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Experimental, Libertadores do vôlei tem saldo positivo nos bastidores

Janaína Faustino

14/02/2019 06h00

Sesc-RJ foi derrotado pelo argentino Bolívar na final do torneio (Foto: Erbs Jr)

Como uma competição experimental que buscou reunir as maiores forças do vôlei masculino na América do Sul, gerando mais visibilidade para os clubes participantes, a Copa Libertadores de Vôlei chegou ao fim nesta quarta-feira (13) com o Bolívar-ARG se sagrando campeão. A iniciativa foi fruto da parceria entre a Associação de Clubes da Liga Argentina (ACLAV) e a Associação de Clubes de Vôlei (ACV), entidade brasileira, sendo aprovada pela Confederação Sul-Americana de Vôlei (CSV).

Os participantes desta primeira edição, que teve início no dia 28 de setembro do ano passado, foram os quatro primeiros colocados na última Superliga (Sada Cruzeiro, Sesi-SP, Sesc-RJ e Taubaté) e os quatro melhores da Liga Argentina (UPCN, Bolívar, Ciudad Voley e Libertad Burgi Voley).

Segundo os organizadores, o saldo da realização deste torneio-piloto foi bastante positivo. Para Andrey Souza, presidente da ACV, a competição elevou o nível técnico da disputa em âmbito sul-americano em função da participação de times importantes repletos de jogadores renomados.

"A Copa Libertadores veio com o objetivo de melhorar o nível técnico, ter uma qualidade maior na disputa. Porque o Sul-americano oficial conta com a participação de países que não possuem tanta tradição no voleibol. Claro, é um campeonato importante que ocorre ao longo dos anos, organizado pela CSV. Mas nós buscamos realizar um torneio de alto nível com as duas principais praças do voleibol no continente sul-americano. Isso gerou mais visibilidade porque os confrontos se tornaram mais atrativos", ressalta.

"A partir de 2018, a ACV conseguiu se articular com os clubes brasileiros, a ACLAV e os representantes argentinos para criar um campeonato que nunca tivemos. Então, o balanço é mais do que positivo. Muita gente nem acreditava que essa competição sairia do papel, mas entregamos um produto de alto nível", complementa o presidente da entidade, que organizou o Campeonato Sul-Americano em duas oportunidades.

O Sesi-SP terminou a competição em terceiro lugar (Foto: Guilherme Borges)

O presidente da ACLAV, Eduardo Demaestri, faz coro com o dirigente brasileiro: "Estamos muito satisfeitos com o desenvolvimento da primeira edição da Copa Libertadores. É motivo de orgulho tanto para a ACLAV quanto para a Associação dos Clubes de Vôlei e as oito equipes participantes. Vale destacar também a Confederação Sul-Americana de Vôlei com seu apoio permanente. Estamos trabalhamos juntos com o objetivo de fazer o que há de melhor para a competição".

O vice-presidente da Confederação Sul-Americana de Vôlei, Marco Tulio Teixeira, também vê o novo certame com bons olhos. Entretanto, ele lembra que será necessária uma análise a posteriori, já que a competição foi apoiada pela CSV em caráter amistoso.

"Considero muito positiva a experiência, movimentando as principais equipes do Brasil e Argentina, o que permitiu uma troca de experiência internacional aos clubes e um ótimo nível técnico. Com a avaliação final poderemos definir os próximos passos, uma vez que esta edição foi autorizada pela Confederação como uma competição amistosa. Não foi um torneio oficial, sendo realizado inteiramente pelos clubes sem a participação da CSV", observa.

Contudo, de acordo com Andrey Souza, já há uma nova edição sendo planejada para a temporada 2019/20. "Nós já estamos trabalhando e acreditamos que a competição vai se fortalecer. Acertamos com a ACLAV que o Final Four esse ano seria no Brasil e na Argentina no ano que vem. E vamos aproveitar a experiência deles, que já organizam a Liga Argentina há 22 anos. Lá é diferente do Brasil, pois não é a Confederação quem faz a gestão da competição entre os clubes. Mas, caso tenha uma proposta mais viável a todos os clubes, a fase final poderá ocorrer novamente aqui", explica.

