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Lucarelli é o termômetro de uma seleção que quer ressurgir em 2016

Carolina Canossa

17/06/2016 16h40

Lucarelli (camisa 18) vem sendo preparado por Bernardinho desde 2012 (Foto: Divulgação/FIVB)

Lucarelli (camisa 18) vem sendo preparado por Bernardinho desde 2012 (Fotos: Divulgação/FIVB)

A torcida tem todo o motivo para estar desconfiada, afinal, nos últimos anos a seleção brasileira masculina de vôlei só conquistou um título, a Copa dos Campeões 2013. Apesar de o time não ter deixado a elite do esporte, o período foi marcado por altos e baixos. Qualquer desconfiança é natural, mas há algo de diferente no ar: mais do que nunca, os comandados de Bernardinho parecem dispostos a voltar a subir ao ponto mais alto do pódio e a vitória por 3 a 0 sobre a Argentina é mais um passo nesse sentido.

Alguém pode argumentar: "Era apenas a Argentina". De fato, os sul-americanos não são candidatos a medalha no Rio. Porém, deixaram de ser a baba que nos acostumamos desde a aposentadoria de Marcos Milinkovic. De Cecco é ótimo levantador, enquanto o central Solé tornou-se um dos melhores do mundo nas mãos do técnico Julio Velasco. Olho ainda no jovem oposto Bruno Lima, um talento. No banco, Velasco, um treinador cuja competência é incontestável. Não fosse um sistema de bloqueio falho, poderia sonhar em beliscar uma medalha, mas não se assuste de a equipe derrubar algum favorito na Rio 2016…

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Voltando ao Brasil: preparado desde 2012 para estourar agora, Ricardo Lucarelli está voando no ataque. Na Arena Carioca 1, fez ponto na base da potência, de largada, explorando o bloqueio, de saque, bloqueio… foi o melhor em quadra disparado, um dia depois de já ter ido bem contra o Irã. Ainda tem muito a provar, especialmente contra times que vão melhor no bloqueio, mas seu crescimento é inegável. Está liderando uma equipe cuja espinha dorsal é complementada por Bruno, Lucão e Serginho. O bom desempenho dele é fundamental para qualquer pretensão que a seleção tenha esse ano.

Novato Douglas Souza começou mal, mas correspondeu ao longo do jogo

Novato Douglas Souza começou mal, mas correspondeu ao longo do jogo

Diante de um adversário que jamais venceu o Brasil em Ligas Mundiais, Bernardinho também aproveitou para dar uma chance a Douglas Souza. Destaque pelo Sesi na última temporada, o ponteiro de 20 anos começou o jogo nervoso, quinando bolas fáceis. Ainda assim, foi mantido pelo técnico e, pouco a pouco, passou a ficar mais à vontade e terminou o duelo dividindo o posto de segundo maior pontuador com o argentino Poglajen (nove pontos cada). Não foi uma atuação inesquecível, mas é importante haver alternativas quando temos um Murilo que não é o mesmo no ataque e um Lipe que nunca se firmou.

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Já Isac, que vem de problemas físicos, foi uma surpresa positiva, dada sua condição. Sidão que se cuide. Ainda destaco o fato de Bruno Lima ter feito apenas quatro pontos em 21 ataques – para efeito de comparação, contra os Estados Unidos ele havia conseguido 19 em 41. O saque brasileiro, ainda que não tenha entrado tão bem como contra o Irã, também esteve em um nível razoável.

Não que as atuações desta semana sirvam como garantia de que o time vá detonar na Olimpíada. O time ainda precisa mostrar constância ao longo de várias partidas, a linha de recepção por vezes se mostra desatenta, a inversão ainda não engrenou e as posições de segundo ponteiro e segundo central são incógnitas. Toda desconfiança é válida, mas Bernardinho tem motivos para ficar satisfeito.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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