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Técnico reclama da Liga Mundial: “Não é justo mudar regras no meio do jogo”

Sidrônio Henrique

05/10/2017 06h00

Técnico Slobodan Kovac reclama da alteração feita pela FIVB: "Nós ganhamos e não levamos" (foto: FIVB)

"Não é correto, não é nada justo mudar as regras no meio do jogo. Isso acaba com a motivação do meu time". O desabafo, feito durante entrevista ao Saída de Rede, é de Slobodan Kovac, técnico da seleção masculina da Eslovênia, campeã da segunda divisão da Liga Mundial 2017, mas que não foi incluída na edição 2018, quando o torneio terá novo formato – informação dada em primeira mão pelo SdR em julho. Pelas regras em vigor quando a competição de 2017 começou, alteradas sem aviso prévio, o campeão da segunda divisão ascendia à primeira no ano seguinte.

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O sérvio Kovac, que também treina o clube turco Halkbank, assumiu a seleção eslovena este ano, depois de treinar o Irã nas temporadas 2014 e 2015. A Eslovênia chamou a atenção do mundo do vôlei ao se sagrar vice-campeã europeia em 2015, sob o comando do treinador italiano Andrea Giani, atualmente com a Alemanha. Desde então, os eslovenos têm feito bom papel. Em 2016, ao estrearem na Liga Mundial, na terceira divisão, fizeram o que se esperava deles e venceram sem problemas. Este ano, já com Kovac, garantiram a classificação para o Mundial 2018. Na segunda divisão da Liga Mundial 2017, ficaram com o título. Mais tarde, no Campeonato Europeu, chegaram às quartas de final, sendo eliminados pela eventual campeã, a Rússia.

A seleção eslovena venceu a segunda divisão da Liga Mundial 2017 (FIVB)

Projeto Tóquio 2020
A presença na primeira divisão da Liga Mundial, conta Slobodan Kovac, era parte essencial do projeto de se classificar para os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, tanto pela oportunidade de enfrentar as principais seleções do mundo, somando assim mais experiência, quanto pelo número de pontos que ganhariam no ranking mundial – aspecto de extrema importância na hora da definição dos participantes dos pré-olímpicos e que ganhou ainda mais peso com a mudança no sistema de classificação realizada pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB).

"Treinamos tanto, nos dedicamos demais, tendo em mente esse sonho de estar na elite, enfrentar os melhores, poder jogar contra o Brasil, a França, os Estados Unidos, entre outros. Viajamos de um lado para o outro, vencemos a segunda divisão jogando um bom voleibol, derrotamos times como Japão, Coreia do Sul e Austrália, que estarão na primeira divisão sem ter vencido a segunda, que era o critério estabelecido. Nós ganhamos e não levamos. Até a Alemanha, que sequer ganhou a terceira divisão, estará lá. É justo? Isso complica demais nosso planejamento. Como vamos nos preparar para brigar com chances de levar uma vaga para Tóquio 2020? E os pontos no ranking que não ganharemos, quem vai compensar?", lamenta o técnico.

Torcedores eslovenos protestam contra a FIVB durante o Europeu 2017 (Bartek Muszynski/Saída de Rede)

FIVB fala em mérito esportivo
A Federação da Eslovênia entrou com recurso no painel de apelação da FIVB para que sua seleção seja incluída na disputa da Liga Mundial 2018. O SdR procurou a Federação Internacional para saber a posição da entidade sobre a reivindicação dos eslovenos. Por meio da sua assessoria de imprensa, a FIVB respondeu que não comentaria nada a respeito, "pois os procedimentos antes da decisão são confidenciais". Sobre a Liga Mundial 2018, que na resposta foi chamada de "Nova Liga de Vôlei", a FIVB afirmou que se trata de uma competição diferente e que a escolha dos participantes se baseou em "critérios objetivos, como mérito esportivo e apelo comercial".

Slobodan Kovac faz questão de elogiar seu antecessor, Andrea Giani, que após levar a Eslovênia ao vice-campeonato europeu há dois anos, desta vez repetiu a dose com a Alemanha. "Com um grupo reduzido de atletas, Giani fez um trabalho excelente e colocou o vôlei da Eslovênia no mapa". O técnico sérvio, um ex-ponteiro dono de duas medalhas olímpicas com a antiga Iugoslávia (bronze em Atlanta 1996 e ouro em Sydney 2000), diz que seu objetivo imediato com a seleção eslovena é revelar novos atletas, para ter mais opções.

Os belgas ficaram em sétimo lugar na Liga Mundial 2017, mas foram excluídos da próxima edição (FIVB)

BELGAS VÃO REAGIR
A Bélgica, sétima colocada na primeira divisão da Liga Mundial 2017, também foi excluída da versão 2018 do torneio. O Saída de Rede entrou em contato com a federação daquele país e foi informado, via assessoria de imprensa, que algo será feito para tentar reverter a decisão da FIVB. Porém, eles ainda não definiram se recorrerão ao painel de apelação da Federação Internacional de Vôlei ou se irão diretamente à Corte Arbitral do Esporte, cuja sede fica em Lausanne, na Suíça, e que julga em última instância – entre os casos mais comuns estão justamente disputas entre federações nacionais e internacionais. Os belgas querem evitar, pelo menos, que sua seleção perca pontos no ranking, caso realmente fique de fora da Liga Mundial.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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