Por onde anda? Ex-seleção, Bia Chagas usa experiência para orientar novatas
Em um esporte que preza pela estatura, Bia Chagas fez carreira medindo apenas 1,79 m. Não, ela não era levantadora e muito menos líbero, posições que costumam acolher os "baixinhos" que se arriscam no vôlei. Oposta, ou seja, responsável pela bola de segurança, Bia foi uma das principais atacantes do Brasil no começo dos anos 2000. A medalha olímpica em Atenas 2004 escapou por pouco, mas não por "culpa" dela: na disputa do bronze contra Cuba, a atacante foi a maior pontuadora, com 23 pontos, mas o abalo psicológico das colegas por conta do fatídico 24-19 na semifinal contra a Rússia foi fundamental para a derrota por 3 sets a 1.
Aposentada logo após a temporada 2008/2009, Bia agora tenta passar a receita que a fez chegar longe à nova geração. Ao lado dos também ex-jogadores Carlos Alberto Toaldo e Ligia Reis, possui uma agência que administra a carreira de atletas como Rosamaria e Douglas Souza, ambos atualmente na seleção brasileira. Mais do que fechar contratos, a função dela é orientar quem ainda está se habituando ao que é ser um atleta de alto rendimento.
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"A altura quase me barrou, mas sempre digo para os nossos atletas que eu treinava muito, o dobro das minhas rivais, porque tinha que me manter dentro de quadra. Me mantive (entre as melhores) porque saltava bem e tinha velocidade de braço", conta a ex-atleta, que diz que não era craque, apesar de ter ultrapassado a marca dos dois mil pontos na Superliga. "Nunca tive aquela característica de uma Ana Moser ou de uma Fernanda Venturini, eu chegavam e faziam o que queria com a bola. Eu era bem treinada e me cobrava muito pelo meu tamanho. Treinei e me dediquei muito para conseguir ir para uma Olimpíada, passava noites sem dormir. Era treino de tarde, treino de manhã… se tivesse parado sem ir para uma Olimpíada, me sentiria frustrada", admite.
Fazer seus agenciados chegarem à disputa da maior festa do esporte é a grande meta de Bia na nova carreira. "É a melhor coisa que pode acontecer para o jogador, mas tem que se dedicar muito aqui em baixo para conseguir", explica. Ela vê em sua trajetória nos clubes características que usa nos bastidores do vôlei. "Sempre tentei dar suporte, tinha paciência com as novinhas, como a Fabizona, Mari, Dani Lins, Adenízia… Eu já estive no lugar delas e sei como é difícil. Se não tem alguém para te dar a mão, você se perde", comenta.
Observar para orientar tecnicamente e, de vez em quando, até dar broncas por conta de uma eventual desmotivação fazem parte do cotidiano da empresária. Na visão dela, as redes sociais e os aplicativos de mensagens são um dos vilões da nova geração. "Acaba o treino e, no lugar de tentar um acerto de bola, muita gente vai correndo para o celular. Na minha época, era mais disciplinado, tinha mais aquela coisa de tentar dar uma força para tua amiga. Hoje você não vê muito isso", opina.
O atual trabalho não deixa também de ser uma maneira de enterrar de vez um fantasma do passado: "O que 24 a 19 já passou, não dá mais para voltar. Então, hoje se uma das minhas atletas ganhar uma medalha e eu souber que ajudei, vou ficar bem feliz. Sentirei o gosto da medalha por ele. Trabalho com várias jogadoras com potencial e falo para elas: 'Calma que o caminho é por aqui'".
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