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Ricardinho sobre aposentadoria: "Sensação de dever cumprido e vazio"

Carolina Canossa

21/07/2018 06h00

Ricardinho define o período entre 2003 e 2007 como o auge da sua carreira na seleção brasileira (Foto: Divulgação/FIVB)

Por Naiara Araújo 

Mal anunciou sua aposentadoria, na última quarta-feira (18), o campeão olímpico Ricardinho já sentia falta do seu posto nas quadras. Afinal, foram mais de 30 anos de carreira e uma história de sucesso com a camisa da seleção brasileira e de muitos outros clubes.

Em entrevista exclusiva, o levantador de 42 anos contou ao Saída de Rede que a decisão de se aposentar já vinha sendo pensada, mas, mesmo com todo o preparo, foi um dia diferente. "É uma sensação de dever cumprido e vazio ao mesmo tempo. De que algo não vai mais acontecer", diz o ex-jogador. "A minha felicidade é muito grande por saber que o meu dever foi cumprido, que eu me doei e me dediquei ao máximo."

Não há dúvidas de que ele nunca será esquecido pela sua atuação dentro das quadras. Dos três títulos mundiais da seleção, ele fazia parte da equipe nas conquistas de 2002 e 2006. Ricardinho também fez história na  na Liga Mundial, conquistando seis títulos de campeão. Ele relembra com emoção o auge da sua carreira, que para ele foi entre 2003 e 2007. "Foram anos de muitas conquistas, a equipe teve tudo, desde Mundiais até sequências de campeonatos", relembra.

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Quando começou no esporte, aos oito anos de idade, ele nem sonhava em chegar tão longe. Muito menos ser reconhecido como um dos melhores levantadores do vôlei mundial. Mas, segundo o campeão olímpico, uma pessoa já previa até onde ele iria chegar. Luiz Pereira, treinador da categoria de base, traçou o futuro de sucesso de Ricardinho. "Ele fez um gráfico de onde eu ia chegar. Eu com 10 anos de idade e ele me enxergava na seleção brasileira e entre os melhores do mundo", conta.

Com todo esse histórico, o agora ex-atleta afirma que não se arrepende de nada do que aconteceu ao longo dos últimos anos como jogador de vôlei. "Com certeza eu não faria nada diferente do que foi feito. Eu só tenho a agradecer, tanto pelas vitórias como pelas derrotas. Eu fiz coisas sensacionais, com certeza muito mais positivas que negativas", comemora.

Em postagem de despedida, Ricardinho diz que já está com saudade de fazer os centrais "sambarem" (Foto: Reprodução/Instagram)

Escola de levantadores 

Apesar da aposentadoria, nunca esteve nos planos de Ricardinho se afastar do vôlei. O esporte está em todas as metas que ele traçou para o futuro. Além de continuar na presidência do Copel Telecom Maringá e tocar os projetos sociais do clube, ele vai montar uma escola de levantadores. O objetivo é descobrir novos jogadores e desenvolver esses talentos com treinamento específico, e quem sabe até lançar um novo Ricardinho. O projeto começa já nesta temporada com a equipe principal do clube paranaense e pode ganhar outros rumos.

"Eu vou fazer uma temporada junto com o treinador da equipe, observando e fazendo treinos específicos para os levantadores. Essa temporada vai ser uma experiência bacana para mim, para depois eu criar a escola e abrir para outros levantadores. E correr o mundo, ir para outros clubes, dar consultoria, é algo que estou planejando e vamos ver se vai dar certo", conta.

Depois de atuar ao lado da geração de ouro do vôlei brasileiro, ele acredita que a sua turma deixou um legado para o esporte. "Com certeza cada um dos novos jogadores vai ter como inspiração essa geração de Gustavo, Dante, Giba, Nalbert, Escadinha, André Nascimento, Giovane Gávio, todos nós vamos ser referências e sempre seremos lembrados quando o assunto for voleibol", afirma o ex-jogador.

Com a proximidade do Campeonato Mundial, Ricardinho ainda aproveitou para dar alguns palpites sobre a seleção brasileira. Depois da preocupante quarta colocação na Liga das Nações, ele diz que o sucesso da equipe vai depender do equilíbrio dentro de quadra. "O Mundial é um tiro curto, você tem que estar muito bem preparado psicologicamente e fisicamente, tudo vai depender disso. Mas o Brasil tem totais condições de conquistar o título mundial", acredita o campeão olímpico.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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