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Ágatha e Duda analisam adversários e projetam o Brasil no pódio em Tóquio

Janaína Faustino

10/11/2019 06h00

Ágatha e Duda focam na preparação rumo aos Jogos Olímpicos (Fotos: FIVB/Divulgação)

Uma das duplas representantes do vôlei de praia brasileiro em Tóquio 2020, Ágatha Bednarczuk, vice-campeã olímpica na Rio 2016 ao lado de Bárbara Seixas, e Duda Santos, debutante nos Jogos, estão seguras em relação à participação na competição. Elas acreditam que o país, recordista com o maior número de medalhas obtidas pela modalidade (ao total, soma três ouros, sete pratas e três bronzes), tem tudo para fazer jus à tradição e ampliar o retrospecto.

Nesta entrevista concedida ao Saída de Rede, as atletas, campeãs do Circuito Mundial de 2018, comentaram, entre outros assuntos, o favoritismo do Brasil, a emergência de novas duplas no cenário internacional e o que fez a diferença a favor da equipe para a conquista da vaga em Tóquio.

A experiente Ágatha, bicampeã do Circuito Mundial – ela também venceu em 2015 –, formou com Duda uma parceria muito bem-sucedida neste quadriênio, o que rendeu o ouro em duas etapas da temporada 2019.

"Eu acho que o ponto forte da nossa dupla é justamente essa mescla de experiência com juventude. É um diferencial bem legal que a nossa equipe tem. E temos lastro para crescer, evoluir técnica, tática e psicologicamente. Isso faz parte da caminhada", explicou a paranaense de 36 anos.

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"E acredito que o fato já ter jogado uma Olimpíada é um diferencial. Ter conquistado uma medalha é outro. Porque se trata de um torneio diferente e existe um glamour em volta com o qual você precisa lidar. Então acho que o fato de já ter vivido isso faz a diferença", complementou, pensando em atalhos para lidar com a pressão dos Jogos.

A sergipana Duda, de 21 anos, fez coro com a parceira, observando que a sua experiência olímpica contará pontos a favor do time contra as rivais. "O auxílio dela vai ser fundamental na Olimpíada. Ela sabe o que deu certo, o que foi preciso para estar bem preparada e jogar bem. Então vai me ajudar muito por já ter passado por isso. É incrível ter uma parceira mais experiente", disse.

Apesar de fazer sua estreia nos Jogos, Duda, filha de Cida Lisboa, também ex-jogadora de vôlei de praia, acabou seguindo os passos da mãe, sua maior incentivadora. E já acumula alguma experiência em torneios relevantes de base, vencendo a Olimpíada da Juventude de 2014, na China, e Campeonatos Mundiais em diferentes categorias. Para ela, no entanto, a Olimpíada é algo incomparável.

Bicampeã do Circuito Mundial e vice-campeã olímpica na Rio 2016, Ágatha (1) estará com 37 anos em Tóquio

"A Olimpíada é uma coisa grandiosa e claro que todo mundo fica nervoso, ansioso. Mas eu vou tentar trabalhar com meu psicólogo e comissão técnica para jogar esse torneio de um jeito bom, saudável. Óbvio que vou sentir medo, mas penso que se eu estiver bem preparada psicológica, técnica e taticamente isso vai colaborar bastante", respondeu a jogadora, que contará com o apoio orgulhoso da mãe, do pai e do namorado lá em Tóquio.

Prestes a disputar a Olimpíada ao lado de atletas novatas, como a própria Duda e as também estreantes Ana Patrícia e Rebecca, Ágatha destacou a importância do surgimento de jovens valores no esporte.

"Espero que além das três ainda apareçam muitas outras jogadoras que façam acontecer. Que joguem o Circuito Mundial e tenham bons resultados. (…) Porque a renovação é realmente necessária. E eu acho muito legal que as três sejam atletas novas que nunca participaram de uma Olimpíada. Elas têm muito ainda pela frente", colocou, frisando que não sabe se conseguirá chegar aos Jogos de Paris, em 2024.

"Essa questão é muito difícil para um atleta. Porque a aposentadoria toca em todos os sentidos – tanto profissional quanto emocional. Você passa a vida inteira se dedicando tanto, vivendo tão intensamente aquilo, que eu acho que tem que deixar a vida acontecer. Se eu vou ter fôlego para isso só vou saber lá na frente. A única certeza que tenho é que no próximo ciclo eu vou querer ter um bebê, formar a minha família. Se eu vou ou não conseguir voltar em alto nível, tenho que esperar e ver".

Ágatha e Duda estão confiantes sobre a participação brasileira no Japão

Na 12ª edição do Campeonato Mundial, realizado em julho passado na cidade de Hamburgo, na Alemanha, o Brasil teve a pior participação em toda a história da competição, já que pela primeira vez, desde 1997, ano da sua edição inaugural, nenhuma dupla brasileira conseguiu medalha. Apesar da campanha decepcionante, as atletas veem com bons olhos a participação verde e amarela no Japão.

"O Brasil sempre vai ser um dos favoritos, assim como os Estados Unidos ou o Canadá, mesmo que não tenha ido bem no Campeonato Mundial. Porque o país sempre foi forte", sublinha Duda.

"Eu acho que o Brasil sempre vai chegar como favorito no vôlei de praia. É uma modalidade muito vencedora que sempre conquistou medalhas. Então lidar com essa pressão faz parte da trajetória do atleta brasileiro. Essa cobrança sempre vai existir. No Campeonato Mundial, que é a segunda competição mais importante depois dos Jogos Olímpicos, o Brasil não conseguiu subir ao pódio. Então penso que todos os times ligaram o sinal de alerta. Tenho certeza de que todos usaram o que aconteceu lá para evoluir nos torneios seguintes, ver o que deu certo e o que deu errado. Agora, a boa expectativa em relação ao Brasil sempre vai existir", corroborou Ágatha.

A dupla vê canadenses, americanas e alemãs como principais adversárias em 2020

Apesar da reconhecida tradição, a dupla não fecha os olhos para o crescimento de adversários complicados que, segundo elas, têm todas as condições de faturar medalhas em 2020.

"Não existe uma unanimidade hoje, sabe? Não há mais um time que seja muito melhor do que os outros. O Brasil sempre está entre os primeiros, mas não ganha tudo. Basta olhar os resultados. Quais foram os primeiros lugares nos pódios nessa corrida olímpica inteira? Meu time teve dois, a Ana Patrícia e a Rebecca também tiveram, mas se você pensar que no ano temos quinze, dezesseis etapas, não dá para falar que o Brasil continua hegemônico", apontou Ágatha, enumerando as equipes que poderão dar mais trabalho às brasileiras.

"Está bem mais equilibrado. E entre esses times que podem ganhar medalha em Tóquio a gente tem que colocar as canadenses [Sarah Pavan e Melissa Paredes], as alemãs [Ludwig e Kozuch] e as americanas [Ross e Klineman]. São as principais adversárias pelo histórico que elas apresentaram no ano", concluiu.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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