Como se saíram as favoritas no vôlei feminino na Rio 2016?
A Olimpíada que consagrou o voleibol das chinesas e a técnica Lang Ping foi a mesma frustrou brasileiras e norte-americanas e confirmou a fase decadente da seleção russa. Por outro lado, trouxe boas surpresas, com sérvias e holandesas chegando aonde jamais haviam pisado. O Saída de Rede analisa o desempenho das seleções que chegaram como as mais badaladas do torneio feminino olímpico de vôlei.
China
Fosse uma fábula infantil, dava para dizer que a jovem seleção da China reescreveu o final de "A Lebre e a Tartaruga", pelo menos, em parte: porque se não concorriam com tartarugas, as chinesas foram a lebre que se deixou largar em último, mas teve tempo para reagir e cruzar a linha de chegada antes das rivais.
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Como se saíram os favoritos no vôlei masculino na Rio 2016?
Uma das favoritas à medalha de ouro, a seleção oriental demorou para encontrar (ou mostrar) seu melhor voleibol. A classificação para a segunda fase do torneio só não ficou em risco porque a ponteira Ting Zhu virava bolas importantes e as frágeis equipes de Porto Rico e da Itália (esta, em franca remodelação) estavam em seu grupo.
As vice-campeãs mundiais e campeãs da Copa do Mundo passaram de fase com vitórias sobre as duas seleções eliminadas e derrotas para EUA, Holanda e Sérvia, e teriam pela frente nada menos que o melhor time da fase classificatória e dono de casa, o Brasil. E foi aí a arrancada para o ouro.
Contra um time empurrado por um Maracanãzinho lotado, Lang Ping não hesitou em promover mudanças na equipe no decorrer da partida para superar o esquema tático imposto por José Roberto Guimarães e conseguir a classificação. Depois, a China teve uma revanche contra a Holanda nas semifinais e, sem os EUA na decisão, bateu a Sérvia para ficar com o título olímpico, o terceiro de sua rica história, a juntar-se às conquistas de 1984 e 2004.
Sérvia
Antes dos Jogos Olímpicos, a Sérvia talvez pretendesse evitar um choque contra brasileiras e russas nas quartas de final e, uma vez nas semis, buscar ao menos uma vitória para figurar no pódio, mas sabendo que era a quarta ou quinta do torneio na fila pelo título – apesar de chegar ao Rio abonada por uma vice-campeonato na Copa do Mundo. Quando a bola subiu, as sérvias mostraram força e conquistaram a medalha de prata.
Com a potência do ataque da oposta Tijana Boskovic e da ponteira Brankica Mihajlovic, o time comandado por Zoran Terzic chegou à final colecionando vitórias sobre a China, na primeira fase, sobre a Rússia, nas quartas, e sobre os EUA, nas semifinais. Estas duas últimas vitórias, principalmente, justificaram o segundo degrau no pódio.
Depois de um 3 a 0 sobre as russas, com direito a um 25-9 no set inaugural, as sérvias viraram um tie break em que perdiam para as norte-americanas por 11-8 para encontrarem as chinesas na final. O time até chegou a fazer 1 set a 0 na decisão, mas o segundo lugar lhe caiu bem: foi a primeira medalha olímpica do voleibol feminino da Sérvia.
EUA
Quando a Sérvia venceu os EUA nas semifinais, o técnico Zoran Terzic disse que sua seleção havia batido o melhor time do mundo. Com uma ou outra voz discordante, não dá para dizer que o treinador sérvio, no auge da euforia, não tivesse razão.
Antes da competição, as norte-americanas eram apontadas como favoritas ao ouro até pelo técnico brasileiro José Roberto Guimarães. Tratava-se de um time com um bom sistema defensivo e que tinha na velocidade do ataque a maior arma. Se faltava uma definidora de bolas por excelência, como tem a Rússia e a Sérvia, o jogo coletivo supria essa carência: a ponta Jordan Larson dava segurança ao passe enquanto as centrais Akinradewo e Rachael Adams se destacavam no bloqueio. E foi assim que o time chegou, invicto, para cair nas semifinais – um jogo em que o passe de Larson caiu. E foi com apenas uma derrota que o time conquistou a medalha de bronze – atrás de China e Sérvia, ambas com três reveses.
