Leal, sobre a seleção brasileira: “Chegou o momento de mostrar a que vim”
Janaína Faustino
18/06/2019 06h00
*Em entrevista concedida a Euclides Bomfim Neto
"Chegou o momento de eu jogar na seleção e mostrar a que vim". Assim, expressando confiança e, ao mesmo tempo, respeito pelos seus companheiros, Yoandy Leal Hidalgo, ponteiro cubano naturalizado brasileiro, falou em entrevista exclusiva sobre o momento que vive hoje atuando, após quatro anos de espera, pela seleção brasileira masculina de vôlei. A estreia aconteceu na partida contra a Austrália na Liga das Nações, o primeiro torneio da temporada 2019.
Já em sua primeira temporada na Itália, Leal se sagrou campeão local pelo Lube Civitanova e ainda levantou o caneco da Champions League – o mais prestigioso torneio interclubes do mundo – ao lado de Bruno, levantador e capitão da seleção brasileira com quem criou uma relação de confiança e amizade.
O armador teve um papel fundamental para que as portas da seleção se abrissem para Leal. E, ao que tudo indica, o processo de adaptação do ponteiro à rotina pesada de treinamentos, jogos e viagens com a equipe verde-amarela está ocorrendo sem maiores dificuldades. O atleta tem sido um dos destaques do Brasil, que fechou a terceira semana de competição com 8 vitórias em 9 jogos.
Leia mais:
– Seleção masculina tropeça diante dos reservas da Sérvia na Liga das Nações
– Leal e Lucarelli são trunfos de Renan para o começo da temporada
– Fundamental em Taubaté, Renan responde a críticos com o título da Superliga
"O dia a dia com os jogadores está sendo muito bom. No primeiro dia foi um pouco difícil, mas agora estou me sentindo em casa. Estou muito feliz por fazer parte do grupo e espero que a gente consiga melhorar o nosso jogo", afirmou o jogador, que já aparece entre os dez melhores do mundo nas estatísticas da Liga das Nações de ataque (9º colocado com o melhor aproveitamento na virada de bola – Lucarelli ocupa a 1ª posição) e de saque (7º melhor sacador da competição, com 11 aces), além de ser o 10º maior pontuador do torneio, somando 109 acertos.
Ele confessa, contudo, que vestir a camisa da seleção brasileira pela primeira vez não foi tão fácil. "A sensação é muito boa, mas fiquei um pouco nervoso no começo. É normal. Depois, pouco a pouco, fui me sentindo mais confiante. Quero seguir jogando e ajudando o time da melhor forma para a gente chegar à fase final", destacou o ponteiro que, apesar do começo promissor no ataque, ainda tem sofrido bastante na linha de passe, especialmente na recepção do saque flutuante.
Leal tem consciência da forte concorrência que hoje existe na seleção pela titularidade. O ponteiro se integrou em um momento em que, diferentemente do ano passado, quando sofreu com enorme carência na entrada de rede e teve um desempenho abaixo do esperado na primeira edição da Liga das Nações, o grupo se fortaleceu principalmente com o retorno de Lucarelli. MVP da última Superliga e peça-chave na conquista do título inédito do EMS Taubaté Funvic, o jogador permaneceu quase um ano parado se recuperando de lesão.
O time ainda conta com o talento de Douglas Souza, jogador que mudou de patamar no cenário nacional e foi bastante útil na campanha que levou a equipe ao vice-campeonato mundial. Tanto que Leal vem se revezando com os dois nesta etapa classificatória da Liga das Nações. Além dessas peças, Renan ainda tem à disposição Lucas Lóh, ponteiro que cresceu técnica e fisicamente nesta temporada com o Sesi-SP, e Maurício Borges, que não foi convocado para estas primeiras semanas.
"Todos os ponteiros que estão aqui são bons jogadores e o Renan está fazendo uma coisa muito boa, que é rodar todo o time. Ele falou que em Brasília iria tentar definir um conjunto para a fase final da competição, então cada um tem que fazer o melhor quando estiver jogando. Concorrência tem, né? E não apenas entre os ponteiros, mas em todas as posições. Daí a importância de se jogar bem quando tiver a possibilidade de atuar. E a decisão é do Renan", explicou.
Assim, em função da disputa acirrada, Leal foca no trabalho e se diz preparado para colaborar da melhor forma possível. "Foi demorado, mas tive que esperar. Consegui a naturalização em 2015 e fui liberado agora em 2019. Então foram quatro anos de espera. Mas não fiquei parado, tinha o que fazer. Tinha responsabilidade no Sada Cruzeiro [onde atuou por seis temporadas antes de se transferir para a Itália], então o tempo até passou rapidinho. Estou feliz porque deu certo, o que é o principal. Chegou o momento de eu jogar na seleção e mostrar a que vim", concluiu.
Ouça o Voleicast, podcast de vôlei do Saída de Rede
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.