Quem foram os melhores do vôlei feminino em 2016?
Uma lista de melhores do esporte em 2016 tem de começar ou passar, obrigatoriamente, pelas Olimpíadas do Rio. Isso não quer dizer, no entanto, que essa lista precise se ater apenas ao evento.
Entre os melhores do ano no vôlei feminino, o leitor poderá/deverá discordar, mas foram excluídos times e seleções. A razão foi simples: ninguém foi dominante nas quadras este ano. Nem o Rexona, campeão da Superliga pela 11ª vez, mas quinto no Mundial de Clubes, nem o Eczacibasi VitrA, bicampeão mundial, mas precocemente eliminado no Europeu e entrando como convidado para jogar nas Filipinas, nem a seleção brasileira, campeã do GP, mas quinta no Rio, nem a seleção chinesa, ouro no Rio e desinteressada na reta final do GP.
Enumeramos, por outro lado, duas jogadoras, uma treinadora, uma liga e um sinal positivo para o esporte como destaques de 2016. A lista não tem ordem de preferência ou de importância, a sequência dos nomes foi determinada pelo alfabeto. Dê uma olhada:
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BOSKOVIC
A oposta Tijana Boskovic surgiu na seleção sérvia adulta colocando no banco ninguém menos que a veterana Jovana Brakocevic, no Mundial da Itália 2014. A partir dali, ela não perdeu mais a titularidade da saída de rede do time dirigido por Zora Terzic.
No Grand Prix deste ano, conseguiu destacar-se nas poucas vezes em que a Sérvia mandou para a quadra o time titular. Na virada de 3 a 2 sobre o Brasil, pela segunda semana do torneio, ela marcou nada menos que 30 pontos – quase o dobro das maiores pontuadoras adversárias naquele dia, Natália e Fabiana, com 16.
Quando foi a vez da competição máxima do esporte, Boskovic não decepcionou. Maior pontuadora da Sérvia na Rio 2016 – terceira no geral –, a atacante de 19 anos foi uma das chaves para que sua seleção chegasse à inédita medalha olímpica de prata.
O ano de ouro da oposta até poderia acabar por aí, mas, no Mundial de Clubes das Filipinas, ela foi a terceira maior pontuadora do torneio, a segunda melhor atacante e ainda conquistou o título com o Eczacibasi VitrA.
LANG PING
Observe a foto ao lado. A China acabara de se sagrar tricampeã olímpica. As jogadoras orientais pulam, gritam, correm, se multiplicam numa alegria que não cabe em si. Meio absorta, talvez olhando para o alto da arquibancada ou para o telão ou para o teto do Maracanãzinho ou para um vazio impossível, Lang Ping, com uma mão para trás e um sorriso indisfarçável, é a pessoa mais feliz do Rio de Janeiro naquela noite de sábado.
O "Martelo de Ferro", como era chamada quando jogava, havia chegado perto duas vezes de repetir, como treinadora, o título que conquistou com a China em Los Angeles/1984: dirigiu a seleção chinesa vice-campeã olímpica em Atlanta 1996 e os EUA em Pequim 2008.
Mas, em 2016, apesar da juventude da equipe que comandava e dos resultados fracos na primeira fase, ela se tornou a primeira personalidade do voleibol mundial a conquistar a medalha olímpica de ouro como jogadora e também como treinadora.
De quebra, Lang Ping, que não sabe se continuará à frente da seleção chinesa, ainda mostrou, por duas vezes, que o torneio anual da FIVB precisa de ajustes. Ou, do contrário, servirá como certame meramente preparatório. Tanto no ano passado quanto neste, ela levou as principais jogadoras da seleção chinesa para disputar a fase classificatória do GP, mas mandou um time B para as finais. Coincidência ou não, a tática deu resultado em ambas ocasiões: se a China venceu o torneio olímpico em agosto passado, venceu também a Copa do Mundo 2015, duas conquistas que o voleibol chinês há um bom tempo não tinha.
PERSISTENTES
Não é segredo para ninguém que o esporte brasileiro no período pós-olímpico foi abalroado pela crise financeira, e o vôlei não foi exceção. O São José desistiu de disputar a Superliga masculina e a Voleisul/Paquetá, sem grana, não pôde aceitar o convite de substituir os paulistas. No feminino, a equipe de Araraquara até foi socorrida depois de perder o patrocinador na temporada passada, mas, neste ano, não conseguiu colocar o time em quadra e acabou abrindo mão da Superliga feminina. O Sesi, como se sabe, diminuiu drasticamente o investimento no vôlei feminino, o que tem feito a equipe cumprir uma campanha terrível no nacional. Mas nem tudo é crise: há os persistentes.