Um dos problemas desta primeira edição foi justamente a organização. A Copa Libertadores teve uma tabela confusa na fase de classificação, além de sequer contar com um site para divulgação dos jogos, estatísticas das partidas, resultados, elencos e demais informações. Sobre a questão, o presidente da ACV coloca que ajustes precisarão ser feitos.

"A nossa avaliação será para verificar em que podemos melhorar. Claro, na construção de um meio de comunicação melhor com os torcedores, a imprensa, a estruturação de um site (inclusive, temos o da ACV). Não tivemos o tempo necessário para fazer os devidos acertos. Mas, para a próxima edição, vamos ter para que a gente possa estabelecer o melhor contato com o público, facilitando a divulgação de dados estatísticos sobre as partidas, local dos jogos, ingressos (…)", adianta.

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Em relação ao calendário, motivo de discussão entre jogadores brasileiros, que reclamam do excesso de jogos, competições e das constantes viagens, Andrey Souza sublinha que um esforço deverá ser feito com o objetivo de encontrar um equilíbrio.

"Boa parte dos atletas que estão na competição também joga na seleção brasileira. Então, acaba juntando o calendário do clube com o da seleção, o que realmente fica puxado. Mas nós começamos a Libertadores em setembro, até antes da Superliga. O primeiro jogo, entre Sesc-RJ e Cruzeiro, foi no final de setembro, e estamos finalizando agora em fevereiro. Precisamos de um intervalo maior entre os jogos".

Para ele, a experiência do torneio experimental pode trazer benefícios. "Já temos a experiência da realização, vamos definir essa tabela com antecedência juntamente com o Eduardo [Demaestri] e discutiremos com os clubes. Existe também o desgaste das viagens, então nós vamos trabalhar para melhorar", acrescenta.

Sobre a suposta intenção de que a Copa Libertadores substitua, no futuro, o Campeonato Sul-Americano de Clubes, classificatório para o Mundial, os organizadores respondem com cautela. O presidente da entidade argentina lança luz sobre a necessidade de parceria com os demais países do continente e possível ampliação do torneio.

"A realização de uma competição como essa era um desejo antigo no vôlei sul-americano. Por isso sabemos que tão importante quanto transformar a Copa em realidade é seguir desenvolvendo um trabalho conjunto entre Argentina e Brasil. Além disso, buscar a união com os demais países da América do Sul para que o torneio continue crescendo e seja melhor", reforça Eduardo Demaestri.

Ainda segundo a ACLAV, nesta temporada a entidade sul-americana autorizou a realização do torneio. Agora, no entanto, deverá fazer sua avaliação e decidir se o certame se tornará parte oficial de seu calendário, o que poderia significar a substituição do campeonato. Contudo, se trata de uma decisão interna da Confederação.

Taubaté foi derrotado pelo Sesi na disputa pelo terceiro lugar (Foto: Rafinha Oliveira/EMS Taubaté Funvic)

Andrey de Souza corrobora: "Sobre a substituição, nós desejamos o contrário. Queremos parceria com a CSV, a CBV, a Federação Argentina. (…) Vamos procurar a Confederação para tentar criar um formato para desenvolvê-lo, ampliá-lo, trazendo de repente outras equipes. Mas ainda estamos conversando para buscar uma solução".

O vice-presidente Marco Tulio Teixeira, da CSV, assinalou que o compromisso da entidade é procurar o melhor para o vôlei, respeitando os países filiados e garantindo oportunidades iguais para todos. Para haver uma união entre a Copa Libertadores e o Campeonato Sul-Americano, o dirigente explica que vários fatores deverão ser levados em consideração.

"A gestão e a organização do campeonato seriam da CSV – como todo campeonato que promovemos -, e teria que ser respeitado o direito de participação de todos os países que representamos, o que é um princípio da universalidade preconizado pelo Comitê Olímpico Internacional. O calendário do torneio também precisaria ter a concordância dos países", frisa.

O representante da CSV sustentou que uma reunião será agendada com os organizadores da Libertadores para uma primeira avaliação. É possível que o encontro ocorra nas próximas semanas durante o Campeonato Sul-Americano, em Belo Horizonte.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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