Minas faz história e Praia Clube esbarra na força da nova geração turca
A final da 12a edição do Campeonato Mundial de Clubes de vôlei feminino está definida: o Minas Tênis Clube enfrentará neste domingo (9) o poderoso VakifBank, atual campeão da competição. Atuando em Shaoxing (China), o a tradicional equipe de Belo Horizonte bateu a pujante equipe do Eczacıbası Vitra por 3 sets a 2 (25-22, 24-26, 13-25, 25-23 e 12-15) em uma semifinal espetacular. Já o Dentil Praia Clube caiu diante do time de Giovanni Guidetti por 3 sets a 1, com parciais de 25-21, 25-21, 22-25 e 25-18. A final será às 10h.
O fato é que uma partida histórica abriu as semifinais do Campeonato Mundial de Clubes feminino. Com uma atuação de gala da levantadora Macris, o Minas Tênis Clube, que vinha sofrendo com atuações irregulares e oscilações constantes, derrotou o poderoso e até então favorito Eczacıbası Vitra, da Turquia, conquistando a vaga na final da competição.
Seguindo a mesma toada das partidas anteriores, o Minas começou o jogo buscando se equiparar ao forte time europeu, não permitindo que a equipe deslanchasse no placar. O atual campeão da Supercopa turca, contudo, implementou uma estratégia de saque bastante acelerado, sobretudo com a oposta Boskovic, que quebrou a recepção do time de Belo Horizonte. A linha de passe mineira, contando com as ponteiras Gabi e Natália, e a líbero Leia, apresentou alguns problemas em momentos decisivos do set, impedindo a melhor distribuição das bolas de Macris. Além disso, as brasileiras também encontraram dificuldades na virada de bola e desperdiçaram contra-ataques fundamentais nesta parcial.
No segundo set, o desenvolvimento da partida indicava que o time turco venceria novamente com certa tranquilidade. Apesar de equilibrado, o jogo permanecia mais à feição das turcas, que não perdiam as oportunidades na virada de bola e nos contra-ataques com o estrelado trio de ataque formado por Boskovic, Kim e Larson. Entretanto, tudo mudou na reta final da parcial. Mais concentrado e determinado, o representante brasileiro mudou definitivamente os rumos do confronto ao reverter, de forma espetacular, o placar adverso de 24 a 19 para as europeias. Em uma fantástica passagem da armadora Macris pelo saque, as brasileiras quebraram a recepção rival e impuseram um padrão de bloqueio que intimidou e neutralizou as ações ofensivas da oposta sérvia Boskovic. A ponteira Natália, que vinha fazendo um Mundial abaixo daquilo que pode, começou a jogar e, com isso, o time mineiro venceu com autoridade a parcial. Esta reação foi determinante para a continuidade do duelo.
Abaladas emocionalmente e com menos confiança, as turcas apenas assistiram a tradicional equipe de Belo Horizonte ter uma atuação de gala na terceira parcial. Jogando o melhor set de toda a temporada, as comandadas de Lavarini fizeram tudo funcionar muito bem: saque, bloqueio, defesa, ataque e contra-ataque. A ponteira Natália, contratada para elevar o nível do Minas nesta temporada ao lado de Gabi, voltou a ser decisiva, dividindo com a sua companheira na entrada de rede o protagonismo nas ações ofensivas. Vale destacar, ainda, a atuação da meio-de-rede Mayany, que substituiu muito bem Mara Leão, virando bolas importantes e se sobressaindo também no bloqueio. Com enorme volume de jogo e um sistema defensivo impecável, o time brasileiro chegou a abrir 20 a 9 nesta parcial. As adversárias não conseguiram jogar e o técnico Marco Aurélio chegou a retirar Boskovic e Kim do confronto, já que as atacantes, pressionadas e hesitantes, não estavam se saindo bem na virada de bola.
