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Com mais participantes, Liga Mundial começa na quinta com Brasil em quadra

João Batista Junior

15/06/2016 02h47

A seleção brasileira começa, na quinta-feira, a caminhada em mais uma Liga Mundial (fotos: FIVB)

A seleção brasileira começa, na quinta-feira, a caminhada em mais uma Liga Mundial (fotos: FIVB)

Inchada, por causa do número inédito de 36 seleções, e espremida entre os Pré-Olímpicos Mundiais e as Olimpíadas do Rio, a Liga Mundial deste ano terá dois fins de semana a menos que o habitual e vai durar 31 dias. A bola sobe para Brasil e Irã nesta quinta-feira (16), na Arena Carioca 1, no Rio de Janeiro, e um capitão erguerá a taça em Cracóvia, Polônia, no dia 17 de julho.

O formato da fase qualificatória é inédito para os padrões da Liga. O certame abandona o sistema de grupos e os duelos em dois jogos de ida, dois jogos de volta para, à moda do Grand Prix, ser disputado em três finais de semana, com o confronto entre as equipes se dando em minitorneios quadrangulares – exceto na terceira divisão, que só terá duas semanas para definir os classificados ao Final Four. Na divisão de elite, os poloneses receberão, nas finais, os cinco melhores colocados.

Cada uma das três divisões do torneio terá 12 participantes. Na segunda divisão, há três equipes classificadas para as Olimpíadas: Canadá, Cuba e Egito. Na terceira, olho no México, que vai disputar os Jogos, e ainda na Eslovênia, vice-campeã europeia ano passado, e na Alemanha, bronze no último Mundial.

Das seleções da primeira divisão, apenas Austrália, Bélgica, Bulgária e Sérvia não virão para o Rio. Argentina, EUA, França, Irã, Itália, Polônia e Rússia estarão no Maracanãzinho, em agosto, junto com o Brasil.

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Seleção brasileira
De todas as nove Ligas Mundiais conquistadas pelo Brasil, a única campanha invicta foi a de 2004 – ano olímpico, por coincidência. Mas é difícil acreditar que o parâmetro para a seleção deste ano seja a daquela jornada.

Campeã em 2010, a seleção brasileira comemora com um

Campeã em 2010, a seleção brasileira comemora com um "peixinho", em Córdoba (Argentina)

Enquanto o time que conquistaria o ouro em Atenas tinha quatro ponteiros do naipe de Giba, Dante, Giovane, Nalbert, uma das melhores duplas de levantadores da história (Ricardinho e Maurício), Serginho e Gustavo no auge da carreira, o time atual ainda carece de definição na entrada e no meio de rede e vem de um jejum de títulos relevantes que já dura seis anos.

Pode ser que o parâmetro ideal sobre o que esperar da campanha brasileira este ano esteja nas Ligas Mundiais de 2012 e 2014. Foram anos em que, por causa da preparação voltada a uma competição maior – Olimpíadas de Londres e Mundial da Polônia, respectivamente –, a disputa pelo título ficou em segundo plano: em 2012, o time terminou em sexto lugar e em 2014, só depois de arrancar uma classificação às finais na última hora, ficou com o vice-campeonato, mas perdendo metade dos 16 jogos que disputou.

Quem sobe e quem desce no Grand Prix?

Candidatos de sempre
Além de tradicionalíssimas e com troféus da Liga Mundial na coleção, EUA, Itália e Rússia chegam este ano com um fator importante em comum: não precisaram disputar o Pré-Olímpico Mundial para saberem que iriam aos Jogos.

Os EUA venceram o torneio duas vezes – em 2008, no Brasil, e em 2014, contra o Brasil – e são fortes candidatos ao título. Se o tricampeonato da Liga não veio no ano passado, a taça que estava reservada para o time era a da principal competição de 2015, a Copa do Mundo. A equipe conta grandes definidores no ataque, como o oposto Matt Anderson e os pontas Aaron Russell e Taylor Sander.

Juantorena só chegou à seleção italiana depois de mudança no comando técnico do time

Juantorena só chegou à seleção italiana depois de mudança no comando técnico do time

Há 16 anos sem vencer uma Liga Mundial, mas ainda segunda maior vencedora do torneio, com oito troféus, a Itália deve à edição do ano passado boa parte de suas esperanças de conquista para este ano.

Foi graças ao corte de quatro jogadores por indisciplina, às vésperas das finais no Rio – Zaytsev e o levantador Travica entre eles –, que o técnico Mauro Berruto, mais tarde, deixou o comando da equipe e foi substituído por Gianlorenzo Blengini. O novo treinador trouxe de volta Zaytsev, mas o deslocou da entrada para a saída de rede, convocou o ponteiro ítalo-cubano Osmany Juantorena pela primeira vez, embora naturalizado já há algum tempo, e efetivou no time inicial o jovem levantador Simone Giannelli, que já havia sido titular de ocasião nas finais da Liga 2015. Deu certo no vice-campeonato da Copa do Mundo e pode dar certo, este ano, na Liga (e nas Olimpíadas).

