Líbero supera grave acidente de carro para jogar Superliga de vôlei
"O milagre que Deus fez na minha vida foi completo". Com essa frase, o líbero Gian Moraes, do Caramuru Vôlei, de Ponta Grossa (PR), definiu todo o processo delicado que viveu, quando sofreu um grave acidente de automóvel que o tirou das quadras por 3 meses. Aos 30 anos, o jogador chegou a pensar se as possíveis sequelas poderiam encerrar involuntariamente a sua carreira.
Em entrevista ao Saída de Rede, o atleta, mais conhecido como Gianzinho, falou sobre as dificuldades por que passou durante o processo de reabilitação, a alegria por ter voltado a jogar vôlei, o início da carreira e a atual situação de sua equipe na Superliga.
No último sábado (9), o líbero entrou em quadra mais uma vez para disputar, em São Bernardo (SP), uma partida do Caramuru contra o São Judas Vôlei pela 10ª rodada do returno da Superliga. Era um jogo decisivo para as pretensões da equipe paranaense, que busca seguir na elite do vôlei nacional. Com uma atuação elogiada de Gian, o time derrotou o rival direto por 3 sets a 2 e alcançou a 10ª colocação na tabela, com 15 pontos.
Para ele, ganhador do Viva Vôlei como o melhor em quadra, a vitória teve sabor especial. "Depois de tudo que eu passei nessa temporada, com todas as adversidades e um processo muito difícil de recuperação, pude sair da partida com o troféu. Passou um filme na cabeça. Lembrei do meu começo em São Bernardo, onde joguei minha primeira Superliga. Fiquei feliz por termos conseguido a vitória e por eu ter me destacado. Foi muito gratificante tudo isso", comemora.
As dificuldades foram decorrentes do sério acidente de carro que ele sofreu em Curitiba, em junho do ano passado. "Um cara veio na contramão e bateu no meu carro de frente. Foi um acidente muito grave. Passei por uma cirurgia facial, tive que refazer o nariz, coloquei placas, pinos. Também precisei de uma intervenção em um dedo da mão direita. Foi um procedimento de quase dez horas e foi tudo muito delicado", relembra.
Diante da gravidade de seu quadro clínico, Gian conta que chegou a questionar se teria condições de continuar atuando. "Fiquei pensando no quanto o acidente iria afetar a minha carreira. Se eu teria sequelas, dores de cabeça, já que foram muitos pinos, placas. Não sabia o quanto isso poderia prejudicar, ainda mais sendo um atleta de alto nível que precisa cair no chão, pular, correr. Mas, graças a Deus, voltei. Ainda assim, fiquei sem poder tomar bolada no rosto por três meses", relata o jogador que descobriu depois uma ruptura no ligamento do joelho esquerdo também proveniente do acidente.
"Nesse processo eu me dediquei bastante à fisioterapia, voltei a me alimentar bem, pois havia perdido 7 quilos. A lesão no joelho esquerdo foi mais uma decepção, né? Graças a Deus, não foi preciso cirurgia. E então comecei outro trabalho na academia, fortalecendo, tomando suplemento. Fiz tudo o que tinha que ser feito para conseguir voltar a atuar. Em setembro eu já estava jogando. Mas ainda com bastante incômodo no joelho", afirma.
Gian fala que a equipe médica do Caramuru foi fundamental em sua recuperação. "Eles me acolheram muito bem, deram todo o suporte. Foi todo um trabalho de equipe que ajudou demais para que eu pudesse jogar essa temporada. O fisioterapeuta Lucas Giordani e o preparador físico Gabriel Azzi foram muito importantes. O milagre que Deus fez na minha vida foi completo", celebra o paranaense que começou a carreira ainda no infanto-juvenil do extinto Banespa, onde teve a oportunidade de jogar no adulto com o bicampeão olímpico Serginho, seu grande ídolo.
Apesar de difícil e doloroso, o período de reabilitação, contudo, serviu de aprendizado para ele. "Acho que algumas coisas que a gente passa na vida nos fortalecem bastante. Sendo positivas ou negativas, precisamos tirar proveito delas. Como atleta e como pessoa, amadureci demais depois do acidente. Foi um divisor de águas para mim no sentido de buscar me cuidar, ter o meu tempo de descanso, respeitar o meu corpo. E também cresci tecnicamente. Acredito que estou na melhor fase da minha carreira, mais experiente, com mais bagagem", coloca.
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Depois da longa passagem por São Bernardo, ele ainda atuou no Campeonato Português, defendendo o Fonte do Bastardo. De volta ao Brasil, jogou durante 4 anos por Montes Claros e um ano em Maringá antes de assinar com o Caramuru. Assim, Gian explica que, pessoalmente, por toda a superação, se sente feliz pelas experiências que tem vivido na equipe de Ponta Grossa, embora saiba do enorme risco que o time corre de ser rebaixado para a Superliga B. Entretanto, ele garante que o grupo está concentrado e não pretende desistir da competição.
"Não estamos em uma posição favorável na tabela, mas vamos lutar até o fim. Viemos de duas vitórias por 3 a 2. Então esse time está muito fechado e confiante que possa terminar a temporada bem. Agora teremos o confronto contra o [Fiat] Minas e infelizmente a gente ainda depende do resultado do jogo entre Corinthians e São Judas. Mas, queremos terminar bem a competição, com uma vitória e sonhando sim em continuar na primeira divisão da Superliga", conclui.
De acordo com o regulamento da Superliga, os dois últimos colocados na tabela caem para a segunda divisão. Atualmente, Caramuru e São Judas, 11º e 12º colocados com 15 e 6 pontos, respectivamente, são os rebaixados. Para escapar, a equipe de Gian necessita de uma vitória por 3 a 1 ou 3 a 0 contra o Minas para somar 3 pontos, chegar a 18 e ultrapassar o Corinthians, que está em 10º lugar com 17. Além disso, precisa torcer para que o Alvinegro paulista seja derrotado pelo lanterna e já rebaixado São Judas e para que não pontue na rodada.
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