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Em jogo dramático, Sesi encerra longa invencibilidade do Sada Cruzeiro

João Batista Junior

20/01/2017 06h00

Sesistas comemoram: virada sobre Sada Cruzeiro parecia improvável (fotos: Bruno Miani/Inovafoto/CBV)

Sesistas comemoram: virada sobre Sada Cruzeiro parecia improvável (fotos: Bruno Miani/Inovafoto/CBV)

O Sada Cruzeiro não saía derrotado de quadra num jogo oficial há mais de dez meses, quando escalou uma equipe reserva e caiu para o Juiz de Fora, na rodada que fechou a fase classificatória da Superliga anterior. Campeão de tudo na temporada passada, a última vez em que o time mineiro não levou para a estante um troféu em disputa foi em fevereiro de 2015, quando perdeu a final do Sul-Americano, em San Juan (Argentina), para a UPCN Voley. Contudo, na noite da quinta-feira, pelas semifinais da Copa Brasil, o Sesi quebrou as duas escritas – a da invencibilidade e a da sequência de títulos do time celeste.

Numa partida nervosa e de tie break espetacular, no ginásio Taquaral, em Campinas, a equipe paulista venceu por 3 sets a 2, com parciais de 23-25, 23-25, 25-23, 25-20, 17-15. É claro que a Copa Brasil nem se aproxima da importância da Superliga, mas a reta final desse confronto foi o retrato vibrante de um jogo com ares de campeonato à parte.

Primeiro, Murilo esqueceu a cautela com o cotovelo que o tirou de quadra por um mês, soltou o braço numa cortada pela entrada de rede e fez, para Bruno, um gesto de quem pede mais bolas para atacar. Depois, Leal levou para o pós-jogo uma exacerbada reclamação com a arbitragem por uma anotação de toque na rede – lance que levou os rivais a terem o match point.

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O JOGO

A partida demorou a engrenar. Nas duas primeiras parciais, os times apostaram e erraram demais no saque. Nessa toada, o melhor momento foi quando o Sesi vencia por 21 a 14 e uma sequência do ponteiro Filipe no serviço pôs o Sada Cruzeiro no set e no jogo.

Theo encara o bloqueio de Simón

Theo encara o bloqueio de Simón

No duelo particular entre os levantadores campeões olímpicos, William tinha mais alternativas para o ataque do que Bruno: enquanto o cruzeirense contava com a eficiência de Leal e a força de Evandro, o sesista tinha de trabalhar com um passe menos redondo e contra um bloqueio pesado do outro lado da rede.

O panorama mudou quando, a partir do terceiro set, as duas equipes maneiraram no saque e se permitiram jogar mais. Se a mudança no ritmo da partida deixou o jogo mais atraente para o torcedor, em quadra, a nova dinâmica só poderia beneficiar a quem de fato beneficiou: quem estava atrás no placar.

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O sistema defensivo do Sesi apareceu, assim como o ataque de Theo pela saída de rede. A recepção do sexteto da Vila Leopoldina melhorou e Bruno pôde dispor de sua melhor jogada, a bola rápida de meio com Lucão.

O equilíbrio presente nos três primeiros sets dissipou-se na quarta etapa. O tie break, discutido até depois do último apito, chegou a estar 13 a 11 para o Sada, quando o Sesi encontrou fôlego e bloqueio para uma virada que, pelo retrospecto histórico e pelo 2 a 0, parecia improvável.

Na final, o Sesi encontra a Funvic/Taubaté.

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FUNVIC/TAUBATÉ VS. BRASIL KIRIN

Wallace: melhor do Taubaté no ataque

Wallace: melhor do Taubaté no ataque

A Funvic/Taubaté não passou grande apuro para vencer o Brasil Kirin por 3 sets a 0 (25-22, 25-22, 25-19). O placar refletiu a superioridade do time visitante em quadra, uma diferença incompatível com a situação atual dos dois sextetos na Superliga – só um ponto separa o Taubaté, terceiro colocado, da equipe de Campinas, quarta.

As ações na partida só estiveram, de fato, equilibradas na primeira parcial, quando erros no passe e no ataque atrasaram a fuga dos tricampeões paulistas na dianteira. Quando o time visitante se ajustou, o jogo trilhou um caminho sem desvio.

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O oposto Wallace, em dia inspirado, foi a melhor opção para o levantador Raphael no ataque. Outro que se destacou, com boas passagens no saque e ótima presença no bloqueio, foi o meio de rede Éder. Lucarelli, que saiu no segundo set com uma lesão no calcanhar, teve uma atuação fraca.

Qualificado às semifinais sem passar pelas quartas, graças ao fato de Campinas hospedar a fase final da competição, o Brasil Kirin despediu-se do torneio sem vencer um set, sequer. Com problemas no passe, Rodriguinho pouco acionou os centrais e não encontrou consistência nos atacantes das pontas – nem com Rivaldo na saída e nem com Bruno Temponi e Diogo na entrada de rede.

A partida entre Sesi e Funvic/Taubaté será disputada no sábado, a partir das 15h30 (horário de Brasília), com transmissão pelo SporTV e pela TV Brasil. O duelo reedita a final dos três últimos campeonatos paulistas, todos vencidos pelo time do interior.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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