Fim do ranking, por si só, não vai melhorar a Superliga de vôlei
Mais do que ocorreu em quadra, o início da semana no vôlei foi marcado por um assunto que, volta e meia, vem à tona: o ranking de atletas da Superliga de vôlei. Enquanto à noite Vôlei Nestlé e Rexona-Sesc garantiram uma vaga na semifinal do torneio com relativa tranquilidade, repercutia desde as primeiras horas da manhã a carta de repúdio divulgada pelas nove jogadoras classificadas com sete pontos, o máximo possível, contra as regras de contratação impostas para a próxima temporada.
É óbvio que as jogadoras possuem razão em seu protesto. Passados quase 25 anos desde a criação do ranking, está evidente que aquelas que chegam ao mais alto nível dentro da modalidade acabam sendo punidas e, muitas vezes, obrigadas a sair do país para contarem com o salário que desejam. Mas será que o livre mercado no vôlei será suficiente para resolver esta situação?
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Particularmente, tenho sérias dúvidas quanto a isso. Das nove jogadoras que assinaram os documentos, cinco estão atualmente empregadas no Brasil (Dani Lins, Fabiana, Gabi, Jaqueline e Tandara). Entre os clubes, somente o Vôlei Nestlé está exercendo o máximo da cota que permite apenas duas "jogadoras sete pontos" em cada equipe. Ou seja: há espaço para elas no Rexona, Dentil/Praia Clube e Camponesa/Minas, para ficar somente entre os quatro primeiros colocados da fase classificatória.
A pergunta que fica é: por que os clubes não estão exerceram seu direito de contar com essas atletas? Além de questões pessoais (Sheilla, por exemplo, decidiu tirar um período sabático após a Olimpíada), parece claro que simplesmente não houve dinheiro para competir com propostas melhores do exterior. O Rexona, por exemplo, tinha todo o interesse de continuar com a Natália, mas é difícil vencer os euros do voleibol turco, que também levou Thaísa. Fernanda Garay, por sua vez, preferiu ter um tempo dedicado à família antes de iniciar sua participação na segunda divisão da China, que começou bem mais tarde que os demais campeonatos no mundo.
O fim do ranking, por si só, não vai impedir que esse tipo de situação ocorra, pois o problema é mais profundo do que a mera classificação das atletas. É falta de grana mesmo. Se cada um for liberado para jogar onde quiser, talvez um ou outro time terá recursos para juntar a maioria das "sete pontos" em um só lugar, mas isso não vai resolver a questão do nível técnico da Superliga. Temos aí a temporada 2012/2013: o Vôlei Nestlé (à época Sollys) usou bem as regras do ranking e contou com uma espécie de seleção brasileira, mas perdeu a final de um campeonato que, sinceramente, não foi diferente em termos de competitividade dos demais.
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Além do ranking, quem faz o vôlei brasileiro deve discutir maneiras de tornar a Superliga mais atraente para diversos patrocinadores, abrangendo todos os clubes participantes de forma que haja recursos para pagar as principais jogadoras do país. E, isso, claro passa por dar maior voz aos atletas, que hoje contam com apenas um voto nas reuniões que definem os rumos da competição. Na condição de protagonistas do espetáculo, eles deveriam ter o mesmo número de votos dos clubes, divididos entre as diferentes categorias de pontos para dar voz desde as estrelas da seleção até quem ainda está começando na carreira. Enquanto isto não ocorrer, estaremos muito longe de atacar o real problema.
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