Fora dos playoffs, São Caetano vence mais que 2 rivais e pede mudança
A vitória é o principal objetivo do esporte, certo? Na Superliga de vôlei, nem sempre. Mesmo com três vitórias a mais que o Vôlei Bauru, oitavo colocado, e uma que o Pinheiros, sétimo, o São Cristóvão Saúde/São Caetano terminou a fase de classificação em nono lugar e acabou ficando fora das quartas de final, que começam nesta sexta (9).
Tal cenário ocorreu porque partidas que vão ao tie-break possuem pontuação diferenciada: dois pontos para o vencedor e um para a equipe derrotada. Times que mais perderam no quinto set, Bauru (oito vezes) e Pinheiros (cinco) somaram respectivamente 29 e 31 pontos, contra 28 do clube do plantel do ABC Paulista, que teve apenas uma de suas 12 derrotas na competição nestas condições.
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"Até mesmo a equipe de Bauru há de concordar que você tem que valorizar quem tem mais vitórias", lamentou Hairton Cabral, técnico do São Caetano em entrevista ao Saída de Rede. Apesar da frustração, ele se diz conformado porque tal critério era de conhecimento público e o regulamento foi assinado por sua equipe antes do início da temporada. "Não podemos falar nada, pois pior do que ficar de fora por isso é mudar a regra no meio do campeonato", analisa.
O próprio treinador admite que, nos bastidores, ninguém nunca havia se preocupado de fato com a possibilidade de um time ser tão prejudicado por conta deste critério de pontuação – o sistema de um ponto para quem perde o tie-break foi implementado na temporada 2011/2012, mas, por sorte, nunca havia ocorrido nada neste nível até então.
"Há uns quatro ou cinco anos eu já tinha alertado sobre isso, mas caducou, ninguém falou nada. Acredito que se (tal situação) tivesse (sido discutida), todo mundo me acompanharia, só que passou batido", reconhece. Ele observou que a atual pontuação pode provocar uma situação ainda mais extrema: "Uma equipe que perdesse seus 22 jogos por 3 a 2 ainda ficaria à frente de outra que ganhou dez jogos no tie-break".
FIVB já mudou regra de pontuação
A desvalorização involuntária da vitória no vôlei não é um problema somente da Superliga brasileira. Mesmo em disputa entre seleções, já houve situações semelhantes, como em 2014, quando a República Dominicana ficou em segundo lugar no grupo A do Mundial feminino com uma campanha de cinco vitórias em cinco jogos, já que somou um ponto a menos que a Itália, que havia ganho quatro de suas cinco partidas.
A entidade que rege o vôlei mundial, porém, agiu antes que o problema tomasse proporções maiores e atualmente o primeiro critério de desempate em seus torneios são os números de vitórias, seguido pelos pontos. Na opinião de Hairton, esta é uma boa alternativa para o Brasil, assim como passar a dar três pontos para quem vencer no tie-break ao invés dos dois atuais.
"Espero que na próxima temporada isso seja retificado", destacou o técnico. Com mais de 30 anos de carreira, ele está otimista que seu pedido será atendido. "Todo mundo (se refere a integrantes de outras equipes) veio falar comigo e se solidarizou com essa questão. Na próxima reunião de regulamento, isso certamente vai estar em pauta", comentou.
Orgulho, apesar da eliminação
Ao analisar a campanha de sua equipe em 2017/2018, Hairton diz estar satisfeito mesmo com a ausência nos playoffs: "Foi uma temporada muito boa, quando levamos em consideração que sabidamente temos o menor orçamento do torneio. Fizemos uma opção de risco, com apenas as jogadoras titulares sendo adultas, sendo que nossa levantadora jogava pela primeira vez uma Superliga como titular. Ainda assim, ganhamos dois jogos do Camponesa/Minas, atual campeão sul-americano e dois do próprio Bauru. Tropeçamos no Sesi, que foi o último colocado, mas há de se destacar que ali estavam jogadoras que seriam titulares em muitos times médios. Se comparar o elenco delas com o nosso, essa derrota não foi o fim do mundo. Acho que nos saímos muito bem, fiquei satisfeito".
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