O representante turco, contudo, voltou mais concentrado na quarta parcial, equilibrando a partida com as brasileiras que, após abrirem no início do set uma pequena margem no placar em mais uma passagem da levantadora Macris, não conseguiram sustentar a vantagem. Erros bobos de recepção e ataque escoaram a vantagem de 20 a 16, propiciando o empate e a virada através do contra-ataque rival. Assim, na reta final do set, a levantadora reserva Dilik começou a acionar a sul-coreana ponteira Kim na entrada de rede, e ela conseguiu empatar o confronto para o Eczacıbası. No set decisivo, a equipe mineira soube comandar o placar, defendendo bolas fundamentais e se impôs diante das experimentadas jogadoras do time turco, que não conseguiu se recuperar.
Assim, além da levantadora Macris, que teve um brilhante desempenho, vale o destaque para a extraordinária participação de Natália, que saiu do confronto como a maior pontuadora, com 31 pontos, seguida por Gabi, que colocou 19 bolas no chão. Pelo lado rival, a maior anotadora foi a sérvia Boskovic, com 27 acertos.
Buscando afirmação internacional, Minas e Praia estreiam no Mundial
Pelo grupo B, apesar de ter cedido mais pontos em erros ao rival no primeiro set, o atual campeão mundial não deu muitas chances ao time do Praia Clube. Pressionando bastante a recepção da equipe de Uberlândia, principalmente com o saque acelerado da central Rasic, a equipe turca quebrou a linha de passe brasileira, dificultando muito a distribuição das bolas da levantadora Lloyd. Sem o passe nas mãos, o jogo das campeãs da Superliga ficou lento e previsível, facilitando a marcação e o bloqueio, que quando não marcava pontos diretos, conseguia amortecer bem as bolas. Isso gerava contra-ataques que frequentemente eram decididos pela ponteira chinesa Ting Zhu (que anotou 20 pontos no jogo) e pela oposta holandesa Slöetjes, que tiveram excelente atuação.
Na segunda parcial, a talentosa levantadora Ozbay continuou tendo um desempenho eficiente, variando bem as jogadas pelo meio, com as centrais Rasic e Gunes, e pelas extremidades na entrada e na saída de rede. Para se ter uma ideia da disparidade, o representante europeu chegou a abrir uma vantagem de 8 a 2 no set, impondo dificuldades à virada de bola e aos contra-ataques mineiros. A partir da metade da parcial, entretanto, as comandadas de Paulo Coco começaram a incomodar as europeias no bloqueio e na recepção, com uma estratégia de saque forçado. Além disso, passaram a tocar mais nas bolas, dando volume e consistência ao jogo mineiro. Contudo, sem contar com a importante bola rápida pelo meio (a central Fabiana, tão decisiva, fez apenas 4 pontos de ataque em todo o confronto, anotando 6 ao total), as brasileiras mantiveram um padrão de jogo marcado, voltado para as pontas.
Se valendo da instabilidade do passe e dos erros adversários (foram 24 ao total contra apenas 9 das mineiras), o time do Triângulo Mineiro voltou mais concentrado e abriu 12 a 6 na terceira parcial. Algumas falhas na recepção da equipe verde-amarela acabaram equilibrando o set, mas as jogadoras mantiveram a vantagem e venceram a parcial principalmente através do bloqueio, fundamento que rendeu 14 pontos (somente a central Carol teve 7 acertos).
Na continuidade do duelo, o equilíbrio deu a tônica do quarto set, com o Praia comandando o placar por uma pequena margem de 4 pontos. Destaque para a ponteira Fernanda Garay, que fez 18 pontos em todo o jogo, com um desempenho bastante seguro na parcial. Tudo sugeria que a equipe de Paulo Coco conseguiria levar a partida para o tie-break. No entanto, os erros na recepção, principalmente com a ponteira Rosamaria e a líbero Suellen, e a entrada da oposta Ebrar Karakurt, substituindo a holandesa Slöetjes, minaram a confiança da equipe mineira. A jovem oposta de apenas 18 anos mudou completamente a partida com o seu saque viagem e o ataque potente, freando a reação brasileira. A linha de passe mineira falhou ao receber seu saque, entregando seguidas bolas de graça para o time adversário. Karakurt saiu do confronto com 10 pontos, sendo 8 de ataque e 2 aces.
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