Resultado final na Liga das Nações acende o sinal de alerta para o Mundial
Por Daniel Rodrigues
Uma seleção capaz de fazer jogos taticamente perfeitos, como ocorreu contra Holanda e China, nos primeiros compromissos da fase final da Liga das Nações, mas também protagonista de atuações abaixo da média e sem agressividade, como no voleibol apresentado diante da Turquia e das chinesas (disputa pelo bronze) nos últimos dois compromissos da competição. Este é o retrato inicial que pode ser descrito a respeito do Brasil no campeonato que dá as primeiras impressões sobre as comandadas de José Roberto Guimarães, em um ano importante, onde o principal objetivo é o Campeonato Mundial no Japão, com início no final de setembro.
As lesões e os pedidos de dispensa merecem ser destacados e podem ter atravancado o caminho das brasileiras nestes primeiros meses da temporada de seleções. Com somente três jogadoras que estiveram presentes nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016 (Gabi, Adenizia e Jaqueline), o Brasil demonstra ainda estar em busca de "uma cara", com lideranças definidas, principalmente nos momentos de maior pressão.
O retorno da levantadora Dani Lins, da central Thaísa e da ponteira Natália é animador e deve ajudar muito no sentindo da liderança e experiência do grupo. As três são jogadoras referências em suas posições e com uma bagagem internacional de respeito. Resta saber em quais condições físicas que as atletas voltarão e de que forma conseguirão ajudar o Brasil na competição mais relevante do ano, o Mundial. A comissão técnica terá um trabalho grande nos próximos três meses para que o entrosamento destas peças com o grupo seja o mais afiado possível.
Voltando à Liga das Nações, vale analisar mais a fundo a campanha das brasileiras. Foram 12 vitórias e três derrotas (Alemanha, Estados Unidos e Itália) na fase de classificação. Na etapa decisiva, disputada na China, o início foi enfático, com dois triunfos por 3 sets a 0, porém os reveses posteriores, pelo mesmo placar, voltaram a preocupar. Principalmente se analisarmos o duelo contra a jovem e promissora seleção turca, quando o Brasil não conseguiu desenvolver o seu melhor voleibol e mostrou dificuldade em lidar com o favoritismo, já que as europeias, com média de idade de 22,6 anos, eram francas atiradoras.
Diante deste cenário, destacamos cinco pontos de alerta que o quarto lugar na Liga das Nações deixou para a seleção brasileira:
Altos e Baixos
A instabilidade é natural e aceitável no início de qualquer temporada. E assim aconteceu com o Brasil, quando na primeira semana começou perdendo para uma seleção sem tradição, a Alemanha, e logo em seguida venceu a Sérvia, atual vice-campeã olímpica. No entanto, esse panorama perdurou até o final da competição. A derrota para a renovada seleção italiana, na ocasião já eliminada, na última partida da fase classificatória demonstrou a desconcentração das brasileiras. A fase decisiva marcou outra vez o reflexo desta inconstância que, se repetida no Campeonato Mundial, pode custar caro ou resultar em cruzamentos complicados na etapa eliminatória da competição.
"Tandaradependência"
Após uma Superliga impecável, Tandara mostrou determinação desde os primeiros duelos defendendo a seleção feminina em 2018. Decisiva e chamando a responsabilidade para si, a oposto mostrou amadurecimento e foi referência do time comandado por Zé Roberto durante toda a Liga das Nações. Porém, algumas vezes esse trunfo parece estar sendo usado de maneira inadequada, com a concentração excessiva de bolas para a atleta, prejudicando a distribuição de jogadas do time. Além disso, o Brasil demonstra-se perdido em jogos difíceis nos quais Tandara apresenta um desempenho abaixo do habitual, retratando a dependência exacerbada na jogadora. A chegada de Natália e Thaísa pode ser uma solução para este cenário, abrindo o leque de opções para as levantadoras.
Recepção
A "pedra no sapato" do Brasil na Liga das Nações passa por um fundamento: a recepção. Reflexo do momento emocional das jogadoras durante a partida, o passe brasileiro oscilou durante toda a competição, exemplificando os altos e baixos, além da insegurança em determinados momentos. A semifinal contra as turcas mostrou bem esta situação, quando a seleção verde e amarela levou cinco pontos de saque, além dos inúmeros passes quebrados.
Saque pouco agressivo
A confiança da seleção brasileira também pôde ser medida através do saque. Os confrontos da Liga das Nações foram marcados por um saque brasileiro quase sempre pouco agressivo e sem causar grandes estragos na recepção adversária. Muitas vezes insistindo em sacar nas líberos, o Brasil facilitava a vida de seus rivais, complicando-se mesmo em momentos onde estava bem à frente do placar. Tradicionalmente conhecido por ter jogadoras com o saque agressivo e eficiente taticamente, o time brasileiro precisa resgatar o sentimento nesse fundamento para a disputa do Mundial.
Banco pouco utilizado
O banco brasileiro foi mero coadjuvante na competição encerrada no último domingo. Sem muitas oportunidades, as jogadoras reservas pouco puderam fazer para ajudar a seleção a sair de momentos delicados. Macris entrava majoritariamente nas inversões, Mara e a líbero Gabi pouco foram testadas e Jaque, que poderia ser uma arma na semifinal, somente foi utilizada para sacar. Carol soube aproveitar as oportunidades que teve, diferente de Monique e Rosamaria, que não convenceram em suas atuações. Porém, no contexto geral, a impressão passada foi a resistência de José Roberto Guimarães para utilizar suas suplentes, com exceção da ponteira Drussyla, que antes da contusão em sua mão, era solicitada com frequência, correspondendo satisfatoriamente.
E você, o que achou do desempenho da seleção brasileira na Liga das Nações de 2018? O que podemos esperar para o Mundial do Japão?
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