“Vão sofrer até ganhar maturidade”, diz Paula sobre renovação na seleção
Bicampeã olímpica, ela completa 35 anos no dia 22 de janeiro e ainda é referência em um time que está entre os quatro primeiros colocados da Superliga. Paula Renata Marques Pequeno, a PP4, mantém o corpo torneado como nos tempos em que fazia parte da seleção brasileira. O que perdeu em velocidade e potência, compensa com experiência.
"Amo muito o que faço. Sinto dores todos os dias, mas procuro superar. A motivação está dentro disso, de fazer o que se gosta", disse ao Saída de Rede essa brasiliense que a partir dos 15 anos passou a integrar grandes equipes do país, tendo atuado também nas ligas da Rússia e da Turquia. Sua carreira atingiu o ápice quando foi escolhida a melhor jogadora da Olimpíada de Pequim. Foi da seleção até Londres 2012 e seguiu firme nos clubes. Parar não está em seus planos. "Enquanto meu físico aguentar e eu amar o voleibol do jeito que amo, vou estar aqui dentro", comentou a veterana, que desde 2013 joga pelo Terracap/BRB/Brasília Vôlei, do qual é capitã.
Curta o Saída de Rede no Facebook
Como era o mundo na última vez que Bernardinho não foi técnico de seleção?
Paula Pequeno prevê tempos difíceis para a seleção feminina diante da inevitável renovação que a equipe deve encarar. "Espero que se renove o quanto antes. De alguma maneira essa renovação já deveria ter começado, para que as meninas ganhassem experiência internacional. Acredito que por um bom tempo vão sofrer, até ganhar maturidade", avaliou.
Para PP4, a ponteira Gabi, do Rexona-Sesc, que vem servindo à seleção desde o ciclo passado, é o principal nome da nova geração. "Acho que é a única que se destaca realmente, uma atleta muito jovem e já jogando num nível elevado há alguns anos. Ela tem alta probabilidade de se dar muito bem e ajudar a seleção".
Pupilo de Bernardinho, Anderson mira semifinal com o Brasília Vôlei
Bárbara quer levar o Pinheiros à semifinal da Superliga
A derrota para a China nas quartas de final da Rio 2016 refletiu, segundo Paula, além do jogo coeso apresentado pelas orientais, uma primeira fase que pouco exigiu do Brasil. "Talvez o time achasse que estava jogando o suficiente, só que não estava, não tinha um bom parâmetro pelas equipes que enfrentou, mesmo a Rússia não estava bem". A ponteira que defendeu a seleção brasileira em duas edições dos Jogos Olímpicos foi só elogios às atuais campeãs. "Vi a China como uma equipe sem estrelas, atuando como um conjunto, mesmo a Ting Zhu sendo um espetáculo", afirmou.
Confira a entrevista que PP4 concedeu ao SdR:
Saída de Rede – Qual a sua expectativa com o Brasília Vôlei para a Superliga 2016/2017 depois de terminar o primeiro turno em terceiro lugar e se manter entre os quatro primeiros no início do returno?
Paula Pequeno – O ano passado nós terminamos o segundo turno em quinto. Toda temporada que a gente começa é com expectativa de melhora, evolução. Em alguns jogos tivemos resultados muito positivos, conquistamos essa confiança, essa tranquilidade para as partidas mais duras. Vamos ver como terminamos.
Saída de Rede – Você que está na equipe desde o início, em 2013, diria que esse é o melhor momento? Não só pela colocação na tabela, mas pelo nível de jogo apresentado.
Paula Pequeno – Sem dúvida, é o melhor momento que o time já teve, mas mantemos os pés no chão, o campeonato é longo, há equilíbrio.
Saída de Rede – O que pode ser melhorado? Onde estão as maiores deficiências?
Paula Pequeno – Temos capacidade de ser mais eficientes em todos os fundamentos. Individualmente o time é muito bom, mas como conjunto a gente ainda falha bastante no contra-ataque, a quantidade de erros ainda está muito alta. Não podemos deixar de arriscar, de ir pra cima do adversário, mas ao mesmo tempo precisamos ter uma eficiência maior.
