Aliviado, Renan revela dificuldades de Leal e exalta união do grupo
Alívio e dever cumprido. Estes sentimentos, combinados, deram o tom das palavras do treinador Renan Dal Zotto após a conquista, neste domingo (11), da vaga da seleção brasileira masculina de vôlei para a Olimpíada de Tóquio no ano que vem. E não poderia ser diferente. Afinal, o Brasil esteve muito próximo de uma derrota histórica e incontestável por 3 a 0 para a Bulgária dentro da casa do adversário.
Com uma performance desastrosa nas parciais iniciais, tudo indicava que isto aconteceria. No entanto, o time renasceu e, depois uma batalha colossal, construiu a vitória de virada, calando os seis mil torcedores que empurravam o time no Palácio de Esportes e Cultura da cidade de Varna. Renan, contudo, reconheceu os méritos do rival.
"A gente sabia o quanto seria difícil. A torcida joga junto e nós estávamos preocupados porque dentro de casa eles realmente jogam muito bem. Tanto que até o segundo set nós não tínhamos feito nenhum ponto de bloqueio. Nas duas primeiras parciais eles jogaram realmente um voleibol de altíssimo nível, não encararam o bloqueio, sacaram, defenderam, passaram bem, tiveram volume. Estava dando tudo certo, né? E nós tivemos que construir", sublinhou Renan, chamando a atenção para a força psicológica e a capacidade do time brasileiro de se reinventar para mudar o rumo da partida.
Para tanto, a seleção contou com a atuação determinante do ponteiro naturalizado brasileiro Leal, maior destaque do duelo com 22 pontos.
"Ele se encaixou e se entrosou muito bem no momento em que entrou no grupo. É bastante dedicado e o dia a dia com ele é muito agradável. No início ele sofreu um pouco com a adaptação até mesmo em termos de comunicação. Porque por mais que entenda bem o português e fale a língua, ele custou um pouco a se adaptar à linguagem do jogo, ao dia a dia e ao método de treinamento. E hoje está entendendo bem qual é a função dele dentro de quadra e em que momento nós precisamos contar realmente com ele", enalteceu o técnico, que fez questão de destacar ainda a colaboração de todos os demais atletas.
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"O Leal é um cara importante sim como todos que estão aqui. Falamos no vestiário que mais uma vez venceu o grupo. Nós conseguimos ajustar durante o jogo. O Lucão, por exemplo, foi importantíssimo porque se recuperou rapidamente de uma lesão. Ele é uma pessoa importante em quadra, uma referência para o nosso time. Mas foi até o limite e depois tivemos que trocar. Então cada um deu a sua contribuição. No momento em que nós entendermos que a força da equipe pode fazer a diferença eu acho que vamos ganhar muito com isso", ressaltou.
Em relação à possibilidade de Leal atuar como titular ao lado de Lucarelli – algo que não funcionou bem na Liga das Nações em função da queda de rendimento na linha de passe, mas que foi fundamental para a reviravolta diante dos búlgaros –, Renan exaltou a qualidade da dupla na entrada de rede e explicou a mudança de rota no decorrer do confronto.
"A primeira tentativa foi construir um jogo com bastante volume e passe. Mas, mesmo com um especialista [o ponta Maurício Borges], estávamos sofrendo. Então não faria sentido mantê-lo. No segundo set nós trocamos e pontualmente o Borges entrou para resolver algumas situações. (…) À medida que o tempo passa, a gente vai ajustando. Contamos ainda com o Douglas, que não teve a oportunidade de entrar, mas é um jogador fantástico, completo, ótimo no ataque, levinho, que passa bem também. Então a disputa é boa, saudável, sabe?", disse.
"Todos ali são titulares. A exigência do jogo vai mostrar. Hoje optei por começar com o Leal porque ele está se adaptando rapidamente e o Lucarelli pode entrar a qualquer momento. Então foi muito importante tê-lo como um coringa do lado de fora. Os números mostram o rendimento do time, as deficiências e o que a gente precisa realizar no decorrer do jogo para fazer as escolhas certas", acrescentou, deixando claro que ainda não definiu quem serão os titulares na posição.
Com a vaga garantida, Renan já projeta os próximos campeonatos pensando na reta final de preparação deste ciclo olímpico. Segundo ele, não haverá mudanças drásticas na equipe, apenas a inclusão de "dois ou três atletas".
"Já temos em mente algumas coisas para as próximas competições, mas dificilmente o grupo vai mudar muito. Há ainda alguns torneios internacionais importantes a serem disputados, como a Copa do Mundo, o Sul-Americano, alguns amistosos e a Superliga. A próxima Superliga vai ditar muito da convocação. Conseguimos a vaga com sofrimento e o nosso grande objetivo agora é a caminhada visando a Olimpíada", salientou, revelando que alguns jogadores, como o oposto Wallace, que será pai pela segunda vez no final do ano, provavelmente ficarão de fora do torneio intercontinental.
"Apesar de não mais classificar para nenhuma competição, a Copa do Mundo é importante para o ranking assim como o Sul-Americano. Nós temos alguns jogadores que estão realmente cansados, alguns mais veteranos. São atletas fundamentais para a sequência de trabalho, para os Jogos Olímpicos. Claro que tudo vai depender da sequência deles nos clubes, do desempenho no ano que vem, mas a gente não pode nem pensar em abrir mão de um Wallace. Para o Sul-Americano, talvez alguns também tenham folga, mas nosso foco é Tóquio e vamos manter esse grupo fechado o máximo possível até lá", concluiu.
*Entrevista concedida a Euclides Bomfim Neto, em Varna (Bulgária)
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