Boa notícia para o torcedor: Brasil atropela mesmo errando muito
Pode um time errar muito e ainda assim atropelar um rival? No futebol, esporte onde a imprevisibilidade e a sorte costumam aparecer com alguma frequência, esse tipo de situação é relativamente comum. No vôlei é bem mais difícil isso acontecer. Uma exceção aconteceu hoje, nos 3 a 0 que a seleção brasileira impôs sobre a Itália na estreia da fase final da Liga Mundial (25-18, 25-20, 25-19).
Dos 57 pontos feitos pela Itália, nada menos que 19 vieram em erros cometidos pela equipe de Bernardinho. Porém, o time estava tão bem preparado para a partida que esses números acabaram não pesando ao longo do duelo: exceção feita a um ou outro momento de equilíbrio, o Brasil esteve em amplo domínio das ações.
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Destaco três aspectos: primeiro, a organização tática brasileira, com grande sintonia entre o bloqueio e a defesa. Foram poucos os momentos em que os atacantes italianos puderam atacar livres ou com bloqueio simples e olha que o poder ofensivo da Azzurra é grande, com Zaytsev, Juantorena e Vettori. O jovem levantador Gianelli, de apenas 19 anos, vai demorar para esquecer esse encontro com o experiente Bernardinho, se é que um dia vai esquecer.
O segundo aspecto que me chamou a atenção foi a qualidade do saque brasileiro, que conseguiu nada menos que oito aces e vários passes quebrados. É verdade que os erros no fundamento ainda foram muitos (12), mas a evolução da seleção neste fundamento continua, algo que não ocorreu ao longo do ciclo olímpico. O time tem variado bastante, com o mesmo jogador alternando saques forçados, longos e curtos, para desespero das recepções adversárias.
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Como consequência do ótimo sistema defensivo, o terceiro aspecto: o ataque, que também teve boas oportunidades e as aproveitou de maneira brilhante: todos os cinco atacantes do Brasil viraram mais de 50% das bolas que receberam de Bruno, um índice espetacular. Livre do passe já que os italianos preferiram majoritariamente sacar em Borges, Lucarelli chegou a 75% de eficiência nas cortadas.
Considerados azarões quando saiu a convocação, Maurício Borges e Maurício Souza foram premiados pela ótima fase classificatória que fizeram e ganharam de Bernardinho a chance de atuarem como titular nessa fase final. O central, que havia sido o terror de Earvin Ngapeth contra a França, desta vez se apresentou a Zaytsev, a quem bloqueou três vezes. Já ponteiro cometeu alguns erros que não vinha cometendo, mas no geral ambos foram bem e merecem continuar na equipe
Ou seja: tanto individualmente quanto coletivamente, ainda há espaço para o Brasil crescer no vôlei masculino. Nesta quinta (14), a seleção folga e, no dia seguinte, encara os Estados Unidos, seleção que já bateu este ano. Ao menos por enquanto, o torcedor pode se manter otimista.
ATUALIZAÇÃO – Às 17h50
Na segunda partida do dia, a França abriu 2-0, mas tomou a virada. Vitória da Polônia por 3-2 (21-25, 17-25. 25-17, 28-26, 15-12). Embora menos dramático, o resultado do jogo lembrou o confronto entre essas duas seleções no Pré-Olímpico Mundial, em maio, cujo desfecho foi igual. O técnico da França, Laurent Tillie, havia dito em entrevista exclusiva ao Saída de Rede que "não é fácil lidar com o medo de perder". A Sérvia completa a chave e encara os donos da casa amanhã.
Confrontos na fase final em Cracóvia (horário de Brasília):
Dia 13
12h30 – Brasil 3-0 Itália
15h30 – Polônia 3-2 França
Dia 14
12h30 – EUA vs. Itália
15h30 – Polônia vs. Sérvia
Dia 15
12h30 – Sérvia vs. França
15h30 – Brasil vs. EUA
Dia 16
12h30 – Semifinal 1
15h30 – Semifinal 2
Dia 17
12h30 – Decisão do bronze
15h30 – Decisão do ouro
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