Saída de Rede – Como tem sido trabalhar com o técnico Anderson Rodrigues?
Paula Pequeno – Tem sido uma delícia, somos amigos há mais de 15 anos. Primeiro, começa bem com uma relação de amizade, de confiança, que é muito importante. Tem a relação capitã e técnico que é bacana, a gente consegue levar isso com leveza. Existe cobrança dos dois lados e há também a humildade de um ouvir o outro. No trabalho coletivo, vejo uma resposta muito boa do time.
Saída de Rede – Você tem quase 35 anos, onde encontra motivação para treinar intensamente e seguir jogando?
Paula Pequeno – É o amor mesmo, eu amo muito o que faço. As pessoas me perguntam, "Paula, quando você vai parar?", e eu digo: enquanto meu físico aguentar e eu amar o voleibol do jeito que amo, vou estar aqui dentro. Gosto muito de treinar, sinto falta, sou fominha até hoje, me preocupo, me importo, me doo. Sinto dores todos os dias, mas procuro superar. A motivação está dentro disso, de fazer o que se gosta. Eu ainda gosto muito e é isso o que me motiva.
Saída de Rede – Como avalia a eliminação da seleção brasileira feminina nas quartas de final da Rio 2016 pela China?
Paula Pequeno – Foi arriscada a primeira fase porque os nossos adversários (Camarões, Argentina, Japão, Coreia do Sul e Rússia) estavam muito aquém daqueles que a gente encontraria depois. Como foi insuficiente o nível de pressão, o de dificuldade, o nosso time não estava preparado para o que viria pela frente. A primeira fase nos desfavoreceu. Talvez a equipe achasse que estava jogando o suficiente, só que não estava, não tinha um bom parâmetro pelos times que enfrentou, mesmo a Rússia não estava bem. Desta vez os adversários mais fortes seriam China, Sérvia, Estados Unidos e até a Holanda, com algumas surpresas. A seleção brasileira pode ter cometido aquela grande falha que é achar que está preparada. De repente, quando aparece uma dificuldade, toma um susto bem grande. Enquanto a gente se assustava, o outro time jogava.
Saída de Rede – O que achou da seleção chinesa?
Paula Pequeno – É extremamente jovem, mas se mostrou muito madura. Uma equipe coesa, com todo mundo jogando coletivamente, se voltando para o time. Eu vi a China como uma equipe sem estrelas, atuando como um conjunto, mesmo a Ting Zhu sendo um espetáculo. E é isso, tiramos a chance de ouro delas em Pequim 2008, aí elas vieram aqui e nos deram o troco. (risos)
Saída de Rede – Há um ano você afirmava que a renovação na seleção feminina te preocupava. Terminado mais um ciclo, o que você diria a respeito do tema?
Paula Pequeno – Olha, eu espero que se renove o quanto antes. Algumas peças vão fazer falta, claro. De alguma maneira essa renovação já deveria ter começado, para que as meninas ganhassem experiência internacional. A partir de agora as mais novas terão que segurar o rojão. Acredito que por um bom tempo vão sofrer, até ganhar maturidade, pois o voleibol internacional é muito diferente da realidade da Superliga. Por mais que joguemos aqui em alto nível, é incomparável com os grandes campeonatos entre seleções.
Saída de Rede – Velocidade, alcance, potência…
Paula Pequeno – Isso. É incrível, é muito diferente. Esse início vai ser difícil até a seleção engrenar, mas acredito que com novos talentos a gente consiga renovar legal.
Saída de Rede – Quem você destacaria entre os talentos da nova geração?
Paula Pequeno – Eu apontaria uma grande jogadora entre as mais novas, que é a Gabizinha, do Rio de Janeiro (Rexona-Sesc). Acho que é a única que se destaca realmente, uma atleta muito jovem e já jogando num nível elevado há alguns anos. Ela tem alta probabilidade de se dar muito bem e ajudar a seleção.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.