Coletivo brilha de novo, Brasil vai à decisão e bate recorde no Mundial
Se tem Mundial de vôlei masculino, pode reservar uma vaga para o Brasil na final. Desde 2002 essa tem sido a tônica do torneio, que, pela quinta vez consecutiva, vê a camisa amarela estar na partida decisiva. Desta vez, a vaga foi garantida com uma vitória por 3 sets a 0, parciais de 25-22, 25-21 e 25-22, sobre a Sérvia em jogo disputado no início da tarde deste sábado (29).
Campeão em 2002, 2006, 2010 e vice há quatro anos, o Brasil vai encarar na decisão a Polônia, que na outra semifinal bateu os Estados Unidos no tie-break: 25-22, 20-25, 23-25, 25-20 e 15-11. Será a chance de os atuais campeões olímpicos "vingarem" a derrota no Mundial 2014, disputado justamente na Polônia. A final será realizada às 16h15 deste domingo (30), em Turim (Itália).
Independente do adversário e do próprio resultado do jogo deste domingo, a história já está feita pelos brasileiros: é que, com a classificação para mais uma final, o time verde-amarelo deixa de dividir o recorde de mais decisões seguidas com a União Soviética, que entre 1974 e 1986 também disputou quatro decisões de Mundiais. Ironicamente, em 2018 o Brasil teve participação fundamental na eliminação dos herdeiros dos soviéticos, os russos, com uma virada espetacular na abertura da terceira fase.
Os comandados do técnico Renan Dal Zotto tiveram, neste sábado, sua melhor atuação no Mundial. Preocupação ao longo de toda a temporada, a linha de passe mostrou-se muito segura mesmo diante de um time com bons sacadores, caso da Sérvia. Sendo assim, Bruno teve tranquilidade para trabalhar com todos os atacantes, dificultando a vida do sistema defensivo rival. Do outro lado da quadra, o levantador Jovovic não teve o mesmo privilégio, precisando trabalhar com passe B o jogo inteiro. Os centrais Podrascanin e Lisinac quase não apareceram e, quando o faziam, acabavam bloqueados ou defendidos.
O domínio brasileiro só não foi maior porque o melhor atacante brasileiro, Wallace, não teve sua atuação mais feliz, cometendo erros acima do que costuma apresentar. Foi aí que apareceu a força do elenco do Brasil, com Evandro e William servindo de desafogo nos momentos difíceis na inversão 5-1. Assim como vem ocorrendo ao longo de todo o Mundial, o oposto sérvio Atanasijevic se destacou individualmente, com 16 pontos, mas a ótima atuação não foi suficiente para eliminar o poder da coletividade brasileira.
A PARTIDA
O saque foi a grande arma do Brasil no começo do jogo: mirando Ivovic, que atuou na Superliga pela EMS Funvic Taubaté, os brasileiros não tardaram em abrir 4 a 1, uma vantagem que só não se estendeu nos pontos seguintes porque a Sérvia, ainda que com dificuldades, conseguiu manter a virada de bola, especialmente através de Atanasijevic. Um mau momento de Wallace no meio do set, porém, por pouco não jogou todo o trabalho fora, permitindo à Sérvia encostar em 15-16. Renan, porém, agiu rápido, fez a inversão 5-1 e, com William e Evandro em quadra, o Brasil retomou o domínio. Destaque para Douglas Souza, que, no 24-20, bloqueou justamente Atanasijevic e posteriormente fechou a parcial em 25-22 com um ataque.
O equilíbrio deu a tônica da segunda parcial, com os ataques se sobressaindo na batalha contra os bloqueios e as defesas. Os erros de saque também se tornaram mais constantes e, até o segundo tempo técnico, era difícil fazer uma aposta sobre o vencedor do set. Foi então que uma sequência de três bloqueios, um de Wallace sobre Kovacevic e dois de Lucão sobre Lisinac, fez o Brasil desgarrar no placar. A Sérvia ainda salvou três set points antes que um erro de saque de Podrascanin encerrasse a parcial em 25-21.
Jogando tudo ou nada, os sérvios resolveram forçar o saque desde o início do terceiro set. A tática foi bem sucedida, com os europeus abrindo 3 a 0 e obrigando Renan a desperdiçar um pedido de tempo. A pausa evitou que a Sérvia conseguisse aumentar a vantagem, mas como o Brasil também não dava sinais de que conseguiria a virada, a solução foi apostar na inversão 5-1 de novo, com William e Evandro em quadra. Douglas Souza também brilhou e o Brasil chegou ao match point justamente com um bloqueio simples do "baixinho" levantador de 1,86m. Pouco depois, Lucão selou a classificação para a final com um ataque pelo meio.
*Atualizado às 19h05 de 29/09
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