Líderes, Evandro e Bruno apostam em retomada do Brasil no vôlei de praia
Cinco etapas, todas quatro estrelas do Circuito Mundial, e apenas duas medalhas, sendo uma prata e um bronze. Os poucos pódios obtidos até o momento na corrida olímpica do vôlei de praia masculino brasileira ligaram o alerta: a pouco mais de um ano da Olimpíada de Tóquio, o país não seria mais tão forte na modalidade?
Na opinião de Evandro e Bruno Schmidt, trata-se de uma fase passageira, causada pelas excessivas mudanças nas principais parcerias do país. Melhor dupla na disputa brasileira pelas vagas olímpicas, eles, que se uniram apenas no último mês de fevereiro, somaram nos cinco torneios encerrados até agora 2.240 pontos, contra 1.840 de André Stein e George – como comparação, entre as mulheres, que somam uma etapa a menos, ocupam a ponta Ana Patrícia/Rebecca e Ágatha/Duda, com, respectivamente, 2.560 e 2.240 pontos.
"Não se trata de má fase, mas sim de tempo para o entrosamento com o seu parceiro, algo que as duplas ainda não tiveram no Brasil. A corrida olímpica já estava aí e a gente tinha que ir de qualquer jeito", comenta Evandro, em entrevista ao Saída de Rede. "Não é preocupante: depois da etapa na China (a terceira das quatro já realizadas), as duplas do Brasil já vem tendo resultados melhores do que antes. Como sempre o Brasil vem com duplas fortes e é uma questão de tempo para as equipes se acertarem, terem um padrão de jogo e darem mais trabalho para outras equipes", aposta.
O próprio Evandro foi um dos protagonistas dessa série de trocas: em 2017, por exemplo, ele venceu o Campeonato Mundial ao lado de André e chegou a formar dupla com Vitor Felipe antes de se unir a Bruno. Campeão olímpico na Rio 2016 junto de Alison Cerutti, Bruno jogou com Pedro Solberg antes de fechar a atual parceria. Todas essas mudanças geraram um efeito cascata que, aparentemente, só está sendo apaziguado agora.
"Houve mudanças muito em cima da hora, algumas inesperadas e não foi feito um planejamento de percurso como os que aconteceram em ciclos olímpicos passados", admitiu Bruno. Evandro, porém, garante que a parceria está conseguindo retomar o tempo perdido: "Meu entrosamento com o Bruno está saindo aos poucos, jogando. Não foi como a gente queria, mas vamos evoluindo torneio a torneio, minimizando nossos erros. Estamos nos dando bem e isso está sendo bacana", destacou.
Uma nova oportunidade de se aperfeiçoar "na prática" está acontecendo justamente esta semana: ao lado de Alison/Álvaro Filho, André/George, Pedro Solberg/Vítor Felipe, Evandro e Bruno estão jogando a etapa quatro estrelas de Varsóvia (Polônia) do Circuito Mundial, que também vale pontos na corrida olímpica. No feminino, o Brasil é representado por Ana Patrícia/Rebecca, Ágatha/Duda, Maria Elisa/Carol Solberg e Taiana/Talita – a outra parceria nacional na briga, Bárbara Seixas e Fernanda Berti (campeãs do Circuito Brasileiro) desistiram do torneio porque Barbara está tratando de uma lesão na mão.
NÍVEL MUNDIAL TAMBÉM SUBIU
Problemas internos à parte, Bruno Schmidt também aponta um aumento no nível técnico geral entre os rivais estrangeiros. "As duplas brasileiras estão tendo que acelerar o entrosamento em um Circuito Mundial diferente, onde todas as parcerias tem bloqueadores altos e está muito bem fisicamente. Não tem mais aquela situação de sair na frente com a habilidade característica do Brasil. O físico conta muito", analisa.
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Basta olhar os vencedores das últimas etapas quatro estrelas do Circuito Mundial masculino para constatar isso: enquanto em Doha (Catar), o ouro ficou com uma parceira do Chile, já em Xiamen (China), o título ficou com uma parceria russa, enquanto os campeões em Itapema (SC), Jinjiang (China) e Ostrava (República Tcheca) ficou com os noruegueses Anders Mol e Christian Sorum. Em todos esses torneios, duplas do Catar, Estados Unidos, Espanha, Holanda, Itália, Polônia e República Tcheca estiveram na semifinal.
"Aquele cenário que víamos anos atrás de pódios brasileiros ou disputas só entre Brasil e Estados Unidos vai ser cada vez mais difícil de acontecer", aposta Bruno.
NORUEGUESES, OS NOMES A SEREM BATIDOS
Apesar de tamanha competitividade, dois nomes estão se destacando no cenário internacional: Mol (21 anos) e Sorum (23). Atuais campeões do Circuito Mundial, eles venceram três das cinco etapas de pelo menos quatro estrelas realizadas em 2019, destacando-se pela força física e pela juventude. Para Bruno, ambos já são, antecipadamente, favoritos ao ouro na Olimpíada de Tóquio.
"Eles são os caras a serem batidos, pois possuem maior regularidade e já ganharam de todo mundo. Coloco a responsabilidade na mão deles, sim", afirma o brasileiro, que é só elogios para os rivais. "Eles são muito novos e isso choca muito o mundo todo: uma dupla tão jovem e já conquistando tantos resultados expressivos. Mas, ao analisarmos a qualidade técnica e física de cada um, não é surpresa nenhuma. O bloqueador (Mol) é um fenômeno, é realmente o melhor bloqueador da atualidade. E o defensor (Sorum) é um craque de bola, com 1,95m. É um time com um potencial muito grande. Eles estão mostrando esse ano novamente que estão vindo para chegar e eu acho que todo mundo ganha com isso, pois eleva o padrão do vôlei de praia", comenta.
Depois da etapa de Varsóvia, as principais duplas de vôlei de praia do mundo voltam a se encontrar em Hamburgo (Alemanha) para a disputa do Campeonato Mundial entre os dias 28 de junho e 7 de julho. E mal haverá tempo pra descanso, já que de 9 a 14 de julho será disputada a etapa cinco estrelas de Gstaad (Suíça) do Circuito Mundial. Nas semanas seguintes estão previstos torneios importantes em Espinho (Portugal – 17 a 21 de julho), Tóquio (Japão – 24 a 28 de julho), Viena (Áustria – 31 de julho a 4 de agosto) e Moscou (Rússia – 14 a 18 de agosto) antes do encerramento da temporada em Roma (Itália – 4 a 8 de setembro).
Diante de um calendário tão intenso, Evandro pede atenção especial com a prevenção de lesões. "É preciso muito trabalho físico, com fisioterapeuta, pois temos um bloco grande de jogos a partir agora. Prevenir faz muita diferença. Se acontecer de nos machucarmos, perdemos etapas, o que conta bastante pro nosso objetivo final", destaca.
Ouça o Voleicast, o podcast de vôlei do Saída de Rede
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