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Praia anula Tifanny, atropela Bauru e vai à semifinal da Superliga

Carolina Canossa

16/03/2018 20h38

Tifanny teve apenas 16% de aproveitamento no ataque nesta sexta (Foto: Vôlei Bauru/Divulgação)

Não houve Tifanny Abreu que parasse o favoritismo do Dentil/Praia Clube. Sensação da segunda metade da fase classificatória da Superliga feminina 2017/2018, a oposta transexual do Vôlei Bauru teve sua pior atuação na competição na noite desta sexta (16) e, bem anulada, pouco pôde fazer para evitar a eliminação de sua equipe nas quartas de final da competição. Em cerca de uma hora e meia de partida, o time mineiro alcançou um 3 sets a 0 (25-20, 25-16 e 25-19), fechando a série melhor-de-três em 2 a 0.

É preciso reconhecer os méritos da equipe comandada por Paulo Coco. Depois de se beneficiar dos erros adversários na abertura da série, há uma semana, desta vez o Praia teve uma atuação de alto nível. O bom saque explorou a conhecida deficiência no passe bauruense e deu confiança para as jogadoras. À vontade, a levantadora Claudinha variou muito bem as jogadas de ataque, com destaque para a central Fabiana (11 pontos) e a oposto americana Nicole Fawcett (12).

O domínio só não foi completo porque, na reta final de cada um dos sets, a ansiedade fez o Praia ceder pontos que impediram o placar ser mais elástico. Um exemplo foi o terceiro set: de 23 a 10, o placar pulou para 24 a 19. Um sofrimento desnecessário, que certamente servirá de alerta para o restante da Superliga.

Diante deste cenário, era de se esperar que Tifanny se sobresaísse novamente, a exemplo do que ocorreu no duelo entre as equipes no fim de janeiro, quando a atacante chegou a assombrosos 39 pontos, recorde da história da Superliga. Só que a principal atacante do time paulista esqueceu a técnica, apostou na força e foi presa fácil do bloqueio adversário. A levantadora Juma até tentou colocá-la no jogo, armando 19 bolas para ela, mas o péssimo índice de 16% de aproveitamento no ataque obrigou o técnico Fernando Bonatto a tirá-la da partida ainda no segundo set. Ao todo, Tifanny marcou apenas três pontos.

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Bonatto, aliás, tentou de tudo para manter seu time vivo no torneio. Usou praticamente todo o banco de reservas à sua disposição e tentou diferentes formações, mas sem sucesso – até mesmo Paula Pequeno, que sofreu nos últimos meses com um edema ósseo na clavícula direita, foi para o sacrifício. Não houve milagre: a extrema dependência do Bauru em relação a Tifanny ficou escancarada com a péssima noite da jogadora e, no terceiro set, o Praia assegurou seu lugar entre os quatro melhores com facilildade, apesar da desconcentração nos últimos minutos do jogo. Detalhe: o clube de Uberlândia sequer contou com força máxima, já que a central Walewska ainda se recupera de uma lesão no joelho direito e só jogou na reta final da última parcial, quando tudo estava definido.

A queda na performance de Tifanny no mata-mata derruba a tese de que a oposta mostraria sua real força física na hora da decisão – mesmo autorizada pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) e pela FIVB (Federação Internacional de Vôlei), a participação dela em uma disputa feminina foi recheada de polêmica e conta com a oposição de parte considerável das atletas, que avaliam uma suposta injustiça devido ao fato de ela ter realizado sua mudança de sexo já na idade adulta. Encerra-se assim o primeiro capítulo de uma história que ainda vai dar muito o que falar no voleibol brasileiro.

Melhor time da Superliga até o momento, o Praia agora aguarda o vencedor do confronto entre Vôlei Nestlé e Hinode/Barueri, atualmente liderado pelo time de Osasco por 1 a 0 – o segundo confronto será neste sábado (17), às 19 horas, em Barueri. Vale lembrar que a semifinal será disputada no esquema melhor-de-cinco jogos.

"Cumprimos essa segunda etapa muito bem. Não foi um cruzamento fácil mesmo sendo o primeiro contra oitavo, pois Bauru cresceu muito com a entrada da Tifanny, que é uma jogadora que pontua muito. Tivemos uma partida consistente aqui, apesar de alguns erros no começo por nervosimo. O saque a partir daí foi um preponderante, mas é preciso dar um um puxão de orelha pelo final do terceiro set. No fim, o saldo foi altamente positivo", comentou o treinador do Praia.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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