Contra a maré, o Dentil/Praia Clube não só manteve as principais jogadoras do vice-campeonato da Superliga 2015/2016 como também contratou uma das melhores centrais do mundo, Fabiana. O Camponesa/Minas, para não deixar por menos, trouxe a ponteira Jaqueline e a oposta norte-americana Destinee Hooker, duas jogadoras que, sem maiores delongas, são estrelas do vôlei mundial. E o Genter Vôlei Bauru repatriou a campeã olímpica Mari e contratou duas jogadoras da seleção dominicana, a ponteira Prisila Rivera e a líbero Brenda Castillo – talvez a melhor do mundo na posição.
Além disso, a edição 2017 da Superliga B tem tudo para, de fato, atrair a atenção do fã do voleibol: se José Roberto Guimarães vai comandar o Hinode/GRB/Barueri, com jogadoras como as ponteiras Érika Coimbra e Suelle, a central Fê Ísis e a levantadora Ana Cristina, a ex-jogadora Cristina Pirv vai gerir o BRH-Sulflex/Curitibano, que terá na atacante campeã olímpica Valeskinha sua maior estrela.
TING ZHU
Com 22 anos completados em novembro, Ting Zhu foi a grande jogadora do ciclo olímpico que acabou. A ponteira chinesa foi campeã e eleita melhor jogadora da Copa do Mundo 2015, repetindo a dobradinha na Rio 2016. Se a China titubeou na primeira fase, passou aos mata-matas com três derrotas na conta, ela tratou de conduzir o time para uma medalha de ouro que, em certo momento, parecia improvável.
Maior pontuadora nas Olimpíadas, Ting Zhu não se apequenou diante de uma seleção brasileira empurrada por 12 mil torcedores no Maracanãzinho. Ela fez 28 pontos na partida que se tornou uma mais dolorosas derrotas do esporte brasileiro nos Jogos. Nas semifinais, marcou 33 pontos contra a Holanda, num jogo de quatro sets decididos por contagem mínima. E na decisão, comandou a virada contra a Sérvia com 25 pontos.
Finda a temporada da seleção, apresentou-se a seu novo clube, o VakifBank, da Turquia, e continua brilhando: ela é o grande destaque do time, que lidera invicto a liga turca.
VÔLEI TURCO
Pouca gente vai discordar que o voleibol italiano, historicamente, seja o "eldorado" da modalidade, possua a liga mais competitiva, os clubes mais bem estruturados etc. Contudo, é inegável que o crescimento do vôlei turco nos últimos dois ciclos olímpicos tenha ampliado os horizontes dos profissionais do esporte, a tal ponto que, hoje, o campeonato local rivalize com o da Itália – e talvez, até, o supere em importância e qualidade. A montagem de elenco dos grandes clubes nesta temporada é um exemplo de o quanto se tem investido em voleibol na Turquia.
Três das quatro principais equipes do país (o Galatasaray é a exceção) foram turbinadas por contratações de grande relevo para esta temporada. O Fenerbahçe, que já contava com a craque sul-coreana Kim Yeon Koung, tem a levantadora tailandesa Nootsara Tomkom e a ponteira da seleção brasileira Natália. O VakifBank, atual campeão nacional, contratou a ponta chinesa Ting Zhu, além de manter no elenco a norte-americana Kimberly Hill (MVP do Mundial de 2014), a central sérvia Milena Rasic e a oposta holandesa Lonneke Slöetjes. E o Eczacibasi VitrA, que montou uma "seleção mundial", manteve Boskovic e a norte-americana Jordan Larson no elenco e trouxe gente do gabarito das centrais Rachael Adams (norte-americana) e Thaisa, da ponteira russa Tatiana Kosheleva.
Como a liga turca só permite que cada time utilize até três estrangeiras em quadra por vez, só na Liga dos Campeões é possível vê-las todas em ação. Mas isso não diminui o interesse pelo campeonato nacional, que tem, inclusive, destaques noutras equipes, como a brasileira Joycinha, no Bursa Sehíd, e a belga Lise Van Hecke, com passagem pelo Vôlei Nestlé na temporada passada, atuando agora no Besiktas.
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