Topo

Saída de Rede

Praia Clube mina ataque de Bauru e Minas oscila na estreia das semifinais

Janaína Faustino

02/04/2019 06h00

Praia Clube fez um de seus melhores jogos na temporada diante do Sesi Bauru (Foto: Marcelo Ferrazolli/Sesi Bauru)

Confirmando as expectativas, Itambé Minas e Dentil Praia Clube saíram na frente rumo à grande final da Superliga feminina de vôlei. No primeiro duelo da semi, nesta segunda-feira (1), o Sesi Bauru foi facilmente superado pelo campeão da competição por 3 sets a 0 (15-25, 15-25 e 20-25). A equipe minastenista também derrotou o rival Osasco Audax por 3 a 1 (24-26, 25-15, 25-17 e 25-13), mas enfrentou dificuldades.

Em busca do bicampeonato na competição, o Praia Clube foi até o ginásio Panela de Pressão, em Bauru (SP), e fez uma de suas melhores partidas na temporada, mostrando todas as suas credenciais no primeiro jogo da série. Em sua quarta participação consecutiva nas semifinais da Superliga, o time de Paulo Coco dominou o rival do início ao fim, investindo em um serviço forçado que desmontou completamente a recepção do campeão paulista.

Com isso, após ter apresentado evolução no último confronto das quartas de final, a linha de passe bauruense voltou a mostrar vulnerabilidade. Para se ter uma ideia, o Praia Clube fez 11 aces no jogo.

Dessa forma, sem o passe nas mãos, a levantadora Fabíola teve enorme dificuldade para armar suas jogadas, recorrendo às bolas altas nas pontas. Aliás, bastante concentrado e equilibrado taticamente, o time mineiro anulou as ações ofensivas do rival com um bloqueio ajustado que, quando não se convertia em pontos diretos, amortecia diversas bolas, gerando contra-ataques importantes.

É necessário enfatizar a performance do ataque praiano (foram 60 pontos contra 36 das rivais), sobretudo com a oposta Nicole Fawcett, que terminou o jogo como a maior pontuadora, com 18 acertos. Também se sobressaíram no confronto as ponteiras Fernanda Garay e Michelle, além das centrais Fabiana e Carol.

As anfitriãs, por outro lado, sentiram a pressão da estreia em uma inédita fase semifinal diante das atuais campeãs do torneio e tiveram um desempenho aquém do que já apresentaram. A ponteira improvisada Tifanny – destaque no ataque de Bauru no último jogo das quartas – foi muito bem marcada pelo eficiente bloqueio mineiro e acabou tendo uma atuação apagada.

Além disso, Tifanny cometeu falhas técnicas importantes tanto no passe quanto no ataque, terminando o jogo com 8 pontos marcados. A oposta italiana Valentina Diouf, outra referência ofensiva de Bauru, também teve um desempenho ruim, colocando apenas 6 bolas no chão.

Leia mais:

Semifinais da Superliga feminina começam com favoritismo dos mineiros

– Admirador de Bernardinho, Anderson minimiza feito histórico sobre o Sesc

Apesar do ótimo desempenho no primeiro jogo, a passadora praiana Michelle fez questão de frisar que espera um jogo difícil na próxima segunda-feira (8), em Uberlândia (MG).

"Nossa equipe está de parabéns porque cumpriu tudo o que foi pedido pelo Paulinho. Nosso sistema de bloqueio e defesa funcionou e o saque entrou durante a partida. O jogo aqui foi muito difícil. Queremos fazer uma grande partida em Uberlândia, mas sabemos que não tem nada definido. Vamos continuar estudando a equipe delas porque será ainda mais complicado na próxima segunda-feira", analisou Michelle.

A central Valquíria, do Sesi Bauru, reconheceu as dificuldades diante do Praia Clube. "Realmente não conseguimos desenvolver nosso melhor jogo. Agora a gente tem uma semana para analisar o que não deu certo e corrigir os erros para chegar bem na segunda partida", colocou.

Na abertura da fase semifinal, Minas sofreu no primeiro set, mas virou o jogo e superou Osasco (Foto: Orlando Bento/MTC)

Pela outra chave, Itambé Minas e Osasco Audax, dois dos mais tradicionais clubes brasileiros, iniciaram a disputa na série, buscando reviver momentos áureos. O time de Belo Horizonte não chega à decisão da Superliga desde 2004, quando perdeu o título justamente para o adversário desta semifinal.

Com 7 participações em finais da competição (incluindo a extinta Liga Nacional), a equipe mineira conquistou 2 títulos. O time paulista, por outro lado, chegou 14 vezes à decisão e levantou a taça em 5 oportunidades.

No entanto, apesar da tradição, Minas e Osasco atravessam momentos distintos na temporada. Com grande aporte financeiro, as mineiras chegaram às semifinais sem passar por grandes contratempos, desfrutando do status de favoritas ao título. As paulistas, em oposição, enfrentaram dificuldades com a perda de patrocinadores importantes e, entre altos e baixos, sofreram para conquistar a vaga nos playoffs.

Assim, no duelo das "camisas pesadas", em Belo Horizonte (MG), as donas da casa levaram a melhor. Vale ressaltar, entretanto, que apesar do resultado positivo e dos placares elásticos a partir da segunda parcial, a equipe minastenista apresentou falhas, sobretudo no primeiro set, que deixaram a torcida apreensiva na Arena Minas.

Em um começo bastante agressivo, Osasco equilibrou a partida e jogou de igual para igual com as vice-campeãs mundiais, utilizando um sistema defensivo eficiente e uma estratégia de saque que pressionou e expôs a recepção mineira em diversos momentos. A ponteira Natália, por exemplo, que se sobressaiu positivamente no ataque, com 15 acertos, cometeu várias falhas no passe.

A partir do segundo set, contudo, o jogo mudou totalmente. O conjunto osasquense não manteve o mesmo nível de atuação e concentração, e permitiu que o time da casa deslanchasse. Acuadas, as paulistas começaram a cometer erros na recepção e no ataque, facilitando o trabalho do adversário que passou a demonstrar agressividade e confiança em todas as ações.

A superioridade mineira se refletiu em todos os fundamentos (somente no ataque foram 59 pontos das anfitriãs contra 39 das visitantes). A oposta Destinee Hooker e a meio de rede Walewska, referências ofensivas de Osasco nas quartas de final, anotaram apenas 12 e 8 pontos na partida, respectivamente.

Pelo lado vencedor, todas as atacantes foram bastante acionadas pela levantadora Macris, que teve novamente ótimo desempenho. Entre os destaques, as ponteiras Gabi, maior pontuadora do confronto, com 17 acertos, e Natália, além das centrais Mara e Carol Gattaz. Para a armadora minastenista, o "susto" no primeiro set deve servir de alerta no decorrer da série.

"Foi um começo muito bom, mas temos que manter a atenção porque a série é longa. Agora precisamos descansar e seguir treinando forte porque sabemos do poder de reação do Osasco. É hora de seguirmos concentradas e focadas no nosso jogo", destacou Macris.

A meio de rede Walewska analisou as falhas da equipe paulista e convocou a torcida para lotar o José Liberatti na próxima segunda-feira (8).

"Não conseguimos jogar bem taticamente, com falhas de saque, bloqueio e defesa. A nossa defesa tem que funcionar. O Minas é um time que joga com muita velocidade. Mas agora vamos jogar em casa e convoco toda a torcida de Osasco para lotar o ginásio e nos ajudar a buscar essa vitória dentro de casa", disse.

Curta o Saída de Rede no Facebook!

Siga-nos no Twitter: @saidaderede

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

Blog Saída de Rede