Por que a RedeTV! ficou à margem nas finais da Superliga?
A RedeTV! transmitiu a temporada 2016/2017 da Superliga, cativou um público que pedia voleibol pela TV aberta, mas não vai exibir ao vivo a final do campeonato masculino, entre Sada Cruzeiro e Funvic/Taubaté. A partida, que começa às 10h deste domingo, vai passar na Globo e no SporTV.
A informação não é nova, aparece estampada no site oficial da competição e, para não restar dúvida, a grade de programação do canal paulista reserva o horário do jogo a um programa religioso e relega à partida um VT às 16h.
Na decisão feminina, no último dia 23, a emissora também transmitiu o duelo no domingo à tarde, em reprise, mas mostrou o jogo ao vivo em seu portal na internet – um paliativo.
Não que as transmissões via web sejam irrelevantes, pelo contrário: o leitor mais assíduo do blog deve recordar que o Saída de Rede publicou algumas matérias, há cerca de três meses, ressaltando que seria muito bom para o vôlei nacional que a CBV e os clubes exibissem partidas ao vivo pela rede mundial de computadores – até já falamos sobre a experiência do Maringá e do Cruzeiro.
É preciso ressaltar, no entanto, que chama a atenção que a RedeTV! – que até chegou a fazer transmissões da Superliga B no mês passado – mostre o jogo mais importante da competição apenas pela internet. E essa não é a única estranheza notável.
Quando a Superliga chegou aos mata-matas, a tabela contemplou o canal com um número notadamente baixo de jogos. Exibindo vôlei às 22h de quinta-feira e 14h de sábado, restaram-lhe apenas sete transmissões ao vivo: seis do campeonato masculino (cinco jogos das quartas de final e um das semifinais) e só uma partida feminina (o jogo 1 entre Vôlei Nestlé e Fluminense, nas quartas de final).
É claro que o calendário apertado e a incerteza da realização de algumas partidas nos playoffs atrapalham na hora de reservar este ou aquele jogo à emissora. Contudo, observando a configuração da tabela das semifinais dos dois naipes, vê-se que somente o hipotético jogo 5 entre Vôlei Nestlé e Dentil/Praia Clube – confronto definido em três partidas – estava marcado para um horário propenso à RedeTV! (tarde de sábado) e que o jogo 4 entre Sesi e Funvic/Taubaté, ainda que disputado numa noite de quinta-feira, começou às 19h30 (a emissora exibiu a partida em reprise, no mesmo dia).
Curiosamente, o duelo entre Rio do Sul e Terracap/BRB/Brasília, pela terceira rodada da fase classificatória, chegou a ter sua data alterada para que o SporTV pudesse transmiti-la ao vivo. Não cabia, assim, algum remanejamento na tabela dos mata-matas para que os playoffs houvessem tido mais espaço na TV aberta?
Contatada pelo blog, a RedeTV! não quis comentar sobre o assunto – nem dizer se Sada Cruzeiro e Funvic/Taubaté vai ser exibido ao vivo em seu portal.
IBOPE
Se a RedeTV! não quis transmitir ao vivo a vitória do Rexona-Sesc sobre o Vôlei Nestlé, a Globo, que ainda não havia exibido nenhuma partida desta Superliga, quis e se deu bem. Ao menos, é o que mostram os índices de audiência.
De acordo com dados do Notícias da TV, o Esporte Espetacular do dia 23 de abril, com a transmissão da final da Superliga feminina, teve 11,6 pontos de audiência. Como cada ponto equivale a 70.559 mil domicílios na Grande São Paulo, dá para dizer que mais de 800 mil televisores da maior metrópole do país estavam ligados no jogo que rendeu o 12º título nacional ao Rexona.
Visto isoladamente, o número não parece ser significativo, pois tanto o Auto Esporte, que antecedeu o programa, quanto o Tamanho Família, que o sucedeu na grade, ultrapassaram a marca. Porém, levando em consideração apenas as edições do programa dá para cravar: foi no dia em que exibiu a final da Superliga feminina 2016/2017 que Esporte Espetacular obteve sua maior índice de audiência desde 13 de novembro passado – data do GP do Brasil de F1 (na ocasião, 11,7 pontos).
Obviamente, havia pelo menos dois elementos consideráveis para que tantos televisores estivessem ligados na partida: era uma final de campeonato e a rede separava as duas equipes de maior rivalidade do voleibol brasileiro atual. Mesmo assim, a atenção que a partida despertou não deve passar em branco nem ser esquecida pela CBV nem pelos clubes na hora de negociar cláusulas de direitos de transmissão e cotas de patrocínio.
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