Quinta no Mundial de 2014, quarta na Copa do Mundo 2015 e pior time da primeira divisão da última Liga, quando só não caiu para a segunda por causa do aumento de oito para 12 times na elite deste ano, a Rússia pode, ao menos, animar-se com a volta do central Dmitry Muserskiy.

O carrasco do Brasil em Londres ficou muito mal visto depois de pedir para ser dispensado do Pré-Olímpico Europeu, no início do ano. Havia até a expectativa de que o técnico Vladimir Alekno, que voltou ao comando da equipe em julho passado, não o convocasse novamente. Porém, ao que parece, a classificação olímpica diante da França apaziguou a situação e Muserskiy já pode voltar a tirar o sono de atacantes e bloqueadores das seleções rivais.

Sem descanso
Diferentemente das seleções anteriormente citadas, poloneses e franceses, embora candidatos ao título, chegam à Liga Mundial com um sobrepeso: depois de uma temporada desgastante nos clubes, emendaram com sete partidas no Pré-Olímpico Mundial, em Tóquio, entre o fim do mês passado e o início deste.

Os franceses são os atuais campeões da Liga Mundial

Os franceses são os atuais campeões da Liga Mundial

Principal estrela da companhia francesa, o ponteiro Earvin N'gapeth, por exemplo, atuou pelo DHL Modena até o segundo domingo de maio, nas finais da liga italiana. Rouzier, no Arkas, disputou a liga turca até o fim de abril. E são jogadores que, como o restante do grupo francês, estavam na conquista do Europeu em setembro passado e nos dois pré-olímpicos – o continental, em janeiro, e o mundial, há duas semanas.

Com as Olimpíadas se aproximando, é difícil pensar que o técnico Laurent Tillie priorize uma eventual conquista do bicampeonato da Liga Mundial e não promova, ao menos, um revezamento na equipe nas primeiras rodadas – N'gapeth recebeu folga na primeira semana.

Já a Polônia chega noutro ritmo. Primeiro, porque já tem vaga assegurada nas finais, não precisa de bons resultados nas rodadas preliminares. E, segundo, porque está calejada. Nas Olimpíadas, o título conquistado na Liga Mundial de 2012 mostrou-se ilusório: o time perdeu para a Austrália na primeira fase em Londres e caiu em sets diretos para a Rússia, nas quartas. Se chegou com ares de forte candidata, saiu dos Jogos antes das semifinais.

Assim, sabendo da necessidade de crescer na hora certa, também é difícil crer que, mesmo podendo preservar seus titulares para a semana decisiva, o treinador Stephane Antiga, em algum momento, veja o bi da Liga como questão de vida ou morte.

Baixinha que encanta brasileiros conduz Argentina ao sonho olímpico

Incógnitas
Argentina e Irã completam a lista de times olímpicos da primeira divisão da Liga. São equipes que, no Rio ou a caminho de Cracóvia, podem surpreender.

Os argentinos jogam desfalcados de Facundo Conte, que tenta se recuperar de uma lesão a tempo de disputar as Olimpíadas. O time tem alguns jovens jogadores, como o oposto Bruno Lima, o ponta Ezequiel Palacios, que enfrentaram a seleção brasileira nos amistosos da semana retrasada, e atletas que atuam no voleibol europeu, como os centrais Sebastian Solé e Pablo Crer e os levantadores Uriarte e Luciano De Cecco.

Seyed Mousavi bloqueia ataque americana, na Copa do Mundo 2015

Seyed Mousavi bloqueia ataque americana, na Copa do Mundo 2015

Os iranianos, que causaram grande alvoroço no mundo do vôlei justamente numa Liga Mundial, a de 2014, amargaram uma má participação na Copa do Mundo do ano passado, mas, por outro lado, conquistaram a vaga olímpica asiática sem passar susto. Com o grupo reunido desde março, o técnico Raul Lozano tem no elenco um dos melhores centrais do mundo – Seyed Mousavi –, um bom levantador – Marouf – e dois opostos eficientes – Amir Ghafour e Shahram Mahmoudi.

Brasil e Irã entram em quadra às 14h10 da quinta-feira. A partida terá transmissão da Globo e do SporTV. Na sexta, no mesmo horário, é a vez de um Brasil vs. Argentina. Na noite do sábado, às 23h10, os brasileiros encaram os norte-americanos e fecham a primeira semana de jogos.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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