A coragem de Douglas Souza
Para quem acompanha vôlei, a orientação sexual de Douglas Souza não é nenhuma novidade: como o próprio jogador reconheceu na entrevista publicada neste domingo (4) na Folha de São Paulo, ele nunca escondeu de ninguém que é gay. Volta e meia, em seu Instagram, o ponteiro da seleção e da EMS Taubaté Funvic publica fotos com o namorado para seus quase 200 mil seguidores, que costumam reagir entre o apoio e a naturalidade.
De fato, se não afeta o desempenho em quadra, a vida pessoal de um atleta não deveria ser notícia. Mas, em um país que infelizmente registrou em 2017 seu recorde histórico de mortes registradas por LGBTfobia, é importante um jovem atleta em ascensão falar abertamente sobre sua orientação. Douglas não é o primeiro e não será o último homossexual a atuar em alto nível no voleibol brasileiro, mas os dramas vividos no passado por Michael e Lilico, além da atual rejeição a Tiffany Abreu, mostram que ainda há um longo caminho para a aceitação plena, ainda que a modalidade tenha muitos LGBTQ+ em seu público-base.
"Não tenho certeza se o povo brasileiro está pronto para aceitar, mas até agora, nos lugares onde passei, todo mundo aceitou de boa, até porque não tem nem o que aceitar. Se eu estiver fazendo bem meu trabalho, pronto. Mas saber se já está todo mundo pronto, a gente só vai saber quando aparecer mais um, mais outro. Com certeza está melhor do que naquele período, mas não sei como vai ser no futuro. Enquanto tem só o Douglas se destacando, tudo bem. Mas e quando tiver mais três, quatro? A gente vai descobrir mais para frente. Eu acredito que tenham mais, mas às vezes você se sente reprimido", comentou o jogador, que diz que até gostaria, mas ainda não se vê como uma "voz gigantesca para fazer uma grande diferença".
Eleito um dos dois melhores ponteiros do último Campeonato Mundial (e provável MVP, se o Brasil tivesse vencido a final contra a Polônia), Douglas Souza precisa estar mentalmente preparado para possíveis episódios de homofobia ao qual estará submetido com o aumento da exposição, já que vem se firmando como um dos líderes da nova geração do voleibol brasileiro ao mesmo tempo em que uma parcela relevante da sociedade insiste em discriminar pessoas por conta de orientação sexual. Aos 23 anos, o "magrinho do interior" tem potencial para ser um dos grandes da história do esporte. Que o que ele jogue em quadra siga sendo mais importando do que aquilo que ele faz ou deixa de fazer fora dela.
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