Adenízia celebra 31 anos no auge: “O mundo passou a me conhecer"
Aniversários, por si só, são especiais, mas a celebração dos 31 anos de Adenízia nesta segunda-feira (18) tem um sabor extra: jogando sua segunda temporada no Savino Del Bene Scandicci e vivendo um novo momento na seleção brasileira, a meio de rede julga estar vivendo o auge de uma carreira iniciada há pouco mais de 20 anos. Os feitos confirmam tal sensação: campeã do Grand Prix e do Montreux Volley Masters com a camisa amarela em 2017, ela lidera novamente as estatísticas de bloqueio no Campeonato Italiano.
"A mudança foi muito importante para mim: evoluí muito como pessoa, atleta e o mundo me conheceu", comemorou a atleta, em entrevista exclusiva ao Saída de Rede. "Queira ou não, mesmo você atuando na seleção brasileira, as pessoas não te conhecem. Quando eu vim pra cá, ninguém me conhecia, mas depois o mundo passou a conhecer a Adenízia", avaliou.
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Um dos fatores que Adenízia mais celebra é o de ter ampliado seu repertório técnico e tático na Europa. "Aqui na Itália se joga diferente de no Brasil, pois há mais jogadoras tanto de força como de habilidade. Eu era acostumada a encarar atacantes que iam nas alturas e agora pego italianas que vão baixinho em bolas rápidas. Foi difícil e demorei um tempo para me adaptar, mas, quando fui para a seleção, já estava melhor neste fundamento. Além disso, também conheço melhor as adversárias do Brasil, pois jogo contra nomes como a De Kruijf, a Plak, a Hill…", destacou.
A evolução em quadra também pode ser explicada pela dedicação. Segundo Adenízia, não são raros os dias em que ela decide ficar treinando sozinha após o fim da sessão comandada pela comissão técnica. Com apoio de uma TV que filma toda a preparação da equipe in loco, o treinador Carlo Parisi aproveita a oportunidade para dar dicas a ela em relação a saltos e o posicionamento da mão no bloqueio. "São pequenos ajustes que não parecem, mas ajudam muito. Uma troca de movimento na mão ou na perna te faz melhorar muito", explica a brasileira.
O momento de meio de rede só não é perfeito por conta da saudade. Apesar de já estar fluente em italiano ("Não podem mais falar mal de mim porque eu já entendo (risos)") e bem adaptada à cultura local, ela sente falta da família. "Estava até conversando com as meninas do meu time: estou indo para o segundo ano sem uma ceia de Natal, sem uma festa. As pessoas só veem o lado que a gente perde ou ganha em quadra, mas esquecem que muitas vezes estamos longe de casa em datas importantes. Eu mesmo não vou parar neste Natal, tenho treino no dia 25 para jogar no dia 26. É desgastante", lamenta. Este ano, ao menos, a solidão no aniversário foi amenizada pela chegada do namorado de Adenízia, Vitor, à Itália no domingo (17).
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Maternidade?
Em um ano no qual o vôlei feminino do Brasil foi marcado pelas gestações de Camila Brait e Dani Lins, Adenízia não esconde que também tem o sonho de ser mãe. Mas, diferente das ex-companheiras de Vôlei Nestlé e seleção, ela pensa em se aposentar definitivamente das quadras quando ficar grávida. "Vi o que a Paula Pequeno, a Fabíola e a Tandara sofreram por estar longe dos filhos e não quero passar por isso. Não quero que meu filho cresça sem que eu esteja perto ou indo jogar no exterior e ele longe do pai. Saí de casa com 11 anos, sei da falta que os pais fazem", comenta.
O plano é que tamanho passo na vida pessoal seja dado daqui a uns três anos. Sendo assim, não seria muito cedo para parar de jogar? "Jogo desde os dez anos e estou há 19 longe de casa. Talvez não seja tão cedo…", responde, pensativa.
Até lá, os planos são ganhar muitos títulos, inclusive os atualmente em disputa com o Scandicci. "Não dá para saber quem vai ganhar o scudetto: na temporada passada, por exemplo, todo mundo achava que o campeão seria ou o Conegliano ou o Casalmaggiori e nenhum deles chegou à final (o título foi do Novara, que bateu o Modena na decisão). Eu sempre espero o melhor e minha equipe é jovem, determinada e foi montada para chegar lá tanto no Italiano quanto na Copa Itália. Lógico que o caminho é longo e há rivais fortes, mas temos que aproveitar todas as oportunidades", destacou Adenízia, lembrando que o clube que defende saiu derrotado, mas fez duelos duros contra os dois líderes da disputa, Novara e Conegliano, neste primeiro turno. "Foram jogos em que cometemos muitos erros, mas estávamos ali com um 25-23, 25-21… dá para ganhar, só depende de não errarmos tanto!", aponta.
Sobre a seleção brasileira, a perspectiva também é otimista, especialmente no início de um ciclo olímpico em que a central tem como objetivo assumir o papel de líder de um time que começa a ser renovado. "Fui uma das mais velhas esse ano e pude contribuir um pouco com as meninas com tudo o que tinha adquirido com a Fabiana, Sheilla, Thaisa… Tentei ajudá-las nos treinos, naquela etapa do Grand Prix no Brasil. No final, ainda ganhamos o título e mostramos o nosso valor", comemorou Adenízia, mais confiante do que nunca.
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