pagar cerca de metade do custo que o Botafogo teria na temporada, mas também por lei de incentivo.
O Botafogo teria que bancar a equipe nos primeiros meses e depois receber o auxílio, o que foi logo descartado pela diretoria. "Eu não ia entrar em competição oficial sem ter como garantia que o clube vai ter conseguir arcar com a temporada inteira. Não tem nenhum dinheiro no clube para garantir a temporada", explica Cruz.
Segundo ele, cabia à área comercial do Botafogo tentar vender cotas de patrocínio. O único acordo firmado para o time de vôlei, válido para o esporte olímpico do clube como um todo, é com o fornecedor de material esportivo, que não paga em dinheiro.
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