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É claro que, sem o Brasil no top 4, ficou a sensação de que as campeãs mundiais poderiam, finalmente, ter acabado com a sina do quase que as acompanhou nas duas Olimpíadas anteriores. O que ameniza a decepção pelo título perdido é que, olhando para as semifinais e para os medalhistas dos três últimos Jogos, percebe-se que só os EUA estiveram entre os melhores e entre os premiados na modalidade.
Holanda
Não que ser vice-campeã europeia feminina de vôlei seja pouco, mas essa referência no currículo não parecia ser suficiente para que as holandesas sonhassem alto nos Jogos. Ainda mais porque o voleibol feminino das seleções europeias andava capengando bastante antes da Rio 2016: um titulo do Grand Prix não vai para uma equipe de lá desde 2007, com a Holanda, sem contar que a Europa ficou fora do pódio no Mundial da Itália 2014 e sequer chegou às semifinais das Olimpíadas de Pequim 2008 e Londres 2012. No entanto, o time dirigido por Giovanni Guidetti sonhava.
Jogando num grupo eminentemente mais complicado, as holandesas – assim como as sérvias –, se fugissem de brasileiras e russas nas quartas, deveriam chegar às semifinais sem maiores problemas. E foi o que aconteceu.
Com a oposta Lonneke Slöetjes e a ponta Anne Buijs entre as dez maiores pontuadoras da competição, a Holanda surpreendeu na primeira fase com vitórias sobre as sérvias e as chinesas e passaram pelas sul-coreanas nas quartas – uma revanche da derrota no Pré-Olímpico de Tóquio, três meses antes.
Se o time volta para casa sem medalha, retornar ao cenário olímpico do vôlei feminino com um quarto lugar, depois de 20 anos de ausência, não é nada mal.
Rússia
Ausentes das semifinais olímpicas do vôlei feminino desde a prata em Atenas 2004, as russas sucumbiram, na Rio 2016, pela terceira vez consecutiva na fase quarta de final. Sem uma líder em quadra da expressão de Gamova e sem a qualidade do passe de Sokolova – que se aposentaram no fim da temporada de clubes –, o técnico Yuri Marichev apostou todas as fichas no poderio ofensivo da oposta Goncharova e da ponta Kosheleva. O resultado, no entanto, foi uma eliminação precoce a se juntar a outras frustrações neste ciclo olímpico.
Fora das semifinais do Mundial de 2014 (quando ainda contava com Gamova) e quarta colocada na Copa do Mundo do ano passado, a Rússia caiu numa chave das mais generosas, em que sabia que só poderia ser perturbada pela seleção brasileira e poderia usar os quatro outros compromissos como preparação. Cumprida a previsão, a seleção passou de fase no segundo posto e enfrentou a Sérvia nas quartas de final. E o time encontrou seu destino num sonoro 3 a 0, com direito a um vexatório 25-9 no primeiro set.
Quem chegou ao Rio pensando em voltar ao pódio olímpico saiu com a certeza de que nem mesmo sua hegemonia continental é segura: as campeãs europeias de 2013 e 2015 terminaram atrás, até, de sérvias e holandesas.
Brasil
Apesar de alguma polêmica na lista das 12 jogadoras – Léia vencendo a concorrência de Camila Brait na posição de líbero, quatro centrais convocadas e nenhuma oposta reserva, a levantadora Fabíola notadamente longe de sua melhor forma física –, a seleção brasileira encheu o torcedor de esperança de que conquistaria o tricampeonato olímpico e igualaria Cuba – que venceu em 1992, 1996 e 2000. O resultado final, no entanto, foi uma das decepções mais doídas que o público nacional teve em toda a Olimpíada do Rio.
Na primeira fase, o time apresentou o melhor voleibol do torneio feminino, venceu todos os jogos por 3 a 0 – com direito a uma aula contra a Rússia – e viu o elenco crescer física e tecnicamente. A oposta Sheilla e a ponteira Fernanda Garay definiam as jogadas de ataque, Léia cuidava da defesa, a meio de rede Thaísa entrou no time aos poucos e logo já havia superado a contusão. E veio a China.
O Brasil parou nas quartas de final num jogo em que a China, por mérito próprio, recuperou-se de uma primeira fase medonha e de um 25-15 no primeiro set. O sonho do tricampeonato acabou prematuramente para uma seleção que, desde 1992, figurava entre as quatro melhores do torneio olímpico. Restaram, além da expectativa frustrada, o aplauso do torcedor presente ao Maracanãzinho, o comovente abraço do técnico José Roberto Guimarães no neto e uma sensação indizível de adeus trazida pela necessidade de renovação.
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