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Tifanny marca 39 pontos, bate recorde e Bauru quase vence o líder Praia

Carolina Canossa

30/01/2018 22h06

Tifanny causa polêmica por ter feito sua formação corporal enquanto ainda era homem (Foto: Guilherme Cirino/Minas Tênis Clube)

Se diante do Camponesa/Minas Tifanny Abreu teve uma atuação discreta e esteve longe de evitar a derrota do Vôlei Bauru em sets diretos na Superliga feminina de vôlei, contra o Dentil/Praia Clube a oposta transexual provou que é capaz de jogar bem contra os principais times da competição. Com uma atuação sublime a partir do terceiro set, com direito a pontuação recorde nesta temporada da competição, ela comandou a reação da equipe do interior paulista sobre o líder invicto, que só conseguiu ganhar após um tie-break apertado: 25-20, 25-14, 17-25, 18-25 e 15-13.

A grande mudança tanto na partida quanto na performance de Tifanny foi a entrada da levantadora reserva Juma em quadra. Acionando sua principal atacante sempre que tinha a oportunidade, a armadora mudou os rumos do confronto. Ao todo, a oposta marcou 39 pontos, sendo 33 no ataque e seis em bloqueios. No saque, ela não conseguiu aces, mas desequilibrou a linha de passe do time de Uberlândia em algumas passagens.

A vitória bauruense só não veio por conta de erros individuais de outras atletas do time, caso do último ponto, quando a jovem Gabi Cândido sacou na rede, decepcionando a torcida no ginásio Panela de Pressão, em Bauru.

A atuação tão destacada de Tifanny certamente vai colocar mais fogo na polêmica sobre a justiça de ela poder atuar no voleibol feminino. Apesar de estar dentro das regras do Comitê Olímpico Internacional (COI) sobre o assunto e ter diminuído drasticamente a dosagem de testosterona em seu corpo, são constantes os questionamentos em relação à jogadora, já que toda sua formação corporal se deu quando a oposta ainda era homem.

Ressalte-se, porém, que a alta pontuação de Tifanny se deu pelo enorme número de ataques que ela teve: 75. Para efeito de comparação, a segunda jogadora que mais recebeu bolas no Bauru foi a ponta cubana Yoana Palacios, com 23. A atacante transexual sequer teve o melhor aproveitamento ofensivo de sua equipe, ficando com 44%, ficando atrás da central Andressa, que teve 62%, mas atacou apenas 13 vezes.

Ao todo, Bauru atacou 149 bolas contra o Praia. Ou seja: sozinha, Tifanny foi responsável por mais de metade das ações ofensivas do time. Todas as outras 11 jogadoras da equipe que podem atacar (há duas líberos no elenco) fizeram 78 pontos, o dobro da oposta.

"Para nós, foi uma experiência maravilhosa, pois mostramos que podemos jogar de igual pra igual contra os melhores times do campeonato", comentou Tifanny após o jogo, em entrevista à "Jovem Pan News Bauru". "Ainda podemos melhorar em alguns pontos e trabalhar forte. Esse ponto conquistado hoje é muito importante para nos classificarmos para os playoffs", destacou.

O Vôlei Bauru e Tifanny seguem sua sequência contra os favoritos ao título na próxima sexta (2) quando virão a Osasco encarar o Vôlei Nestlé às 19h30 (horário de Brasília). Na ocasião, a atacante transexual estará pela primeira vez frente a frente com Tandara, que até sua estreia tinha a melhor média de pontos da Superliga.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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