Zé Roberto: "O Paulista foi um dos títulos mais importantes da minha vida"
Carolina Canossa
13/11/2019 06h00
O que significa um título de Campeonato Paulista para quem tem três medalhas de ouro olímpicas no currículo? No caso de José Roberto Guimarães, muito. Em entrevista ao Saída de Rede, o treinador da seleção brasileira feminina de vôlei disse que a vitória no torneio estadual na última sexta-feira (8) com a jovem equipe do São Paulo/Barueri foi um dos pontos altos de sua carreira por conta das circunstâncias vividas.
"Foi uma das conquistas mais importantes da minha vida", afirmou o treinador, que comandou um grupo com média de idade de 20,7 anos responsável por superar forças do voleibol nacional como o Sesi Vôlei Bauru e o Osasco-Audax. "Toda a comissão técnica trabalhou muito e as jogadoras acreditaram nisso. Foi muito legal essa energia que se viu dentro de quadra, o que elas conseguiram mostrar de voleibol", complementou.
Leia mais:
– Ágatha e Duda analisam adversários e projetam o Brasil no pódio em Tóquio
– Fabi: "Ser comentarista é como ser atleta. É preciso treinar"
Segundo Zé Roberto, o time já vinha treinando bem desde as quartas-de-final da competição contra o São Cristóvão Saúde/São Caetano, especialmente no sistema defensivo. Mesmo a derrota em casa por 3 a 0 diante do Bauru na partida de ida da semi foi vista com bons olhos, dadas as parciais apertadas do confronto: 25-23, 25-22 e 25-22. "Era uma questão de ajustar algumas coisas e treinar um pouco mais alguns detalhes em cima da parte de posicionamento", explicou o treinador.
Ainda assim, Zé Roberto admite, a expectativa para o duelo de volta, no interior paulista, era apenas complicar a vida do rival. "Na cabeça da comissão técnica, se a gente mantivesse isso e alguma jogadora conseguisse ajudar a Lorenne, que estava sobrecarregada, a Juma teria condição de distribuir melhor o jogo e faríamos uma boa partida. Mas, para ser sincero, eu não imaginava que a gente pudesse ganhar o jogo em Bauru. Achava que a poderíamos fazer uma boa partida, mas não vencer por 4 a 0 (3 a 0 no tempo normal e o Golden Set). A verdade é essa", reconheceu.
Alcançado este feito, havia outro grande desafio na final: o Osasco-Audax, time que fora uma pedra no caminho de Barueri nos dois anos anteriores, quando a equipe pôde contar com orçamento maior e jogadoras mais famosas. "A gente sempre esteve próximo, mas nunca conseguia tirá-las de uma competição grande. Com aquele ginásio lotado em Osasco, composto por uma torcida que faz a diferença, pensei: será que elas (as atletas de Barueri) vão aguentar a pressão? Estava muito apreensivo, mas também tranquilo, no sentido de "aconteça o que acontecer". Era um momento especial e essas jogadoras tinham que aproveitar. Acho que elas não vão esquecer nunca mais", celebrou.
Apesar do bom momento, técnico não pensa em grandes resultados na Superliga, mas sim na evolução das atletas
OTIMISMO NO FUTURO E CAUTELA NA SUPERLIGA
A despeito do excelente e inesperado resultado no Campeonato Paulista, Zé Roberto mantém a cautela quando o assunto é a Superliga. Na visão dele, é improvável que o feito se repita na principal competição de clubes do país.
"Temos que ter os pés no chão. A Superliga é um campeonato longo e agora foram duas semanas onde o time teve um pico. Queremos tentar nos classificar entre os oito que jogarão os playoffs, o que não vai ser fácil. Há cinco times mais fortes (em ordem alfabética: Minas, Osasco, Praia, Rio e Sesi) e não vejo a gente na frente deles. Barueri, Curitiba, Flamengo, Fluminense, Pinheiros e São Caetano vão brigar pelas outras três vagas e tudo pode acontecer", analisou.
As dificuldades, avalia o técnico, estarão também na própria equipe de Barueri. "Acho que vamos oscilar muito e veremos qual o comportamento depois desta vitória. Tem que manter os pés no chão, não podemos sobrecarregar a Lorenne e distribuir mais o jogo. Vai ser difícil e sofrido até o fim", comentou o treinador. "O grande legado é que essas jogadoras evoluam e cresçam", afirmou.
Isso, porém, não significa que Zé Roberto não confie no potencial de sua comandadas. "Durante todos esses anos eu tenho falado muito da base porque acredito nisso. Já havia dito que nesses times do Brasil que foram sexto colocados no Mundial sub-20 e terceiro no Mundial sub-18, havia algumas jogadoras interessantes. Há uma juventude aí para (as Olimpíadas de) 2024 e 2028 sendo trabalhada e que vai representar bem o Brasil", garantiu.
O Saída de Rede também tem podcast: clique aqui e confira
Siga o Voleicast no Instagram: @voleicast
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.