Ranking da Superliga: para mudar, atletas devem ir além das redes sociais
Dani Lins, Fabiana, Gabi, Natália, Sheilla, Tandara e Thaisa. Poderia ser a convocação da seleção brasileira de vôlei, mas essa lista, na verdade, reúne as jogadoras que se posicionaram abertamente contra a manutenção do ranking da Superliga feminina por mais um ano. Criada na temporada 1992/1993, a regra determina quais são as melhores jogadoras do Brasil e tem como objetivo impedir que todas se reúnam em um só time, evitando um suposto desequilíbrio na competitividade do torneio – para a temporada 2019/2020, por exemplo, cada equipe só poderá contar com duas elas, classificadas com sete pontos pelos critérios da medida.
O ponto deste texto, porém, não é sobre a justiça ou a efetividade do ranking. Tal discussão é ampla e ambos os lados possuem argumentos válidos. A questão aqui é que, entra ano, sai ano, tão certo quanto a realização mais uma Superliga, é que haverá protestos das atletas contra o ranking. Por que então elas insistem em uma tática que já provou ineficiente? É preciso ir além de posts em redes sociais e ameaças – nesta terça (2) mesmo, Thaisa divulgou um comunicado à imprensa alegando que a manutenção do ranking aumentam suas chances de jogar fora do país.
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Pois esta é justamente uma das soluções: se os protestos pacíficos não estão dando resultados, é hora de partir para atitudes mais contundentes. Todas as "sete pontos" insatisfeitas, por exemplo, poderiam decidir somente fechar com clubes que votaram contra o ranking ou do exterior enquanto a medida prevalecer – mercado para isso certamente não falta para elas. Trata-se de uma medida que afetaria diretamente os times, os responsáveis de fato pela continuidade da lista (a CBV dá o poder de decisão a eles, com cada uma das dez melhores equipes da Superliga tendo direito a voto junto com um representante da comissão dos atletas). Sem dúvida, é um sacrifício do ponto de vista pessoal, mas vale pelo causa, não?
Outra solução é seguir o exemplo dos jogadores do masculino, "infiltrando-se" no sistema de decisões: ex-jogadores como Gustavo Endres e Giovane Gávio viraram dirigentes/técnicos e tiveram grande influência na mudança. Já no feminino, qual ex-atleta se interessou por seguir caminho semelhante? Uma terceira alternativa é pressionar a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) no que, de fato, ela deve ser pressionada: aumentar o poder de voto dos atletas para tentar equilibrar a eleição em que também participam os clubes.
Se continuarem apenas nas redes sociais, é provável que tais jogadoras se aposentem vendo o ranking em vigor, enquanto buscam explicações erradas, como o machismo (algo muito presente no esporte brasileiro, mas que não se aplica ao caso).
Em tempo: na última votação, apenas o Dentil/Praia e a comissão dos atletas votaram pelo fim do ranking. Todos os demais times optaram por seguir com a medida, que também classificaram como sete pontos as levantadoras Fabíola e Macris e as ponteiras Fernanda Garay e Tifanny Abreu.
Em tempo 2: acabar com o ranking é importante, mas o problema do vôlei brasileiro vai além disso e envolve a capacidade financeira dos clubes de bancarem o salário pedido pelas atletas.
Em tempo 3: no ano passado, houve até uma tentativa de intervenção judicial no ranking feminino, mas não deu em nada e nem se fala mais nisso.
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